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Bala na Cesta

Único invicto, Indiana impressiona e promete brigar pelo título do Leste

Fábio Balassiano

07/11/2013 11h27

pacers1Ontem à noite o grande jogo, ao menos para mim, era entre Chicago Bulls e Indiana Pacers. Até então único invicto na temporada, os Pacers receberiam o time que é considerado por muitos como o principal desafiante do Miami Heat no Leste. O resultado final da peleja, porém, mostra que devemos abrir realmente o olho com os comandados de Frank Vogel: acachapantes 97-80 para os Pacers, com incríveis 60-37 no segundo tempo.

Está bem claro: temos um timaço no Leste. Um timaço com T maiúsculo mesmo, daqueles que se pode confiar realmente. Apenas lembrando: o armador titular, George Hill, está lesionado e não atuou. Contratado para dar uma força no banco de reservas, Chris Copeland ainda parece perdido no sistema de defesa forte e troca de passes constante de Vogel – ontem só jogou um minuto. Danny Granger, que deveria comandar os suplentes, segue lesionado.

Não é surpresa, portanto, que os Pacers sofram absurdamente nos segundos períodos das partidas (que é quando os reservas jogam muito tempo). O banco do Indiana responde por apenas 20,8 dos 95,4 pontos da equipe (pior marca da NBA e índice baixíssimo de 21,8% da pontuação total) e faz com que o time seja o pior em segundos quartos de toda a liga com 16,4 pontos. Foi assim, ontem, que os Bulls conseguiram virar o jogo antes do intervalo com os 24-12 e parece que será sempre assim enquanto Granger e Hill não estiverem a disposição. Para ser justo, Luis Scola jogou 16 minutos ontem e, de forma tranquila, foi ótimo com 12 pontos (6/8 nos arremessos).

lance1E como é que um time sem banco de reservas chega a cinco vitórias seguidas (sendo quatro em jogos de noites seguidas, algo impressionante para início de campeonato), no melhor começo da franquia em mais de 30 anos? A resposta está aqui: defesa e ataque solidário. Um bom indicativo está aqui: o Indiana registra 62,9% de seus arremessos convertidos através de assistências (nono melhor índice da NBA), prova que a bola roda, roda e roda até encontrar o cara mais bem posicionado. O cara do time é Paul George, craque de bola que registra 25,8 pontos (48,3% de aproveitamento), 4 assistências e 8,2 rebotes, mas outros três titulares também passam dos 10 pontos por noite. David West é um grande jogador, todo mundo sabe disso, George Hill é um dos bons armadores da liga, mas pra mim a grande surpresa é Lance Stephenson (foto à direita).

Dono da posição de ala-armador, o atlético ala, em seu quarto ano na liga, continua sendo ótimo na defesa, mas conseguiu evoluir assustadoramente em seu ataque. Basicamente com a mesma quantidade de minutos da temporada passada (29,2 para 35,8), Lance saltou de 8,8 pontos para 16,4 (quase o dobro, portanto), mantendo o bom aproveitamento nos arremessos de quadra (de 46% para 47%) e sendo muito mais efetivo nos tiros longos. Se no campeonato passado ele arriscava 2,4 vezes para converter 0,8 (aproveitamento de 33%), no certame atual, mais confiante e com mecânica mais bem treinada, o terceiro menor salário do time (US$ 981 mil e último ano de contrato) tenta 5,2 vezes de longe e converte 2,8 (ótimo índice de 53,8%). Além disso, são 6,2 rebotes e 4,6 assistências, melhor marca da equipe. Não resta dúvida que temos uma evolução monstruosa por aqui.

frank1Se no ataque Stephenson, West e principalmente George dão grande parte do show, na defesa o esforço coletivo dos Pacers é absolutamente admirável. E o técnico Frank Vogel (foto à esquerda) merece todo crédito por ter conseguido isso. Defesa menos vazada da NBA com 84,4 pontos sofridos por noite e a que menos permite arremessos certos dos rivais (37,5%), a turma de Indiana maltratou o Chicago, que tão bem domina os ataques adversários com sua sufocante defesa, na noite de ontem. Relegou os Bulls a medíocres 35,6% nos arremessos de quadra, forçou 17 erros e através dos desperdícios de bola do rival somou 29 pontos (quase 30% dos pontos totais, portanto). Os dados impressionantes não param por aí: os Pacers também lideram a liga no índice assistência/erro (0,8), pontos sofridos no garrafão (30), assistências permitidas (14,6) e tocos por noite (10,4).

O grande líder de Vogel em quadra quando o assunto é marcação chama-se Roy Hibbert, pivô que melhorou demais seu jogo ofensivo desde que chegou à liga mas cuja força defensiva realmente chama a atenção. Jogando nesta quarta-feira contra Joakim Noah, outro dos bons pivôs da NBA, ele teve ontem 10 rebotes (5 ofensivos), 5 tocos e um roubo de bola. Na temporada seus números são de 5,2 tocos por noite (lidera a liga, obviamente) e 9 rebotes em apenas 29,2 minutos por jogo.

pacers2Eu sei que meus textos têm sido uma ducha de água fria para os times que escrevo, mas ontem deu gosto em ver um time tão arrumado, certinho, dono de si em quadra. Mesmo perdendo em momentos do jogo o Indiana manteve o controle emocional, tático e técnico da partida. Paul George é um jogador consolidado, Frank Vogel, pouco badalado, conseguiu colocar um espírito altruísta e defensivo em seu time sem precisar berrar muito, e os Pacers vêm muito forte para esta temporada.

Se no campeonato passado eles já levaram o Miami a sete jogos (às vezes é bom lembrar disso), mais reforçado e maduro este Indiana pode fazer um estrago ainda maior. Se vai fazer é impossível dizer, mas é bom manter os olhos bem abertos com um time tão, tão bom como este.

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