Em jogo médio, Alex e Fischer desequilibram e Bauru passa pelo Flamengo
Acabo de voltar da HSBC Arena, onde o Bauru fez 84-77, venceu o Flamengo com autoridade em partida não muito boa em termos técnicos (embora muito emocionante), chegou a nona vitória seguida e se manteve na segunda posição do NBB (Limeira, líder isolada, suou, mas bateu o Paulistano por 89-80 na prorrogação com direito a 35 pontos do ótimo David Jackson). Vamos a alguns pontos interessantes da partida:
1) Aqui no Brasil é impossível falar apenas do lado esportivo da coisa, né? Já estou acostumado. Então foi o seguinte: no verão mais quente de todos os tempos no Rio de Janeiro o ar-condicionado da HSBC Arena não funcionou. Disseram que estava desligado, que depois ligaram, mas o fato é que não adiantou nada. Calor infernal é pouco. E isso prejudicou as duas equipes. O rendimento certamente foi afetado.
2) Sobre a presença de público abordarei o tema com força na sexta-feira, quando o Flamengo terá feito a segunda partida da semana na HSBC Arena (contra o Paulistano). Mas por enquanto eu antecipo: é INADMISSÍVEL que em uma partida de campeão mundial o público seja inferior a mil pessoas. Em um duelo contra um dos melhores elencos do país (e atual detentor do título sul-americano), menos ainda. Foi o que aconteceu. Ao todo 966 torcedores rubro-negros estiveram no ginásio. Repito o termo para ficar bem claro – INADMISSÍVEL.
3) Antes de entrar no jogo, uma nota triste: a arbitragem mais uma vez foi o ponto mais fraco. Infelizmente este é um ponto que a gente sempre bate, volta e não tem melhora, mas é a pura verdade. O trio inverteu faltas, teve marcações absurdamente polêmicas (como no lance de Rafael Hettsheimeir que gerou uma justa reclamação do técnico Guerrinha – punido por reclamar com razão de não validarem uma cesta de seu atleta) e deixou todos nervosos. Eles não erram porque querem e nem por má intenção. Disso estou certo. Mas algo precisa ser feito para que o comentário sobre espetáculo não fique quase sempre focado em arbitragem. Um ponto importante: atletas e técnicos poderiam colaborar mais não reclamando, não simulando faltas e deixando os juízes apitarem com calma. Já seria um bom primeiro passo.
4) Dentro de quadra não deixo de me impressionar com Alex Garcia (na foto à direita) e Ricardo Fischer (na primeira foto do texto). O primeiro, a quem chamei de veterano depois da partida (ele ficou bravo e obviamente isso não é algo muito recomendável…), mostrou uma disposição invejável, fez 19 pontos e matou a partida com uma bola de três no final. Alex é sensacional, raçudo toda vida, joga muita bola e qualquer técnico gostaria de tê-lo no elenco. Ricardo Fischer é, hoje, o melhor armador do país, dominou Laprovittola (6 pontos e 3 erros), fez 14 pontos e apesar dos 6 desperdícios de bola comandou a sua equipe com maestria. Ele está pronto e merece vaga na seleção brasileira de Rubén Magnano (para mim isso é ponto pacífico).
4.1) Bauru é um timaço de bola e destaco a rotação feita pelo técnico Guerrinha. Não há vaidade no time, todos entendem suas funções e é impressionante a entrega de todos. Eles estão buscando títulos (Liga das Américas e NBB), e o elenco ali sabe que o menos importante são os pontos, os méritos individuais. Um bom exemplo disso foi quando Gui Deodato saiu do banco, anotou 10 pontos rapidamente e impediu a reação rubro-negra. Depois voltou ao banco e não fez bico. Mérito do treinador, que conseguiu colocar isso na cabeça de todos. Os bauruenses, com este espírito, são candidatos a ganhar tudo nesta temporada – e não será surpresa se o fizerem.
5) Sobre o Flamengo está claro que a fase não é boa. São três derrotas nos últimos quatro jogos, dois jogos seguidos sem marcar 80 pontos (algo preocupante para um time deste nível) e um começo hesitante nesta terça-feira. Neto falou sobre isso e voltarei ao tema com calma na quinta-feira, mas o sinal de alerta está ligado no clube e para ficar entre os quatro é importante não patinar mais – principalmente nas partidas em casa. O argentino Nicolas Laprovittola ainda não voltou a apresentar o seu melhor basquete (desde o começo do NBB que ele não está bem, essa é a verdade).
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