Topo

Bala na Cesta

Após insucesso no playoff, a hora da mudança em Toronto

Fábio Balassiano

27/04/2015 13h06

TorontoSun1O playoff do Leste da NBA começou com uma provocação conhecida para o Toronto Raptors, franquia que tenta chegar longe amparada muito mais no fanatismo de seus torcedores do que na qualidade do elenco. Era de Paul Pierce, do Wizards, que falou que mais uma vez o Toronto sofreria em suas mãos (eliminado pelo Brooklyn Nets, de Pierce, em 2014). O Toronto Sun, jornal local, respondeu (tal qual fez ano passado – mais na foto à direita), Amir Johnson, muito ingênuo, colocou ainda mais lenha na fogueira ao fazer uma comparação pouco feliz envolvendo o veterano do Washington e o Viagra (mais aqui). Isso foi antes de a bola quicar.

pierce1Quando os jogos começaram, parecia que só tinha um time disposto a avançar às semifinais do Leste. E não era a equipe canadense, não. O Washington Wizards passou o carro por cima do Toronto sem a menor cerimônia, fechou a série por inapeláveis e incontestáveis 4-0 com os 125-94 deste domingo na capital dos EUA e colocou uma série de dúvidas na franquia rival após ganhar todas as partidas por 7+ pontos (diferença média de 14). Foi um duelo em que tudo deu errado para os Raptors (da estratégia da comissão técnica, ao desempenho do All-Star Kyle Lowry a intensidade defensiva) e que, no final das contas, terminou com mais uma zoação de Paul Pierce (foto à esquerda), brincando com o fato de ser o Rei do Canadá em sua página no Facebook.

lowry1Dá pra, sim, citar a queda de rendimento de Kyle Lowry (sua performance despencou depois do All-Star e atingiu o fundo do poço no playoff, com as ridículas médias de 9,3 pontos, 23% de aproveitamento nos arremessos e nenhum controle psicológico para administrar as situações complicadas – para o armador e estrela da equipe…), mas colocar tudo na conta do camisa 7 seria reduzir demais a análise de (insisto) de um time que tinha como principal meta chegar na segunda rodada do Leste justamente porque sabia/sabe de suas limitações e cujo elenco está longe de ser excelente. O começo foi realmente animador, mas ninguém da diretoria (e isso incluir o gerente-geral Masai Ujiri) esperava vôos tão altos assim.

masai1Com a eliminação, porém, algumas coisas deverão mudar (e precisam mudar mesmo). Comenta-se que Dwane Casey, o técnico (na foto ao lado, de boné, conversando com Masai), pode ser trocado, mas eu sinceramente não iria nessa direção. Casey pode não ser ótimo, mas não custa lembrar que ele foi o responsável pela montagem da defesa daquele Dallas Mavericks campeão e tem experiência de sobra na liga. Trazer alguém para começar do zero um trabalho não me parece o mais adequado.

O mais importante, mesmo, para o Toronto é rever um elenco que não passa de mediano (e que só tem algum sucesso porque encontra-se no Leste – e na divisão do Atlântico, uma das mais fracas da NBA). Não é reconstruir tudo do zero, mas sim melhorar algo a partir do que já existe (muito menos traumático). A gente sabe da dificuldade que os Raptors têm em trazer reforços no mercado de agentes-livres porque pouca gente quer sair dos Estados Unidos (isso é um fato), mas algo precisa ser feito. A começar pelo próximo Draft, com uma escolha ali pelo meio da primeira rodada que pode render algum bom reforço.

duplaEm segundo lugar (ao menos pra gente aqui), é preciso saber o que fazer com Bruno Caboclo e Lucas Bebê. Eles eram apostas para o futuro quando chegaram lá em 2014, a gente sabe disso, mas ficaram no banco esta temporada inteira e, espera-se, que tenham um mínimo de tempo de quadra em 2015/2016. A dúvida, principalmente pra Caboclo, é: Terrence Ross e James Johnson, que tiveram finais de campeonato terríveis, perderão espaço para a entrada do ala brasileiro logo de cara? Os resultados, no curto prazo, talvez não sejam os melhores devido a falta de experiência de Bruno, mas se a franquia o escolheu no Draft é por acreditar no seu potencial no futuro.

rozan1Depois, é preciso encontrar alguma fórmula de ir ao mercado e rechear o elenco com bons jogadores de composição de elenco (úteis). Não será fácil, mas é fundamental que isso aconteça para que o objetivo de avançar no playoff seja possível (algo que não acontece há 15 anos). Lowry e DeMar DeRozan (foto à esquerda) são muito bons (podem não ser estrelas de primeira grandeza, mas são bons, sim!). Ladry Fields (decepção absoluta), Amir Johnson e Chuck Hayes finalizam seus acordos agora, e o Toronto tem muita grana para investir no mercado. São apenas nove jogadores sob contrato, com um total de baixos US$ 49 milhões (bem abaixo dos US$ 67 milhões projetados para o próximo campeonato). Renovar com Louis Williams, eleito o melhor sexto homem da temporada, também precisa ser pensado. Grana e espaço na folha há bons investimentos, portanto.

milos1Por fim, uma solução à moda San Antonio Spurs pode ser extremamente proveitosa. Ir à Europa e pescar duas ou três boas peças de composição de elenco no velho mundo pode ser muito vantajoso – e já deu muito certo inclusive no Toronto quando houve a contratação de Jorge Garbajosa e José Calderón.

Quem está acompanhando as fases finais da Euroliga nota que valores jovens, com potencial atlético, ótima técnica e visão de jogo diferenciada há aos montes por lá. Milos Teodosic, armador sérvio na foto à direita, é doido para jogar na NBA, por exemplo.

masaiSão muitos os deveres de casa que Masai Ujiri terá a partir de hoje. Serão dias intensos, com alguma pressão devido aos dois insucessos em pós-temporadas, mas é importante notar que há uma base formada com bons jogadores (Lowry e DeRozan principalmente). É preciso melhorar, dar o próximo passo, mas não é um cenário de terra arrasada, não. Achar que está "tudo um lixo", como andei lendo nos fóruns do Canadá, é um erro que decididamente não pode ser cometido para quem vem fazendo um trabalho tão bonito com a franquia que conta com uma das mais apaixonadas torcidas da NBA.

Concorda comigo? O que você faria no Toronto para a próxima temporada? Manteria o técnico? Comente aí!

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.