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Bala na Cesta

Flamengo responde sobre patrocínio da Sky ao clube

Fábio Balassiano

15/05/2014 13h17

Ontem recebi um e-mail de Alexandre Póvoa, Vice-Presidente de Esportes Olímpicos do Flamengo, a respeito do texto que publiquei aqui. Publicarei o texto NA ÍNTEGRA, sem mexer nem na gramática e nem comentarei alguns pontos que poderiam ser debatidos. Abaixo o texto

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povoa2"Caro Fábio,

Em respeito à enorme contribuição que você presta ao basquete nacional e aos seus leitores amantes do basquete, gostaria de ponderar alguns pontos em relação a sua coluna "Sobre o patrocínio da Sky ao basquete do Flamengo". Agradeço as críticas, sobretudo as construtivas e as de boa fé, estamos sempre analisando e aprendendo com elas. Mas dessa vez, realmente discordamos.

Antes de falar da sua opinião em si, apenas uma correção. Trata-se, nesse momento, de um patrocínio pontual até o final da NBB. Qualquer patrocínio anual, até por envolver valores maiores, têm que passar pela aprovação dos diversos conselhos internos do clube.

Você começa sua coluna apresentando definições de "ÉTICA" e mostra que se trata de um conceito longe de ser absoluto. Enfim, o que é ético para mim, pode não ser ético para você, até porque não há verdades absolutas em um campo que é, por definição, de julgamento pessoal . Um bom começo.

No entanto, gostaria de contribuir com a sua análise, que me parece incompleta por não observar os dois lados da questão. A Sky hoje já patrocina dois clubes na NBB – o Basquete Cearense e o Pinheiros. Acho estranho que essa questão ética só seja levantada agora sob o ponto de vista do Flamengo. Por que, até agora, ninguém nunca levantou o fato de que "é eticamente condenável que uma empresa dirigida pelo vice-presidente de marketing do Flamengo patrocine dois adversários?" Será que, por ser o patrocinador do adversário, não poderia haver um conflito ético, quando esses times jogassem contra o Flamengo? No limite, o patrocinador não poderia exigir que seus patrocinados facilitassem a vida para o Flamengo? Obviamente, isso não existe no esporte, como obviamente o Flamengo, a NBB e todos os clubes negociam de forma extremamente profissional todos os seus contratos e todas as suas relações.

povoa22Portanto, o que fazer? Pedir para a Sky deixar de patrocinar qualquer esporte em que o Flamengo esteja envolvido? Não me parece o caso a ser recomendado. Me parece estranho que a Sky esteja no basquete nesses últimos 17 meses (desde que a nova diretoria do Flamengo assumiu) e só agora, quando um patrocínio pontual chega ao clube, esse assunto seja levantado. Ética, caro Fábio, tem que ser olhada de uma maneira ampla, não só a parte e o momento que interessam ser levantada.

Para encerrar, apenas mais dois comentários:

– Para quem acha que está fácil conseguir patrocínios para o esporte olímpico, basta dar uma olhadinha no que está acontecendo no vôlei (saída da OGX do Rio e da Amil de Campinas, que já tinha perdido a Medley) e no próprio basquete (saída da Vivo de Franca). Mesmo com o Flamengo campeão da LDA, jornais de grande circulação do Rio nem citavam a existência da semifinal da NBB na última segunda-feira. Tudo é conseguido à fórceps para o esporte olímpico, as pessoas não têm ideia do esforço abnegado dos atletas, com o próprio setor privado, com raras exceções, virando as costas para os clubes (nunca para as confederações, que tem as seleções e estão milionárias) a apenas dois anos das Olimpíadas no Rio.

Lembrando que a mesma caneta que denuncia pseudo conflitos éticos, será usada para criticar quando os salários dos atletas atrasarem. Aliás, eram 3 meses quando chegamos e sem nenhum patrocinador e com o basquete 100% sustentado pelo futebol. Hoje, são três patrocinadores (todos com preços de mercado e cláusulas claras de rescisão para ambos os lados), alguns títulos e caminhando para a completa autossustentabilidade (enormes dificuldades ainda, apesar de todos as conquistas, como todos devem passar). Temos orgulho de nossos patrocinadores e agradecemos a parceria.

sky1– Tudo no Flamengo ganha uma repercussão que é proporcional ao tamanho midiático do clube. Vide o barulho completamente insano – sem entrar no mérito – da demissão (que acontece semanalmente no Brasil) de um técnico de futebol ontem. Se formos discutir ética, por que não comentarmos, por exemplo, a ajuda de prefeituras municipais e de órgãos de administração indireta (dinheiro de orçamento público) no basquete e no vôlei? Não estamos falando de patrocínio, mas de injeção direta de dinheiro dos contribuintes. Isso é mais ético do que uma grande empresa privada, que fatura bilhões, patrocinar legitimamente três times de basquete e mais outros esportes olímpicos? Em qualquer lugar do mundo, a Sky seria elogiada. Colocar dinheiro no clube é infinitamente mais elogiável do que desviar dele. No Brasil, infelizmente, onde ser um executivo de sucesso parece virar sempre polêmica, a empresa é ainda criticada. Respeito a crítica, mas não concordo. Quem deveria ser criticado são as empresas que não apóiam o esporte. Aí, acho que nem todos os blogs seriam suficientes para listá-las.

Enfim, ontem, o Flamengo ganhou o prêmio do clube mais transparente do futebol brasileiro em 2013 no III Fórum do Futebol Brasileiro. Nos orgulhamos muito disso, o próprio mercado reconhece que o clube deu uma enorme guinada em relação a esses aspectos, aliás, contrariando interesses de muita gente – inclusive da imprensa – acostumada à métodos antigos (que certamente não é o seu caso). Somos completamente a favor de discussões no plano ético e espero que esse nosso ponto de vista contribua para a continuação mais aberta desse debate. Discordamos do seu artigo de hoje, mas conte sempre com o Flamengo para o fortalecimento do basquete brasileiro em todos os níveis.

Abraços,

Alexandre Póvoa
VP de Esportes Olímpicos do C.R. Flamengo

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