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Bala na Cesta

Ricardo Fischer comanda Bauru no NBB e sonha com seleção brasileira

Fábio Balassiano

08/05/2015 01h11

fischer1Prestes a completar 24 anos (16 de maio), Ricardo Fischer é uma das principais peças do timaço de Bauru. Titular mais novo do quinteto de Guerrinha, é ele o responsável por chamar e armar as jogadas para Alex, Larry Taylor, Murilo, Robert Day, Rafael Hettsheimeir e Gui Deodato. Cada vez mais preparado, o armador não se intimida com a importante função e tem jogado cada vez melhor a favor dos bauruenses.

Conversei com o jovem, que ontem esteve no Rio de Janeiro para participar do programa "Encontros", da TV Globo ("Foi muito bacana participar do programa, ainda mais por ser um tema muito legal, que tenho orgulho de falar, o de casais com diferença de idade. A Lívia me ajuda muito, e é interessante mostrar esse lado que os fãs não conhecem do atleta"), sobre a duríssima série contra Franca, projeta a semifinal contra Mogi, sonha com seleção e analisa, também, a fase final da NBA.

fischer1BALA NA CESTA: A série contra Franca foi mais difícil do que vocês esperavam?
RICARDO FISCHER: O NBB vem mostrando muito equilíbrio nesta edição. Na primeira rodada do playoff quem se classificou em pior posição avançou às quartas-de-final. Com exceção de Franca, que venceu o Palmeiras em cinco jogos. Você mesmo notou isso, nas 4as de final três dos quatro duelos foram para o jogo 5. Há muito equilíbrio. Sobre nosso duelo, a gente não perdia fazia tempo (25 jogos), então as pessoas esperavam varrida (3-0). Mas a gente não pensava nisso. O tempo parado entre o fim da temporada regular e o começo dos playoffs acabou atrapalhando um pouco. Perdemos o ritmo. Mesmo com treinos é diferente. Sobre a série, nosso forte é correr, transição. E eles conseguiram isso. Mas isso foi obtido porque nossa defesa não estava boas. Nossas rotações estavam sempre um segundo atrasado, essas coisas. Eles estudaram bem nosso time, fazendo um jogo amarrado – e a gente sabia que isso ia acontecer. Trabalhamos mentalmente pra ter paciência no ataque. Caso você tente acelerar, se frustra, faz besteira. Tentamos controlar isso ao máximo. Mas, olhando agora, foi bom perder, sabia? Pra melhorar, evoluir. Franca é um grande time, e o Lula é um grande técnico. Depois do jogo 4, tivemos uma conversa dura entre nós. No intuito de melhorar. Além da tática, técnica, precisávamos melhorar na atitude pra ganhar o jogo 5.

fischer3BNC: E agora contra Mogi, o que esperar do confronto contra um time que vocês se acostumaram a enfrentar nesta temporada (final da Liga Sul-Americana por exemplo)?
FISCHER: Quando você passa em playoff no jogo 5 isso te fortalece muito. Mentalmente sobretudo. Isso aconteceu com eles também. Tenho certeza que os dois ginásios estarão lotados e a gente espera muita dificuldade. Shamell fora e Paulão dentro do garrafão chamam a atenção. Principalmente o Shamell, que puxa os pontos, chama a defesa e cria pros outros. Outro que está indo muito bem é o Tyrone, além do Filipin, que tem sempre procura bons espaços para arremessar. É uma série que tem todos os ingredientes para ser grandiosa. São dois grandes técnicos (Guerrinha e Paco Garcia) também. Temos que focar bastante em execução e atitude.

irmaosBNC: Um fato me chama a atenção nesta sua temporada. Você é o titular mais jovem de uma equipe cheia de craques, jogadores de seleção e arremessadores que devem te pedir a bola o tempo todo. Vendo agora, quão importante foi ter tido um irmão mais velho jogador (Fernando Fischer, que jogou o NBB pelo Basquete Cearense) para que você tivesse esta personalidade forte pra aguentar o tranco?
FISCHER: Eu nasci assistindo meu irmão jogar. Depois ele ia nos meus jogos e ficava atrás da grade me estimulando, passando dicas e dando força. Ele sempre me ajudou muito e até hoje a gente conversa demais. É engraçado porque no meio de algum jogo de NBA, Euroliga a gente conversa, troca mensagem, fala ao telefone sobre uma jogada ou outra. Acho que isso me ajudou a ter essa personalidade e o Fernando certamente tem uma ótima parcela nisso tudo, porque sempre me passou coisas boas. Ele dizia q precisava não me intimidar para nada. Repetia isso direto e acho que isso ficou marcado em minha cabeça. Isso me ajudou muito. Sou jovem, mas sou um dos capitães do time. Isso ajuda demais e atletas experientes como Alex e Hettsheimeir, que chegaram recentemente, me respeitam muito. Isso é fundamental para um armador. Eles precisam confiar em mim quando chamo as jogadas, oriento a equipe. Tenho certeza que isso tudo é reflexo do que meu irmão sempre quis passar pra mim.

selecao1BNC: Seu foco está no NBB, mas é inevitável falar de seleção. A convocação sai logo, logo (final de maio, começo de junho) e acho que dessa vez a expectativa é que você esteja no grupo, né?
FISCHER: Olha, Bala, no Sul-Americano, quando fiquei fora por lesão ano passado, falei que voltaria para a seleção e nunca mais sairia por lesão. Pode ser por tática, técnica, opção, mas nunca mais lesão. O que principalmente faltava evoluir em mim era o físico e trabalhei muito com o Bruno Camargo, preparador físico de Bauru, nessa questão. Fizemos muitos exercícios e foquei em estar bem em termos físicos. Além do físico, nessa temporada é muito nítido que meu estilo de jogo mudou. Ano passado era mais agressivo indo para a cesta. Nesta temporada, com a chegada de muitas estrelas e muitos arremessadores, tive que me adaptar. Mas voltando. Claro que eu penso em seleção. É um sonho, mas agora é esperar e pensar em Bauru.

magnano1BNC: Bacana. Mas fiquei sabendo que o Rubén Magnano foi a Bauru para conversar com os atletas daí. Não viu jogo, não viu treino, mas foi ter um bate-papo com alguns de vocês, certo?
FISCHER: Esteve, o Magnano esteve em Bauru sim e a conversa bem legal com ele. Rubén me disse que estou no caminho certo e disse pra continuar assim que serei lembrado. Foi legal ele ter vindo a Bauru. Passa bastante confiança e mostra que ele está nos acompanhando.

cp3BNC: Tem dado tempo de ver a NBA? O que tem achado dos playoffs?
FISCHER: Tenho visto os jogos, sim. Pra falar a verdade estava torcendo pro Spurs, mas acabou que eles foram eliminados. O bacana dessa temporada é que tem sido muito baseada nos armadores, minha posição. O Chris Paul foi decisivo contra o San Antonio, o Stephen Curry é o MVP, no Leste agora temos Kyrie Irving contra Derrick Rose. Acho que vai dar Clippers contra Warriors na final do Oeste e no Leste está difícil de arriscar. Cleveland x Chicago, então, não consigo arriscar nada. Cleveland tem o LeBron, mas o Tom Thibodeau, técnico do Chicago, é sensacional. Minha torcida agora vai pro Golden State pela forma bonita e alegre que joga. De armadores, o que mais gosto é o Chris Paul.

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