Os próximos passos do Miami Heat
É óbvio que, em um primeiro olhar, o Miami Heat sai da final da NBA com um gosto amargo. Ser vice-campeão é doloroso pacas. Ser vice-campeão levando 18 pontos de média nas quatro derrotas (três seguidas), ainda mais. Tirando os dois primeiros jogos, o time foi completamente dominado (tecnicamente, taticamente, psicologicamente e qualquer outro "mente" que você queira usar) pelo San Antonio Spurs, que mereceu o título e os louros da vitória. A dúvida que fica agora para a turma da Flórida é: o que será do futuro da franquia?
Em primeiro lugar, é importante colocar a situação em uma perspectiva maior. O Miami Heat conseguiu um feito raro, raríssimo na história da NBA. E isso é um mérito. Ninguém chega quatro vezes na final da liga sem ter MUITO mérito (mesmo no fraco Leste o raciocínio é válido). É um domínio absoluto em sua conferência, e isso merece ser levado em conta. São dois títulos contra adversários incrivelmente fortes (Thunder e Spurs) e dois vices contra equipes igualmente poderosas (Mavs e o próprio Spurs). Dizer que esse time não é fantástico não me parece uma boa coisa.
Partir para uma revolução ainda não é o caso (ênfase no 'ainda'), porque tudo vai depender do que acontecerá com o trio formado por LeBron James, Dwyane Wade (teve a pior média da carreira dele em suas cinco finais de NBA) e Chris Bosh. Os três podem optar por rescindir seus contratos e testarem o mercado. São, portanto, duas situações bem distintas.
Se eles não ficarem (o que eu não acredito e nem acho que seja uma decisão boa, embora LBJ tenha sido enigmático ao falar sobre isso em sua coletiva de imprensa após a perda do título), aí não vai ter jeito. Pat Riley vai ter que cortar um dobrado para remontar o elenco. A reconstrução, que ele tão bem fez anos atrás ao trazer LeBron e Bosh para se juntarem a Wade há quatro anos, teria que ser feito de novo ou através de uma bolada de grana no mercado de agentes-livres ou via Draft.
Caso os três craques fiquem, o que eu acho bem provável que aconteça, o Miami sabe que tem algumas lacunas que precisará preencher. Pouquíssimos atletas estariam sob contrato (além deles, Chris Andersen e Norris Cole), outros ninguém sabe se voltarão a jogar (Ray Allen, por exemplo) e outros a gente não sabe se a diretoria quer que permaneçam (caso mais claro é o de Mario Chalmers, que foi muitíssimo mal na decisão contra o Spurs). A dificuldade em se montar um elenco que pode ser praticamente todo novo é, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade para se corrigir imperfeições na montagem deste Miami quatro vezes finalista (por mais contraditório que possa parecer em um time de tanto sucesso).
Ter um armador que defenda melhor e que ao mesmo tempo saiba como atacar a cesta (esta é a primeira coisa que eu buscaria se fosse dirigente do Heat), uma opção de um gigante que pontue perto da cesta, um ala-pivô ou pivô que seja consistente o bastante para fazer com que Chris Bosh tenha, de fato, um companheiro confiável no garrafão e um ala regular para sair do banco ao lado de Ray Allen (se ele voltar, claro) estariam na ordem do dia. As opções de Toney Douglas, Michael Beasley e Greg Oden, portanto, não deram certo (e acho que não precisa ser gênio para ver isso).
Como o Spurs ensinou, a preferência teria que ser por atletas jovens, que fossem cercar o trio de ferro com sangue novo – e nos olhos também. Na primeira fornada do Heat quatro vezes campeão, Riley foi no óbvio (e nem tão errado assim): veteranos com contratos curtos (Ray Allen, Shane Battier, Chris Andersen) para um impacto imediato. Deu certo, mas o time apresentou lacunas e falta de profundidade em alguns momentos. Sem tantos contratos prontos para a próxima temporada dá para inverter um pouco o jogo. Um elenco mais jovem, físico e com atletas que saibam criar seu próprio arremesso, não ficando assim tão dependente de LeBron James, é bem recomendável.
Perder não é agradável, mas tampouco é o fim do mundo. O Miami Heat mostrou quão forte pode ser nos últimos quatro anos e tem tudo para se manter assim caso o trio James, Wade e Bosh continue por lá. É hora de, cada vez mais, cercá-los de jogadores talentosos (e físicos) para que o ótimo Erik Spoelstra tenha opções para fazer as variações táticas e de escalação que ele não pôde contra o Spurs na final. Não é que ele não quis, mas simplesmente o elenco não lhe dava essa opção. Ninguém olha pro banco, vê James Jones e se sente confortável, vamos combinar. Ter estas novas e úteis peças também culmina com o fato de Spo tentar não concentrar demais o jogo em cima de LBJ, o que ficou muito nítido nas finais.
Concorda comigo? O que você acha que irá acontecer com o Miami Heat? Comente!
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