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Bala na Cesta

Via defesa, Portland se credencia ao título da NBA

Fábio Balassiano

14/01/2015 11h40

portland1Você olha para a classificação do Oeste, meio que já se acostumou com o Golden State ali na primeira posição (com 29-5) e estica um pouco a visão para ver os demais classificados. Chama um pouco a atenção que o Portland esteja em segundo (30-8) e que quase ninguém esteja falando dos Blazers.

É uma excepcional campanha, com 13 vitórias nos últimos 15 jogos, 18-3 em casa, um dos melhores jogadores da temporada (Damian Lillard é o jogador mais decisivo da NBA nos últimos três anos) e um dos alas-pivôs mais técnicos da atualidade (LaMarcus Aldridge). A dúvida que fica é: a turma de Oregon, que a partir de hoje enfrenta cinco rivais duríssimos (Clippers, Spurs, Grizzlies, Kings e Suns), pode pensar em vôos mais altos ou ainda é cedo?

lillardPelos números e pelo basquete apresentado a resposta é 'sim'. A começar por Damian Lillard (foto à direita). Em seu terceiro ano na liga, o armador de 24 anos tem 22,2 pontos, 6,3 assistências e SURREAIS 7,4 pontos por jogo em quartos períodos (melhor índice da NBA). Se isso não bastasse, o baixinho tem em sua carreira o incrível aproveitamento de 68% nos arremessos em prorrogações. Mais decisivo (clutch), impossível! O Portland, porém, não é só ele.

Em que pese a má fase de Nicolas Batum (o francês registra 9,4 pontos/jogo, sua pior média desde o ano de calouro e parece ainda cansado da Copa do Mundo da Espanha) o arsenal ofensivo segue indo bem. São 103,8 pontos por noite, 23 assistências/jogo (0,58 por arremesso convertido, bom índice), seis caras com 9+ pontos por noite e a manutenção da excelente fase de Wesley Matthews (16,6 pontos e 38% nas bolas de fora).

coach1Só que o que qualifica os Blazers a serem candidatos ao título da temporada não é seu fabuloso ataque. É a defesa que se transformou na mais forte da NBA nesta temporada. Os números estão lá, mas não explicam tudo. Terry Stotts, o técnico que teve seu contrato renovado até 2017, sempre foi adepto do estilo livre (fluído) no lado ofensivo, mas isso por vezes lhe causava problemas. Sem conseguir atacar, seu time foi presa fácil contra o Spurs nos playoffs da temporada passada (4-1 sem muita resistência) justamente porque não conseguia igualar a intensidade na marcação. Para este campeonato muita coisa mudou – e para melhor.

portland3Chegaram Steve Blake e Chris Kaman, o elenco ficou mais numeroso e os números da defesa são impressionantes. Os 102,8 pontos sofridos por noite se transformaram em 96,4 (redução de mais de 6 por noite). Os arremessos "não contestados" dos rivais quase não existem mais e os percentuais de conversão nos chutes são os melhores para uma defesa em toda NBA (45,8% nos arremessos gerais e 28,7% nas bolas de fora). Os rebotes defensivos, mal protegidos e que geravam cestas fáceis dos rivais, são mais bem vigiados (35,4/jogo, melhor número da temporada) e geram menos chances para os rivais converterem em segundas oportunidades.

USP NBA: PORTLAND TRAIL BLAZERS AT LOS ANGELES LAK S BKN USA CAAinda não é uma defesa como é a do Detroit de 2004, aquele timaço do Larry Brown, mas quando você cruza os números de Damian Lillard (o mais decisivo da NBA em últimos períodos) com os pontos sofridos pela equipe nos 12 minutos finais de cada partida (22,8, menor marca da NBA) você entende bem o estrago que a turma de Oregon tem causado na temporada.

Talvez falte um pouco mais de opção de pontuação dentro do garrafão aos Blazers (com 37,4, a equipe é a quinta pior neste quesito), talvez falte atacar um pouco mais a cesta para gerar lances-livres (com 19,4, os comandados de Stotts são os antepenúltimos nisso), mas o fato é que o Portland tornou-se um dos principais times da temporada 2014/2015 não pelo ataque.

dupla1Seu percentual de conversão nos arremessos de dois pontos (48,5%), aliás, nem é tão alto assim (embora compensado pelo excelente número de 38% nos tiros de fora) e sua pontuação em contra-ataques é irrisória (10,5 por jogo), por exemplo. O segredo de Lillard e companhia está justamente na defesa – e no que ela tem dificultado as ações dos rivais no setor ofensivo.

E isso credencia qualquer time bem armado a ir longe na NBA. Como é o Portland nesta temporada.

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