Brasil dá vexame e perde de 42 do Canadá na abertura da Copa América Sub18
Tem que ser meio maluco para trocar um jogo de Copa do Mundo de futebol por uma partida de Copa América Masculina Sub-18, né. Pois foi o que fiz. No mesmo momento em que a França alucinava a Suíça em Salvador a equipe brasileira dirigida por Pablo Costa (foto à direita) sofria um verdadeiro atropelo do Canadá na estreia da competição em Colorado Springs (EUA). O placar de 101-59 a favor dos canadenses (42 pontos de vantagem) fala por si só, não?
O site da FIBA Américas exibiu a partida ao vivo e fiquei bastante assustado com o que foi apresentado. O Brasil foi dominado tecnicamente, taticamente, estrategicamente e psicologicamente por um bom time (bom, nada mais que isso). Bom time mas cuja capacidade física é 200 vezes menor que a do Brasil. A diferença é que os canadenses tinham fundamentos, sabiam o que fazer com a bola, tinham uma mínima noção defensiva, uma mínima noção de espaço e coordenação ofensiva no ataque. Foi um show de horrores o que o time de Pablo Costa apresentou nesta sexta-feira, sinceramente. Pode parecer pesado demais falar isso de um time de base, mas são meninos de 18 anos e que já deveriam estar, no mínimo, mais avançados em termos de fundamentos.
O Brasil levou, dentro do garrafão, quase tantos pontos (52) quanto o total que conseguiu fazer no ataque (59), teve (atenção) mais erros (20) do que arremessos de quadra convertidos (18), um bizarro aproveitamento de três pontos (8/27) e viu os rivais canadenses anotarem 23 pontos através dos desperdícios de bola brasileiros. Quem teve a oportunidade de ver a partida ficou, tal qual eu fiquei, chocado.
Na verdade, é importante lembrar algumas coisas. A primeira é que os quatro primeiros colocados da Copa América garantem vaga no Mundial Sub-19 de 2015. Para chegar lá, o Brasil, que enfrenta Porto Rico amanhã e República Dominicana no domingo, precisa bater os dois próximos rivais para não depender de qualquer resultado.
Em segundo lugar. Quem acompanha este espaço com atenção sabe que o resultado de hoje não surpreende muito – embora choque da mesma maneira. Este time Sub-18 (relembre aqui) foi o que NÃO treinou antes de viajar para disputar a Euroliga Junior. Em Milão, três jogos, três derrotas, diferença média de quase 21 pontos nas três partidas perdidas (aqui mais detalhes). Este time voltou, e ao invés de ficar fechado dentro de um ginásio treinando 36 horas por dia só voltou a se reunir em 5 junho (mais aqui). Treinar pra quê, não é mesmo?
Se apresentou em 5 de junho, treinou por 12 dias (24 períodos de treino no máximo) e embarcou para a competição mais importante do ano. Primeiro resultado? Sacolada de 42 pontos contra o Canadá, que teve ao todo mais de 60 dias de treinamento para esta seleção desde 2013. Está explicada a diferença no placar, apesar de atleticamente o Brasil ser MUITO superior aos rivais desta tarde?
Chega a ser chato, repetitivo ficar dizendo isso aqui o tempo todo quando as seleções de base pagam mico atrás de mico em competições internacionais. Mas é a verdade. Nua e crua. Os meninos e as meninas do Brasil pagam pela incompetência de seus dirigentes, que literalmente abandonam a molecada sem a preparação adequada para torneios tão importantes. Quer outro exemplo? O time Sub-17 Feminino de Julio Patricio terá apenas 14 dias (sim, 14) de treino antes do Mundial da categoria (veja mais aqui).
O Brasil pode vencer Porto Rico, Dominicana e se classificar para o Mundial? Pode. Acho até que tem chance. Mas enquanto a categoria de base no Brasil continuar sendo sucateada pela Confederação Brasileira, que, entre outras coisas graves, não dá tempo decente para os times se prepararem para competições internacionais, a situação falimentar que a modalidade se encontra há 20 anos não irá mudar, não (o mais grave é o arcaico sistema de treinamento aplicado com a molecada na maioria dos clubes). É meio apocalíptico, mas é a mais pura e dolorosa verdade…
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