A estranha temporada do Spurs - o que acontece com os texanos?

O San Antonio Spurs é o melhor time da NBA deste começo de século. Disso ninguém tem dúvida. São 4 títulos, TODAS as temporadas com 50+ vitórias, a "invenção" de um estilo único de se jogar e milhares de jogadores descobertos no Draft em posições do meio para o final da seleção dos novatos. Quem acompanha a melhor liga de basquete do planeta sabem disso tudo.

Mas na temporada 2014/2015 a maionese deu uma desandada boa no Texas. O atual campeão, que hoje recebe o Sacramento Kings em casa, está apenas em sétimo no Oeste com 36-23, longe de repetir o bom desempenho técnico e tático dos últimos anos e periga ficar pela primeira vez desde 1996-1997 sem as tais 50 vitórias. Para alcançar a marca precisa ganhar 14 dos próximos 23 duelos. Isso não seria difícil para os Spurs – tirando o fato que os Spurs não têm jogado como… Spurs.

Poderia, aqui, citar uma série de números, como o +/- de Tony Parker (um dos 20 piores de toda NBA), mas não creio ser necessário. É só ver um jogo do San Antonio para verificar que há algo errado no reino de Gregg Popovich. Os desfalques pesaram muito (principalmente de Kawhi Leonard, MVP da final passada), mas todo time passa por isso e focar só nisso não creio que seja o mais recomendável.

Vendo as partidas é impossível diagnosticar qual o problema (sinceramente não consigo dizer), mas é muito fácil verificar que o ataque ficou muito mais lento, que a defesa não consegue mais "pegar" como antigamente e que  o jogo de passes tão conhecido não tem fluído. Como as peças são praticamente as mesmas fica difícil saber exatamente o que está havendo. O fato é que contra os grandes o Spurs não está incomodando quase nada (20-18 no Oeste, 4-6 na divisão, 14-17 contra times com mais vitórias que derrotas e 5-6 em jogos decididos por 3 ou menos pontos). E tentativas não faltam de acertar o que vem dando errado.

Pop tem mexido na rotação (no pivô, então, nem se fala com a alternância do brasileiro Tiago Splitter, do francês Boris Diaw e do australiano Aron Baynes entre os titulares), mas não tem funcionado. Nem mesmo Manu Ginóbili, o cara que sempre trouxe uma "pimenta" do banco de reservas, tem conseguido salvar seu time. Aquele basquete de dar gosto hoje parece, com o perdão da expressão, um arroz insosso de hospital. E isso para um time que encanta todo mundo há quase duas décadas é pra lá de preocupante.

Convencionou-se dizer que o San Antonio Spurs usa a temporada regular para se preparar para os playoffs. Que por essa razão Gregg Popovich poupava, sem dó, as suas principais estrelas. De fato isso rolava até o ano passado.

A pós-temporada está logo ali, provavelmente os caras estarão lá de novo, mas o nível apresentado por Popovich e seus comandados está muito abaixo do padrão Spurs de qualidade. Os caras parecem sempre um passo atrasado, fazendo um instante depois o que deveriam ter feito. E para quem pode pegar os ligeirinhos do Warriors na primeira rodada…

Duvidar do San Antonio Spurs é muito pouco recomendável, mas vamos lá: por tudo o que eu disse acima eu não consigo ver os texanos brigando pelo título do Oeste e, consequentemente, da NBA. Ao que parece, a belíssima história do trio Tony Parker, Tim Duncan e Manu Ginóbili terminará mesmo sem um bicampeonato consecutivo no currículo destes três monstros sagrados do basquete.

Concorda comigo? Ou os Spurs vão conseguir brigar pelo caneco da NBA?