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Bala na Cesta

Contra a lógica, Sixers estão invictos no embalo de Michael Carter-Williams

Fábio Balassiano

04/11/2013 01h06

Chicago Bulls v Philadelphia 76ersNinguém esperava nada do Philadelphia 76ers nesta temporada. Mentira. Esperava uma das piores campanhas da NBA. O time entrou com força na reconstrução, limpou a folha salarial (é de US$ 45 milhões, a mais baixa da liga), perdeu o jogador mais experiente da franquia na pré-temporada (Jason Richardson só volta em 2014 – se voltar) e contratou um técnico novato (Brett Brown, ex-assistente do Spurs). Como todos os times nessa fase de remodelagem, os Sixers estavam mirando o Draft de 2014, dito por especialistas como um dos melhores dos últimos tempos.

Mas antes do Draft de 2014 veio o Draft de 2013, e com ele os Sixers escolheram Michael Carter-Williams na décima-primeira posição. Fui buscar na internet as avaliações que deram para ele quando de sua chegada a NBA. "Cru", "Alto para a posição de armador, o que é bom, mas sem cacoete de armador" e "Se queria um armador, era melhor ter escolhido Dennis Schröder ou Shane Larkin", era o que se falava de MCW.

Aí veio a temporada, e a lógica é que os Sixers realmente perdessem. Com o roteiro apresentado acima, é o que se esperava mesmo, principalmente pelo calendário espinhoso com Miami, Wizards fora de casa e Chicago nos três primeiros duelos. Só que o novato tinha outros planos. O YouTube está aí, o site da NBA está aí e se você quer sorrir é só buscar lá o que tem sido este começo de Michael Carter-Williams na melhor liga de basquete do planeta. Ele registra inacreditáveis 20,7 pontos (46,7% nos arremessos), 9 assistências, 4,3 roubadas de bola e 4,7 rebotes e guia o Phila a uma campanha até então invicta com um basquete vistoso, solidário e (obviamente) recheado de pontos a melhorar.

mcw2Sim, você leu certo. Os Sixers, com três viradas fulminantes, bateram o atual bicampeão Miami, o Washington Wizards e o Chicago Bulls na noite de sábado (perdia por 18 pontos no terceiro período). Em todas as partidas MCW, como vem sendo chamado, teve papel fundamental. Em todas as partidas Evan Turner (parece, enfim, maduro em seu quarto ano na liga e registra 23 pontos de média) e Spencer Hawes (bem mais magro e móvel, o pivô tem 19,3 pontos e 11,1 rebotes) também foram muitíssimo bem, e o roteiro acabou se invertendo.

De saco de pancadas, os Sixers se transformaram em uma das histórias mais incríveis deste começo de temporada da NBA. São apenas três jogos, são apenas os três primeiros jogos de Michael Carter-Williams em sua vida profissional e são apenas os três primeiros jogos de um time que talvez quisesse realmente perder com gosto.

mcw3Só que agora as coisas mudam um pouco de figura. Talvez não valha tanto a pena perder. Talvez não valha tanto a pena preservar seu calouro. E o mais importante: o calendário reserva cinco dos próximos seis jogos em Filadélfia (Warriors hoje, Washington, Cleveland, Spurs e Houston), o novato está realmente jogando uma bola incrível e Evan Turner parece ter virado o jogador que sempre acreditou-se que iria virar.

A questão é: o que fazer agora? Ninguém tem a resposta certa, na verdade. Muito provavelmente não existe uma resposta certa entre jogar pra ganhar e perder espaço no Draft de 2014 ou ver derrotas sem parar e impedir o crescimento de um núcleo (MCW, Turner e Hawes) que pode ser muito brilhante em um futuro próximo.

Os Sixers irão aos playoffs? Ninguém pode garantir (e é provável que não). Michael Carter-Williams será um craque? Ninguém pode dizer. É muito legal ver o Philadelphia renascer? Sim, sem dúvida alguma é bacana demais. Deixemos as expectativas e pré-conceitos para curtirmos MCW e sua trupe neste começo de temporada da NBA. Se ninguém esperava nada, eles já estão mais do que no lucro.

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