O erro de sempre - a falha na preparação das seleções brasileiras
Você abre o site da Confederação Brasileira (aqui) e está lá a notícia a respeito da seleção brasileira feminina Sub-17 que disputará o Mundial da categoria a partir de 28 de junho (atenção às datas, por favor) na República Tcheca: "O técnico Júlio Cesar Patrício (foto) convocou 16 jogadoras para iniciar os treinos. As jogadoras se apresentam no dia 6 de junho".
Sim, é isso mesmo que você, querido leitor, leu. Uma seleção brasileira Sub-17, que na temporada 2013 jogou apenas a Copa América Sub-16, vai jogar um Mundial da categoria com módicos 22 dias de preparação (isso, claro, que nem estou tirando as viagens e os dias de descanso). Perguntinhas básicas: alguém em sã consciência acredita que isso seja bom? Alguém neste mundo acredita que seja possível fazer um bom campeonato treinando por pouco mais de 20 dias?
Acha que isso é exclusividade do basquete feminino brasileiro? Obviamente que não. Na semana passada, durante a Euroliga Masculina (vencida brilhantemente pelo Maccabi Tel-Aviv), houve o já tradional Euroleague Junior, competição com os melhores times Sub-18 do continente. Como já aconteceu no ano passado, com a seleção da China, houve um convidado. E quem foi o dessa vez? A seleção brasileira (Sub-18, obviamente). E sabem o que aconteceu por lá? Três jogos, três derrotas, diferença média de quase 21 pontos nas três partidas perdidas (aqui mais detalhes).
Vamos à cronologia dos acontecimentos para entendermos melhor o que aconteceu por lá. No dia 25 de abril Pablo Costa esteve reunido com Carlos Nunes e Vanderlei na CBB. O técnico foi falar sobre a "preparação" para o Torneio em Milão (aqui). No dia 30 de abril saiu a convocação (aqui). No dia 13 de maio o grupo viajou pra Itália, onde estreou dois dias depois. Não treinou, não fez nada. Encontrou-se no aeroporto, bateu um papo, fez o check-in, embarcou e foi jogar na Bota. Lá, perdeu do Badalona por 69-43, do Sevilla por 66-54 e do Belgrado por 78-54 em dias seguidos (de 15 a 17 de maio). Não conseguiu fazer mais de 55 pontos em NENHUM jogo, NENHUM.
Perguntinhas básicas: se com preparação já seria difícil, o que a Confederação esperava que fosse acontecer em um torneio contra times (e times treinam todos os dias, não se a entidade máxima se atentou a isso) europeus? Com que objetivo se joga um torneio dessa maneira? Não sei se a CBB sabe, mas o basquete brasileiro ainda tem (ou tinha, sei lá) um nome, uma história. Chegar na Itália, terra que viu Oscar e Marcel brilharem não tem 30 anos, e pagar esse mico não me parece algo inteligente (para dizer o mínimo).
Na tabela abaixo eu coloco os resultados do basquete brasileiro como um todo (em competições classe A) desde 1998 e vocês verão a quantas anda o estado da modalidade por aqui (e escrevi a respeito há um ano aqui…)
Este não é um tema novo. Mas nem por isso menos importante. Ele é justamente importante porque se repete a cada ano sem que nenhuma mudança ocorra. O que é inacreditável, ridículo, feio pacas. Os atletas do país são a parte mais fraca, frágil, desta engrenagem (quebrada) chamada basquete (a parte da Confederação, que fique claro). Principalmente na base, os moleques se matam, abdicam de estudo, mudam de cidade e o que se vê por parte da CBB é somente descaso, nenhum planejamento, absolutamente nada em termos de qualidade de preparação.
Enquanto essa mentalidade não mudar, os resultados internacionais continuarão pífios, tenebrosos, ruins mesmo. Pior que os resultados, só a vergonha de saber que talento não nos falta. Apenas um mínimo de organização para dar um pouco de tempo de treinamento para estes meninos/meninas jogarem competições importantes. É tão difícil assim enxergar isso?
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