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Bala na Cesta

O ótimo começo de Tássia, armadora de Santo André, na LBF

Fábio Balassiano

10/01/2015 10h18

TassiaQuem acompanha o basquete feminino há algum tempo conhece a trajetória de Tássia Carcavalli. Liderando todas as seleções de base da seleção, ela foi colocada como uma das esperanças da modalidade no final da primeira década deste século.

Nas seleções Sub-15, Sub-17 e Sub-19 ela era a estrela (mais aqui), disparadamente a menina que mais chamava a atenção. Seu talento era descomunal. Sua facilidade para pontuar, também. Sua velocidade de raciocínio na quadra espantava.

Tássia era, portanto, vista como a esperança de guiar a seleção brasileira adulta a dias de glória, mas depois que formou com Damiris a dupla que deu a medalha de bronze no Mundial Sub-19 do Chile em 2011 sua carreira não decolou. Lá ela teve as médias de 11,3 pontos, foi fundamental como o esteio da ala-pivô no perímetro, mas uma série de acontecimentos fizeram com que seu crescimento fosse interrompido (mesmo assim ela esteve no elenco das Olimpíadas de 2012). Havia pedras no caminho dela.

Tassia_01Uma séria lesão no joelho, depois outra, inexplicavelmente pouco espaço na equipe que a formou desde o começo de sua vida (Americana) e eu devo imaginar com o sua (dela) cabeça deve ter entrado em parafuso. Isso tudo com pouco mais de 20 anos.

O tempo passou, eu sinceramente não imaginei que fosse vê-la em quadra tendo bom rendimento mas aí a temporada 2014/2015 da LBF veio e ela se transferiu para Santo André, onde seria a titular da armação e comandada pela experiente Laís Elena. Provavelmente em sua última chance de ter tempo de quadra em um time razoavelmente estruturado, ela tratou de se preparar para não decepcionar. E tem dado certo.

Tassia_02Na noite de ontem mais um revés veio (a terceira em quatro jogos), mas Tássia despejou 19 pontos e deu 8 assistências na derrota de seu time para o Sport-PE por 83-75 no interior de São Paulo. Ao todo ela tem 18,7 pontos por jogo (quarta melhor média da temporada), ótimos 42,1% de aproveitamento nas bolas de fora, excelentes 61,1% nas bolas de dois, 4,5 assistências e 20 de eficiência (a terceira no quesito). Desempenho e números certamente animadores.

Cheguei a entrevistá-la em 2008 (aqui), vejo que já faz quase sete anos (o MSN ainda existia…), pensei que sua caminhada infelizmente não daria grandes frutos e hoje é possível enxergar que há, sim, luz para que o percurso dela, tão lindo no começo de sua carreira, seja bem bacana em um futuro próximo.

tassTássia já passou por muita coisa, mas tem apenas 22 anos (faz 23 em março) e ninguém nunca duvidou de seu talento. Talvez lhe faltasse um pouco mais de sangue, um pouco mais de vontade de mostrar que poderia, sim, ser a estrela que todos imaginavam que ela seria.

O mérito dela foi não ter desistido mesmo depois de tantos problemas. Em Santo André ela tem tempo de quadra, confiança e espaço para mostrar seu jogo. São apenas quatro jogos, eu sei disso, mas a jovem de 1,80m escreve sozinha a melhor história da LBF até o momento.

Que assim continue.

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