Com Jason Kidd, a transformação do jovem Bucks

Logo que começou a temporada mandei um SMS ao Denis, do BolaPresa: "Quando puder dá uma olhada no Milwaukee. Está divertido de ver. Só moleque. Vão perder muito, mas está bem legal". Vi alguns jogos, os últimos dois foram vitórias bastante convincentes (Grizzlies no sábado e Thunder ontem), a campanha é de bem razoáveis 4-4 e agora vale a pena escrever do Bucks.

Em primeiro lugar porque de fato o elenco é muito jovem e o potencial físico é absurdo. A média de idade é de 23,7 anos, uma das mais baixas da NBA (Zaza Pachulia tem 30 e é o mais velho). Os alas Jabari Parker (calouro – camisa 12) e o grego Giannis Antetokounmpo (camisa 34) têm 19 e podem se tornar estrelas da liga em breve. Brandon Knight, armador trocado por Brandon Jennings, se firma a cada dia como uma realidade e tem apenas 22 anos. Larry Sanders, o pivô, tem 25. OJ Mayo e Ersan Ilyasova, dois dos mais experientes, não passam de 27 anos. Em quadra essa pequena média de idade cobra seu preço, obviamente. São 17,3 erros por jogo, sexto maior índice da temporada 2014/2015 da NBA, 92,8 pontos por jogo e 20,8 pontos nos últimos períodos dos jogos (quarta pior marca nestes dois quesitos).

Mas isso faz parte do aprendizado, e tem sido bonito demais ver os Bucks jogar pela fluidez e até certo ponto pela "pureza" do elenco. Knight (foto à esquerda) tem 17,4 pontos, 6,9 assistências e 6,1 rebotes por jogo. Jabari Parker, 10,9 pontos e 5,9 rebotes. Giannis Antetokounmpo, 10,9 pontos, 5,1 rebotes e duas partidas seguidas pontuando em dígitos-duplos (duas vitórias). Chutando pouco, OJ Mayo tem 12,9 pontos. Khris Middleton tem 9,7 pontos. Jerryd Bayless, vindo do banco, 8,1 pontos.

Mais do que os elementos a beleza está na forma como Jason Kidd (foto à direita) conduz o seu time. O técnico, que ano passado não foi muito bem com o Brooklyn Nets (seu ano de estreia), parece mais maduro e como sabe que não tem craques coloca todo mundo pra jogar (literalmente). Usa e abusa da juventude de seu time, e cobra intensidade máxima nos minutos em que os jogadores estão em quadra. Ao todo são 11 jogadores atuando por 12 ou mais minutos. O que por mais tempo joga é Brandon Knight, com módicos 32 por partida. Com isso a defesa é uma das melhores da liga (92,3 pontos sofridos por jogo, 9,4 roubos, 45% dos arremessos rivais convertidos e 16,6 desperdícios forçados aos adversários).

Com a bola, a mecânica é a mesma de quando Kidd jogava – dividir a bola, passá-la ao máximo e encontrar o companheiro mais livre. Os Bucks têm 60% de seus arremessos convertidos vindo de assistência, ao todo são 21,9 passes decisivos por jogo e 0,22 assistência por chute certo (ótimos índices). Por ser jovem e louco para correr, o time arremessa 93 vezes por partida (décima maior marca da NBA), mas apenas 46% de conversão nos chutes (muito ruim o aproveitamento ainda).

Ainda é cedo para prever o que acontecerá com os Bucks nesta e nas próximas temporadas, mas vale a pena ficar de olho no Milwaukee. O elenco é jovem e tem ótimos valores, Jason Kidd faz um trabalho (ao menos neste começo) sem sobressaltos e muito consistente e a franquia, recentemente comprada por um grupo de investidores, parece sair da anestesia em que se encontrava nos últimos anos.

Pode ser que não dê em lugar algum, mas enquanto isso a gente se aproveita vendo os moleques jogando um basquete fluído e muito rápido.