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Bala na Cesta

Machucado no All-Star de 2014, Kobe crava: 'Espero voltar'

Fábio Balassiano

20/02/2014 00h24

kobe24No domingo, antes do All-Star Game, Kobe Bryant conseguiu encher a sala de imprensa da New Orleans Arena. E não foi para falar do jogo em si. Machucado, ele não atuaria pela décima-quinta vez seguida na festa devido a uma lesão no joelho, a segunda grave em menos de um ano (a outra aconteceu em 2013, quando ele rompeu o tendão). Perguntaram se ele achava que voltaria a ser um All-Star nas temporadas seguintes, as últimas de sua carreira. A resposta veio na lata.

"É óbvio que eu espero voltar. No All-Star estão os melhores da liga, os mais queridos pelos torcedores. Então eu sei que posso estar no ASG de 2015 lá em Nova Iorque. Não sei se estarei, mas querer é óbvio que eu quero", disse.

O problema central para Kobe, porém, não é jogar o All-Star. Isso, para quem o conhece nem que seja de vê-lo em quadra e entrevistas (competitivo ao extremo), é literalmente o de menos. Para o camisa 24, a grande questão é como os Lakers estarão a partir do próximo campeonato.

kobe242"Confio na diretoria, no Mitch (Kupchak, gerente-geral da franquia) e sei que todos tentarão formar o melhor elenco possível para o próximo campeonato. No deste ano acho difícil que consigamos reverter algo, já que estamos com um elenco quase todo com alguma lesão e com muito mais derrotas que vitórias", afirmou Kobe, lembrando da campanha de 18-36 do Lakers (penúltimo do Oeste) e sem descartar só atuar no próximo campeonato: "Adoraria voltar em março, mas não vamos precipitar nada. Se tiver que esperar e me preparar durante as férias, assim o farei. Não posso mais ficar correndo riscos. Estou longe de ser um garoto".

E ele tem razão. Quando começar a temporada 2014/2015 ele já terá 36 anos e sabe quão importante será o papel da diretoria angelina para que termine a sua carreira de forma digna.

"Na minha cabeça eu ainda acho que posso fazer 35, 40 pontos por noite. Vocês sabem quão competitivo eu sou. Mas também não sou maluco de achar que farei isso sempre que quiser. Porque há uma diferença grande entre o que a minha cabeça-dura pensa e o que o meu corpo dirá como resposta à seqüência de jogos", finalizou.

kobe4Conversei com J.A. Adande, colunista da ESPN.com e ex-repórter do Los Angeles Times, e perguntei a ele se Kobe confia realmente em Kupchak. Ele disse que sim, mas sim com ressalvas. Toda vez que o camisa 24 pressionou a diretoria por reforços eles vieram (Payton e Malone em 2004, Gasol anos depois e Howard no ano passado), e o recado do craque angelino tem sido bem claro neste sentido. Pode ser que não aconteça, disse-me Adande, mas que todos ali sabem que é preciso reforçar o elenco é até meio óbvio.

E é aí que pra mim está o ponto central do retorno de Kobe Bryant às quadras para a temporada 2014/2015. Que ele estará recuperado ninguém tem dúvida. Mas ninguém sabe em que nível Kobe estará nos próximos anos (George Karl, técnico do Denver até a temporada passada, disse na ESPN americana que duvida que o ala chegue perto dos 70% do que já foi). E nem dá pra esperar que um cidadão de 36 anos produza 25, 30 pontos por jogo.

Kobe5Reforços, e de primeiro nível, são mandatórios para fazer com que a tarefa de um veterano Kobe não seja hercúlea, exagerada, fora dos padrões do aceitável para alguém de sua idade. Perder Pau Gasol parece que vai acontecer a qualquer momento (ou via troca, agora, ou no mercado de julho, quando ele ficará sem contrato). Rescindir o contrato de Steve Nash é uma possibilidade. Acertar na escolha do calouro (daqueles que trazem impacto imediato) que virá com um bom pick no próximo Draft é recomendado. Abrir os cofres no mercado de agentes-livres é mais do que imperativo.

Os Lakers, com apenas US$ 35 milhões em folha salarial comprometidos para a próxima temporada (sendo 9MM de Nash), terão grana para investir. Podem tentar fisgar um mega craque, dois excelentes jogadores ou até três de nível bom para ótimo. Aí a decisão ficará para Mitch Kupchak – e Kupchak sozinho, pois Kobe disse na mesma entrevista coletiva que não tentará persuadir a ninguém para vir jogar com ele desta vez.

final1A missão de Kupchak, portanto, não é lá das mais fáceis. Não só porque contratar é difícil pacas na NBA. Mas porque ele sabe que qualquer movimento em falso, qualquer fracasso em negociação significará que os anos finais da carreira de Kobe Bryant serão um martírio, um sofrimento. E ninguém quer ficar marcado como o cara que expôs Kobe ao ridículo em seus últimos momentos da vida profissional.

Por mais incrível que possa parecer, Kobe ainda acha possível conquistar um anel de campeão até 2016, quando deve encerrar a carreira. A dúvida é: quem serão seus pares a partir do próximo campeonato para ajudá-lo nesta missão? Nomes, ninguém sabe ao certo. No momento a resposta é uma só: é muito recomendável que Mitch acerte em cheio dessa vez.

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