A força do Oklahoma e o fantasma que amedronta o Spurs
O jogo de ontem pela final da conferência Oeste foi estranho. O San Antonio Spurs, sabia-se, faria algum ajuste para conter a sanha do polvo Serge Ibaka – aquele cujas mãos estão em todos os ataques contestando os arremessos. E assim foi feito. Ajuste 1: Tony Parker partia para a infiltração, mas antes de chegar ao congolês (ou este no francês) quicava a bola para as extremidades (foi assim que Kawhi Leonard marcou duas bolas seguidas); Ajuste 2: Parker não chamava sempre o bloqueio de Tiago Splitter (marcado por Ibaka) na cabeça do garrafão, mas também de Tim Duncan (defendido por Kendrick Perkins), uma maneira de evitar o camisa 9 e ter espaço para as investidas em direção a cesta.
Estava dando certo até que Scott Brooks (foi bem nessa) lançou Steven Adams (26 minutos, quatro a mais que o pivô titular – na foto à direita), que é mais rápido que Kendrick Perkins para rodar pós-bloqueio. Aí o samba do San Antonio Spurs desandou, o Oklahoma passou a defender MUITO bem e a atacar com mais segurança (em que pese a ausência temporária de Reggie Jackson, que saiu lesionado mas logo voltou). Foi um bombardeio em direção a cesta texana, algo bem impressionante para o padrão Gregg Popovich de qualidade. No final, um 105-92 que não destaca a superioridade do Oklahoma (a vantagem chegou a mais de 20 novamente e no meio do terceiro período Popovich já tirou seus titulares de quadra), que agora empata a série em 2-2 e traz de volta um velho fantasma para os Spurs.
Antes de falarmos do fantasma, vale citar algumas coisinhas da peleja desta terça-feira. A primeira, que fala muito sobre a boa marcação do Thunder e também sobre a qualidade (ou falta dela) do ataque e da transição defensiva do Spurs. O OKC teve 21 pontos em contra-ataque. Os texanos, NENHUM. Tony Parker teve 4 assistências nos 6 primeiros minutos de jogo. Depois que Brooks ajustou (com Adams + Ibaka), o francês não deu nenhum passe que gerou cesta (e ainda desperdiçou três bolas nos demais 20 minutos em que esteve em quadra). O duo Russell Westbrook (40) e Kevin Durant (31) teve 71 pontos. Os titulares do Spurs + Ginóbili, 44. Isso tudo, é bom dizer, sem que o fator Ibaka fosse preponderante como no triunfo de domingo (o congolês foi novamente muito bem, mas a defesa TODA do Thunder esteve sublime ontem).
Bem, mas voltemos ao fantasma. Em 2012, na mesma final de conferência Oeste, aconteceu exatamente o que vem ocorrendo agora. O Spurs venceu as 2 no Texas, voou para Oklahoma e perdeu as duas. A confiança mudou de lado, e o Thunder venceu as duas seguidas, fechando o duelo em 4-2 e avançando às finais contra o Miami Heat. Naquela ocasião, ao ser perguntado por que seu time perdera, Manu Ginóbili disse: "Perdemos porque eles são tão talentosos quanto nós somos. Mas eles são muito mais atléticos". Na mosca.
O cenário, obviamente, é parecidíssimo agora. O San Antonio Spurs tinha o domínio mental, físico, técnico e tático até domingo. Vencia por 2-0 e muita gente (justamente devido a tamanha diferença nas duas primeiras pelejas) já projetava até uma varrida. Depois dos dois jogos desta perna em Oklahoma a balança está no mínimo igual – pendendo para o lado do Thunder. A confiança mudou de lado, a pulga atrás de orelha também e a declaração do argentino Manu de 2012 voltou a ser proferida ontem no vestiário: "Eles são muito atléticos. Ainda não sabemos como lidar com isso".
A análise do hermano é perfeita mesmo. O trator que Westbrook (40 pontos, 10 assistências, 5 roubos e 5 rebotes) aplicou no ataque e na defesa (atacando a Tony Parker com ou sem a bola) mostra bem como o Oklahoma consegue ter remédios para bater o jogo fino, de classe, do Spurs. Nem tudo está perdido para o San Antonio, que ainda tem o mando de quadra, um ótimo técnico e um excelente elenco. Mas que a série, que tinha uma cara de surra texana, mudou de figura, isso mudou.
Na quinta-feira, com 2-2 no placar, saberemos se o fantasma de 2012 entrará de vez em quadra ou se o Spurs tem força para espantá-lo para outros lugares.
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