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Bala na Cesta

Mais uma jogada de mestre de Larry Bird

Fábio Balassiano

22/02/2014 11h40

granger1Acabou que devido às atividades da semana eu não comentei as trocas do último dia de transferências, mas acho que vale a pena. O resumo completo você lê no ExtraTime, e eu vou me ater mesmo a negociação que considerei a mais bombástica da semana. A ida de Evan Turner para o Indiana Pacers (com Danny Granger e seu contrato expirante se mandando para o Sixers).

Bem, na verdade não foi só Turner por Granger. Lavoy Allen (contrato expirante) foi pra o Indiana, e os Pacers liberaram uma escolha de segunda rodada de Draft pro Philadelphia (aliás: os Sixers fizeram tanta troca, mas tanta troca, que eu acho que eles já têm umas 21 escolhas de segunda rodada de Draft guardadas até 2050…). Mas em termos de basquete isso importa bem pouco na verdade.

Para Danny Granger (foto à direita), o que fica na verdade é um ensinamento. Ele tem um contrato imenso por terminar (ganha US$ 14milhões essa temporada), já foi a cara da franquia Indiana (franchise player), mas desde que se lesionou com gravidade não voltou a ser o mesmo. Tem a questão física, óbvio, mas tem também a comportamental. Técnicos e dirigentes que passaram pelo Pacers reclamavam de sua atitude, de seu pouco comprometimento na volta para a temporada e nenhuma liderança. Ele será agente-livre assim que terminar o campeonato, e duvido muito que os Sixers, em renovação, aceitem pagar alguma coisa altíssima por ele. O ala terá que baixar a sua pedida, mas principalmente aumentar o seu nível profissional. Talento ninguém discute que ele tem. Mas, como diz um amigo, sua "fama" na NBA não está boa, não.

turner1Pelo lado do Indiana, só elogios. E por dois motivos. Primeiro porque Evan Turner, que por pouco não foi para o All-Star Game na semana passada, pode se tornar um jogador vindo do banco mais efetivo do que Granger vinha sendo (este tinha 8,3 pontos0. Em seu quarto ano na liga, Turner estava jogando muitíssimo bem pelo Sixers (17 pontos e 6 rebotes de média), é jovem, tem bom físico, rápido e certamente estará feliz por jogar em um time vitorioso e que brigará por título (ele estava bem insatisfeito atuando pelo Phila que só queria perder…). Aceitará, portanto, Turner suas funções (ao menos nesta temporada) de reserva e trará força física e um outro tipo de jogo (mais rápido, menos travado) aos Pacers pensando em uma eventual, provável, possível, esperada final de conferência contra o Miami Heat (vê-lo marcando, e bem, a Dwyane Wade não é irreal).

Além disso, há uma questão contratual nisso tudo. Um dos melhores jogadores da franquia, Lance Stephenson tem um dos menores salários do time (US$ 981 mil) e será agente-livre ao final desta temporada. O objetivo de Larry Bird, presidente do Indiana, é obviamente renovar com ele, mas se não conseguir teria Turner, que também será agente-livre (mas é restrito, ou seja, os Pacers podem cobrir qualquer oferta que vier), para supria a ausência em uma eventual saída de Lance.

bird1Foi mais uma jogada de mestre de Larry Bird, presidente da franquia Pacers. Trouxe alguém com mais "fome" para este campeonato (o dirigente mesmo já havia criticado Danny Granger publicamente – que é raro) e já conseguiu pensar na próxima temporada (caso Lance Stephenson não fique). Ou seja do ou seja: foram duas cestas com um arremesso só (uma no curto e outra no longo prazo). Bird era genial em quadra. Foi estupendo como técnico (levou o próprio Indiana às finais contra o Lakers há mais de 10 anos). E agora segue excelente como dirigente, ajudando a montar um grande esquadrão para este e próximos anos.

Larry Bird é, portanto, um caso raríssimo no esporte: alguém bom em tudo o que se mete a fazer. Com ele no comando os Pacers são cada vez mais candidatos ao título da NBA nesta temporada. Concorda comigo?

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