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Bala na Cesta

Knicks perde do Atlanta e se afunda ainda mais

Fábio Balassiano

17/11/2013 09h33

melo1Tudo bem, ainda estamos no começo da temporada, está todo mundo pegando ritmo, mas há algo estranho na Big Apple. Sim, eu sei que Tyson Chandler, o capitão da defesa, está lesionado e fora de combate, mas ontem o New York Knicks abriu o Madison Square Garden para enfrentar o Atlanta Hawks, que está em reconstrução, e queria se recuperar da derrota para o Houston na quinta-feira. Apanhou 19 rebotes ofensivos (um absurdo!), mas mesmo assim levou uma surra: perdeu da turma da Geórgia por 110-90 e acumulou a sexta derrota em nove jogos na temporada. Sim, com mais de 10% do campeonato disputado, os Knicks apresentam 3-6. Preocupante, não?

A frase da coletiva de Carmelo Anthony (foto à esquerda), que tem se matado para tentar livrar o Knicks do mico, foi sintomática: "Parece que não estamos conseguindo chegar lá no quesito esforço. Parece, inclusive, que não estamos nem tentando no momento". E quem fala isso é o cara que praticamente pôs fogo no começo da temporada ao dizer que será um agente-livre ao final do campeonato. De todo modo, Melo não tem chutado mais do que sempre chutou desde que chegou a Nova Iorque. Na temporada passada, 22,2 arremessos por noite. Nesta, 21,9 (e praticamente com o mesmo % de conversão de chutes). Culpá-lo, portanto, seria uma leviandade.

smith1Um ponto importante para tentar desvendar o mistério dos Knicks talvez esteja em olhar para o desempenho de JR Smith (3/18 ontem – na foto à direita com a mão na cabeça). Suspenso por uso de drogas, ele perdeu o começo do certame, só jogou em quatro jogos, tem chutado tenebrosos 22,2% e registra péssimos 9,8 pontos de média (no torneio passado, 42,2% e 18,1 pontos). E o pior: saindo de titular, e não como arma do banco de reservas, como funcionava bem até a temporada passada. O time já sai pro jogo sem três caras que marcam bem (Melo, Bargnani e Smith) e que precisam de volume de arremessos. Sinceramente não entendo como Prigioni, que é ótimo marcador e um estupendo organizador de jogadas, não sai jogando no lugar de Smith. Seria muito melhor para todo mundo – inclusive para Smith, que seria o responsável por comandar os suplentes e teria liberdade para começar a chutar quando Melo estivesse descansando no segundo período.

Outro ponto fundamental é olhar para a total falta de capacidade do time em pontuar perto da cesta (o que torna o jogo da equipe previsível e periférico – fica só na linha dos três). Os Knicks têm apenas 35,6 pontos dentro do garrafão (terceira pior marca na NBA), chuta 25,4 bolas de três por noite (terceira maior marca) e converte apenas 33,6% delas (décimo pior índice). Uma boa razão para isso é o desempenho de Amare Stoudemire (foto à esquerda), que decididamente parece que não voltará a jogar aquilo que ele já jogou. Com insossos 10,5 minutos por jogo, ele tem 3,2 pontos e 1,8 rebotes por jogo (só lembrando: seu salário é de US$21,6 milhões para esta temporada, o quarto maior da liga). Sem ele no garrafão para pontuar, o único pivô que realmente é acionado é o italiano Andrea Bargnani, que, sabemos, se dá melhor jogando longe da cesta do que perto dela. O vício de perímetro dos Knicks, que já era grande no campeonato passado, ficou obviamente ainda maior quando combinada a queda de Stoudemire com a chegada de Bargnani.

amare1Mas o olhar mais certeiro talvez esteja realmente no conjunto ataque/defesa que tão bem funcionou na temporada passada, quando os Knicks conseguiram 54 vitórias. Na temporada passada, o New York anotava 100 pontos e levava, em média, 95,7 pontos. No campeonato que se iniciou tem menos de um mês, o ataque produz 94,3 (quase seis a menos) e o time leva 99,7 (quatro a mais). Na soma das coisas, a variação é de 9,7 pontos. Ou seja: o time está 9,7 pontos pior em relação ao campeonato passado.

A principal diferença pra mim está mesmo na defesa. Ao contrário da sólida marcação que havia lá até o campeonato passado, nesta os contra-ataques proliferam (são 14,6 pontos por jogo desta maneira) e o percentual de conversão de arremessos dos adversários é assustadoramente alto (51%). Com uma defesa tão peneira, o ataque, que nunca foi tão organizado assim, fica ainda mais pressionado, ainda mais desesperado para compensar algo que a marcação não tem conseguido segurar. A questão é: como um time que manteve a sua base e ainda se reforçou com Ron Artest consegue ficar tão pior de uma temporada para outra? Isso para mim ainda é um grande mistério.

woodson1Os primeiros gritos de "Fire, Mike" (Demitam Mike Woodson, o técnico) já começaram a ser ouvidos no Garden, mas eu sinceramente não sei se é por aí. A palavra, ao menos pra mim, é 'estranho'. O Knicks está estranho neste começo de temporada. Precisa desvendar seu próprio mistério para embarcar em uma série de cinco jogos fora de casa com apenas um em NY (Pistons, Wizards, Blazers, Clippers e Nuggets fora, com apenas Pacers no Garden).

Se voltar com saldo negativo dessa mini temporada longe do lar a pressão será insuportável, podem ter certeza.

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