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Bala na Cesta

Ufa, um grande jogo do NBB pra fechar 2013

Fábio Balassiano

21/12/2013 08h52

Barbosa1Vocês sabem que eu quase sempre critico a qualidade dos jogos do NBB. Cheguei a escrever um texto imenso recentemente e pra mim é a mais pura verdade mesmo. Os jogos, quase sempre, têm um nível técnico abaixo do que se poderia apresentar.

Pois muito bem. Como que para fechar 2013 de forma bonita, Pinheiros e Palmeiras fizeram um ÓTIMO jogo ontem em São Paulo. No final, vitória dos pinheirenses, donos da casa e que tiveram 24 assistências nos 30 arremessos convertidos, por 98-91, com grandes atuações de Leandrinho (23 pontos, 5 assistências e 4 rebotes), Morro (11 pontos, 6 rebotes e 8 tocos – falo dele adiante) e Joe Smith (22 pontos e cinco assistências) pelo lado dos vencedores e Caleb Brown (19) e Átila dos Santos (17+10) pelos verdes.

Para vocês terem uma ideia. Na média do NBB, o Pinheiros tem 94 de eficiência por jogo. Ontem, 122 (29,7% acima da média). O Palmeiras possui índice de 79. Nesta sexta-feira, 89 (12,6% a mais).

E por que diabos o jogo foi muito bom? Em primeiro lugar, é fundamental falar de Leandrinho (foto à direita). O cara é tão rápido, mas tão rápido, que sua velocidade acaba por imprimir, na partida inteira, uma outra dinâmica, uma outra dimensão a um jogo que normalmente não tem tanta movimentação por aqui. Ontem o camisa 28 teve uma enterrada sensacional (abaixo) e trouxe algo que anda muito esquecido por aqui – infiltração no garrafão. Não foi raro vermos o ala-armador abrir espaço na marcação e: 1) acertar uma bandeja após se livrar do marcador; ou 2) rodar a bola quando a cobertura do adversário chegava, gerando um ataque com vantagem diante da defesa.

Além disso, um grande elogio ao trabalho de Betão, que no começo de sua carreira no adulto já conseguiu vencer Brasília (Sérgio Hernandez), Uberlândia (Hélio Rubens) e Franca (Lula Ferreira). O novo técnico do Palmeiras conseguiu, mesmo com um elenco modesto (e que ontem não teve Curnell), dar um ótimo padrão ao seu ataque, mas principalmente uma intensidade muito grande na defesa, tornando o jogo mais movimentado e com variedade de ações. Do outro lado, Morro fazia de tudo um pouco na defesa. Deu 8 tocos, cobriu a marcação como sempre e de novo foi um dos melhores em quadra.

morro1

Sobre Morro (à esquerda), eu já escrevi algumas vezes (relembre aqui) e acho que jogadores sobre ele devem ser mais valorizados no país (e ele é o exemplo que mais personifica isso ao meu ver). O cara se mata pra marcar, não tem problema algum em fazer o trabalho sujo perto da cesta, mas infelizmente quase não é notado por torcedores (normal) e até por gente que analisa as partidas (não deveria acontecer). Ontem as pessoas só deram destaque a ele porque seus números (8 tocos, 25 de eficiência, a maior do jogo) foram ótimos (e mesmo assim não houve uma foto dele…). A questão é que o camisa 8 do Pinheiros faz o que fez nesta sexta-feira há pelo menos cinco anos, e nem todas as suas grandes atuações podem ser medidas em números (como pôde, diante do Palmeiras, ser tangibilizado pelas estatísticas). Um corta-luz bem feito, uma defesa bem feita, um bloqueio para rebote bem feito, uma cobertura bem feita. Isso os números não dizem, e em um basquete brasileiro que precisa se ajudar a buscar referências valorizar este tipo de atleta é mais do que fundamental.

Ontem foi um grande jogo de basquete em São Paulo (com nível técnico BEM alto, é importante salientar isso). Duas equipes mexendo a bola no ataque, duas defesas bem razoáveis, atuações individuais bem bacanas e disputas físicas dentro e fora do garrafão. Talvez seja pedir demais, mas eu fui dormir com a sensação de "por que diabos eles não fazem isso sempre?". Que jogos como o de ontem sejam regra, e não exceção, em 2014!

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