Mal humorado e genial, Gregg Popovich chega a 1.000 vitórias no Spurs

A noite de ontem foi especial para Gregg Popovich. Em Indianápolis, o técnico de 66 anos viu o seu San Antonio Spurs vencer o Indiana Pacers por 95-93 com uma jogada bem típica (infiltração de Kawhi Leonard, passe para a lateral e cesta de Marco Belinelli) e se tornou o nono técnico a chegar a marca de mil vitórias na NBA (os outros são Don Nelson, Jerry Sloan, Phil Jackson, Pat Riley, George Karl, Rick Adelman Lenny Wilkens e Larry Brown) e o terceiro a chegar mais rápido. Com 1.462 partidas na liga, apenas Pat Riley (1.434) e Phil Jackson (1.423) conseguiram com menos jogos disputados.

No final da partida (e o vídeo está abaixo do texto), Pop disse em entrevista coletiva que não liga muito para este tipo de recorde, mas a verdade é um feito e tanto. Não pelas vitórias em si, mas pela revolução que ele teve em si mesmo e com o Spurs ao longo do tempo.

Comandando a equipe há quase duas décadas (sua primeira vitória veio em 14 de dezembro de 1996 contra o Dallas), ele passou a ver o jogo de forma diferente, a ver o basquete de forma diferente com o passar dos anos. Para quem acompanha Popovich desde o começo, é só ver como era a liberdade de Tony Parker há dez anos e o que é agora. A metmorfose de um dos times mais chatos de se assistir para um dos mais brilhantes de todos os tempos é mérito dele, é mérito de quem percebeu que para seguir vencendo era necessário mudar, se adaptar, modificar as estruturas de uma equipe que já era campeã da NBA.

Sem ter o mais físico dos elencos, Pop usou um artifício pouco utilizado pelos técnicos para vencer por muito tempo – a leitura de jogo de seus atletas (a maioria deles estrangeiros). E isso também se exercita. Ver o San Antonio de Popovich jogar não é simplesmente assistir a uma partida de basquete. É ver uma aula de basquete, uma aula de execução de todos os fundamentos, de "inteligência do jogo" e uma ode aos princípios básicos do esporte ("dividir" a bola e passá-la com rapidez e constância).

O Spurs que brilha na NBA há quase duas décadas viu ontem seu mestre chegar à marca das mil vitórias (e por isso a festa organizada por seus jogadores, como demonstram as fotos reproduzidas do Facebook de Tony Parker – as duas últimas deste texto).

Com ou sem bom humor (normalmente sem), o óbvio ululante é constatar que o cara é um fenômeno do basquete. Um dos melhores treinadores da história e certamente um dos personagens mais incríveis. O que a gente pode fazer é parabenizá-lo e admirar o basquete do San Antonio.

Abaixo os vídeos do jogo de ontem, da entrevista coletiva e de alguns momentos da carreira de Gregg Popovich na NBA.