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Bala na Cesta

Marrento em excesso, Lance Stephenson encanta na NBA

Fábio Balassiano

18/01/2014 01h05

lance1O jogo de quinta-feira entre Indiana Pacers e New York Knicks começou enrolado para a turma de Indianápolis. Com 19 vitórias nos primeiros 20 duelos em casa, os Pacers viram Carmelo Anthony anotar surreais 18 pontos nos 12 primeiros minutos. Cortaram a diferença, mantiveram a partida "aberta" e esperavam uma reação à apatia apresentada no segundo período.

Aí Lance Stephenson (foto) entrou em cena. Marrento em excesso, o ala de 23 anos e 1,96m veio para o resgate de seu time. Anotou 13 de seus 28 pontos no segundo período e guiou os Pacers a uma virada fundamental de 33-17 na parcial e a uma fácil vitória por 117-89 na peleja. Não foi só no ataque que o camisa 1 brilhou. Frank Vogel trocou Paul George, colocou Lance e Carmelo Anthony simplesmente foi engolido pelo rapaz de força física absurda e rápido jogo de pés (contra ele, Melo errou seus cinco arremessos).

É bem bacana ver o crescimento de Lance Stephenson na NBA desde que ele entrou na linha quatro temporadas atrás (veja tabela abaixo), principalmente pelo que cercou os primeiros passos dele na liga.

Dono de um talento venerado pelos americanos desde o colegial (no Brooklyn, NY), ele teve um começo de carreira universitária complicado (queria Kansas, depois Arizona, foi parar em Cincinatti…) e acabou caindo nas cotações do Draft devido a um combo muito comum nos Estados Unidos: péssimo comportamento fora das quadras (brigas, falta às aulas etc.) e nenhum respeito à hierarquia no time. Na seleção de 2009 o rapaz talentoso despencou e ficou apenas com a décima posição na segunda rodada (sim, segunda rodada), ganhando um contrato não garantido com o Indiana.

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lance3Chegou lá da mesma maneira que saiu da universidade (marrento e pouco comprometido), e logo foi ensinado por Frank Vogel (ainda um assistente, depois o técnico principal) que para ter vida longa na liga ele teria que melhorar muito em todos os aspectos de um jogador de basquete – mentalidade, força mental e sobretudo em seus arremessos, que até então eram uma temeridade. Vogel relembra bem o começo: "Olha, foi duro. Chegávamos cedo para treinar, muito cedo, e nem sempre o treinamento rendia, era produtivo. Mas logo ele entendeu o que estávamos pedindo. Sua evolução foi lenta nos dois primeiros anos, mas depois vimos que tínhamos conseguido um grande desenvolvimento juntos. É gratificante. Hoje sou eu quem peço para ele pegar leve nos treinos", disse o (excelente) treinador ao Indy Star recentemente.

Foi assim, gradativamente e até certo ponto lentamente, que Stephenson foi ganhando espaço na rotação do Indiana Pacers. Hoje ele é mais do que peça fundamental no esquema de Vogel. Paul George é mesmo o craque do time, Roy Hibbert é a chave que fecha a melhor defesa da temporada e David West traz a fagulha da técnica refinada, mas arrisco-me a dizer que sem Lance por lá o Indiana não teria chance alguma de título na NBA (e poderia citar uma pancada de números que estão pipocando aí sobre ele – principalmente os defensivos, onde ele brilha marcando quase sempre o melhor pontuador adversário).

Com ele, não quer dizer que os Pacers serão capazes de ganhar do fortíssimo e ainda favorito Miami Heat em uma eventual e provável final do Leste. Mas Lance traz aquilo que se dizia que o Indiana não tinha nos anos anteriores – força física para deter Dwyane Wade e LeBron James fora do garrafão e perto da cesta, e um pontuador mais confiável no perímetro para ajudar a Paul George. Agora Frank Vogel tem tudo isso em mãos – e tem sabido como utilizar.

lance2A única má notícia? Depois de quatro anos trabalhando e formatando um novo Lance Stephenson o rapaz será agente-livre ao final desta temporada (e atualmente ele tem um dos menores salários do time, de US$ 981 mil). A solução para Larry Bird, presidente da franquia, é bem óbvia: renovar com ele por um bom dinheiro e manter as chances de título para este e para os próximos campeonatos por Indianápolis.

O ala não é um gênio do esporte (bem longe disso), mas é o complemento perfeito para George, West e Hibbert. E faz, com seu jeito despojado, do Indiana um grandíssimo time candidato ao título da temporada. Com ou sem marra. Goste ou não de Lance Stephenson, o cara é muito bom no que se propõe a fazer – jogar um ótimo basquete.

 

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