Após 5º título de Duke na NCAA, toda reverência a Coach K

O jogo estava exatamente da maneira que Wisconsin queria. Com o pivô Jahlil Okafor e Justise Winslow carregados em faltas do lado adversário, o time de Bo Ryan tinha espaço para infiltrações e pouca combatividade a suas estrelas (o excepcional Frank Kaminsky, de 21 pontos, e o ótimo Sam Dekker).

Faltando cerca de dez minutos a vantagem estava ali nos sete, nove pontos a favor dos vermelhos no Lucas Oil Stadium, em Indianápolis. Tendo batido a até então invicta Kentucky, jogando bem, com a confiança lá em cima e com suas duas melhores peças dominando o jogo era de se imaginar que Duke estava pronta para ser abatida por Wisconsin. Mas aí Mike Krzyzewski, o Coach K, pediu um tempo.

 Colocou o calouro Grayson Allen em quadra e, sabe-se lá com que coragem, o baixinho (foto ao lado) de média de 4 pontos por jogo na temporada, pegou a bola e decidiu a favor de Duke com 16 pontos em 21 minutos ("Grayson nos tirou do fundo do mar", afirmou o técnico). O ala de 19 anos recolocou a sua equipe no jogo, incendiou a partida, deu um banho de água fria em um rival que, àquela altura, achava-se dono da situação e mudou o lado psicológico, tático e técnico da decisão do basquete universitário norte-americano.

A partir dali o domínio de Duke foi intenso (29-14 nos dez minutos finais), imenso e ratificado pelos 23 pontos do promissor Tuys Jones na vitória final de 68-63 contra uma fortíssima equipe de Wisconsin em uma partida que se não foi bem jogada ao menos foi emocionante até o minuto final – algo que levou ao delírio os 72 mil torcedores que foram ao ginásio e quem esteve em casa assistindo.

Foi o quinto título da faculdade (1991, 1992, 2001, 2010 e 2015), todos sob o comando deste gênio chamado Coach K (o segundo com mais títulos da NCAA, atrás apenas dos 10 de John Wooden por UCLA). Não custa lembrar que, além das conquistas com Duke, o treinador de 68 anos também tem dois títulos Mundiais (2010 e 2014) e dois ouros olímpicos (2008 e 2012) como técnico dos EUA, além da inclusão no Hall da Fama em 2001.

Mais do que o título, a conquista de ontem merece ser exaltada pela forma como Duke obteve o caneco. A faculdade estava longe de ser apontada como uma das favoritas no começo da temporada principalmente porque o elenco estava repleto de calouros (Freshman). Ninguém duvidava da força da camisa azul, muito menos da capacidade de Coach K, mas o elenco de fato era muito novo e Wisconsin e Kentucky (principalmente) pareciam mais prontas.

E aí o que aconteceu na segunda-feira? Na final os veteranos de Wisconsin tiveram 28 pontos. E os calouros de Duke? Fizeram 60 dos 68 pontos da equipe na decisão (inclusive o 37 da segunda etapa), recorde histórico da NCAA. Não é acaso. Não é sorte. Não é simplesmente jogar a bola pra cima que ela vai cair. Certamente é muito treinamento sob a supervisão de Coach K, um cara que tem tudo aquilo que citei acima em seu currículo e que mesmo assim ainda é capaz de vibrar, de se emocionar, de pular intensamente após mais uma conquista.

Os jogadores de Duke são talentosos, alguns certamente terão futuro na NBA (embora grande parte deles ainda esteja ainda longe de estar preparada para a liga profissional cuja paciência das franquias não tem sido das maiores), mas o título de ontem tem nome e sobrenome: Mike Krzyzewski.