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Bala na Cesta

Análise do Balanço da CBB: ano de 2013 teve aumento de dívida para R$ 9,5mi

Fábio Balassiano

06/05/2014 00h37

Você viu aqui ontem um breve histórico das contas da CBB, né. Então estão preparados para acompanhar como fechou o ano de 2013? Quem quiser fazer sua própria análise é possível através do link que coloco aqui. O ano passado terminou assim:

tabela12013

edio1Assustado? Sim, é isso mesmo, hein. Vamos a alguns dados interessantes:

1) Durante 2013 o presidente Carlos Nunes chorou as pitangas dizendo que não tinha dinheiro, que estava sem grana e tudo mais. Os números do Balanço mostram o contrário. A CBB nunca arrecadou tanto (mais de R$ 27 milhões), dinheiro que poderia/deveria ter sido investido na modalidade em algo relevante. Em relação a 2012, o crescimento foi de R$ 1,7 milhão.

2) Chamou-me a atenção a declaração do dirigente Édio (foto à direita) ao site Ahe! na semana passada: "A receita da CBB não aumentou, muito pelo contrário. Ela foi muito reduzida em relação ao ano anterior. Há uma confusão muito grande quando colocamos na linha de receita o dinheiro que vem do governo. A receita caiu de 75% de recursos próprios em 2012 para 25%". Acho bom avisar isso ao Ministério do Esporte, que despejou 15 dos R$ 27,8 milhões do orçamento, sobre o tipo de filosofia financeira que está permeando a Confederação. Perguntinha básica: quer dizer que dinheiro do governo não vale nada? Achei que eram para os campeonatos de base, preparação das seleções, desenvolvimento dos atletas. Mas devo estar enganado…

3) Mesmo com uma linha de receita MUITO boa (são quase 30 milhões/ano, algo bem considerável para uma entidade que só precisa administrar suas seleções e campeonatos de base), a CBB conseguiu fechar pelo quinto ano consecutivo no vermelho (déficit de quase 900 mil em 2013 – mais precisamente de R$ 892.319). Chega a ser engraçado, para não dizer trágico, que a entidade consiga aumentar, ano após ano, as suas receitas mas não consiga estancar o sangue nas contas. Será que não valeria a pena segurar um pouco a onda nos custos? Isso a turma da Avenida Rio Branco não consegue fazer. Em 2012 foram gastos, com pessoal, R$ 3,1 milhões. Em 2013, R$ 3,7 milhões.

nunes34) Com isso tudo, a dívida cresceu para ASSUSTADORES R$ 9,5 milhões (crescimento de 8% em relação a 2013). Em menos de cinco anos, a CBB saiu de uma dívida de R$ 800 mil para SURREAIS R$ 9,5 milhões. Sim, é isso mesmo. Em 60 meses a dívida cresceu 1.088%. A Confederação deve a muita gente, mas uma das dívidas me chamou mais atenção. É ao INSS (sim, ao governo). O valor está em R$ 1,9 milhão (conta alta, não?). A CBB recebe muito dinheiro federal, mas deve a uma instituição federal. Aula de administração financeira, não? Não…

5) A entidade máxima do basquete brasileiro colhe empréstimos bancários como se não houvesse amanhã. No balanço de 2013 aparecem o Itaú e também o Bradesco, que patrocina a entidade. Ou seja: a CBB pega dinheiro inclusive de quem a patrocina. É inacreditável. Em 2013 os juros foram para R$ 2.524.094. O total é de 4,4 milhões de empréstimos empenhados. Destes, R$ 2,3 milhões vencem já no ano de 2014.

nunes16) São dois os processos judiciais que me chamaram a atenção no Balanço da CBB. O primeiro movido pela Champion, de material esportivo, que acionou a Confederação Brasileira na Justiça por "perdas e danos" (o contrato fora assinado em 2008). O valor estimado caso a CBB perca o processo está, atualmente, em R$ 4,1 milhões. Está na página 231. O outro já foi perdido pela entidade máxima. João Henrique Areias, que tinha contrato na gestão Grego, recebeu R$ 551.959,00 referentes a processo judicial da empresa Sportlink Marketing Esportivo Ltda do ano de 2011.

7) Chama bastante atenção o fato de a CBB ter aumentado seus custos com competições nacionais de R$ 5,2 (2012) para R$ 12,6 milhões (2013). Sempre lembrando: LBF e NBB, as principais competições de basquete do país, NÃO são organizados/bancados pela CBB, que conseguiu, mesmo assim, dobrar seus valores nesta linha. Que competições são estas? Alguém consegue explicar?

8) Dois pontos para fechar: há um valor de R$ 590 mil, nos balanços de 2013 e 2012, sobre o Nacional Feminino da CBB. O último convênio em relação ao Campeonato com o Ministério foi em 2010. Alguma explicação plausível? Outro ponto: consta do balanço o Centro de Excelência de Basquete. O que é isso? São Sebastião do Paraíso?

Este foi o maravilhoso ano de 2013 da Confederação Brasileira cujas contas foram aprovadas (sempre gosto de lembrar isso) por presidentes de Federação e Associação de Atletas. Amanhã faço minha análise e depois virá a do Professor Jorge Eduardo Scarpin. Animador o cenário, não?

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