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Bala na Cesta

A volta de Vendramini, 15 anos depois do primeiro título Nacional feminino

Fábio Balassiano

30/10/2013 11h45

vendra3No dia 21 de abril de 1998, Fluminense e BCN/Osasco fizeram a quinta partida do Nacional de 1998, o primeiro Feminino organizado pela CBB. Foi o quinto jogo de uma série excepcional, disputada palmo a palmo. Naquele dia (uma quinta-feira, se não me engano), o tricolor das Laranjeiras, jogando diante de um apinhado ginásio do Tijuca, venceu as paulistas por 101-92 com 32 pontos de Silvinha e outros 26 de Vedrana (minha musa) não só para conquistar a taça, mas também para dar uma alegria a uma torcida que sofria tanto com seu time de futebol.

O técnico daquele timaço (Cintia, Jaqueline, Fabianna, Silvinha, Vedrana, Marta, Vicky Bullett) era Antonio Carlos Vendramini, e aprendi a admirá-lo silenciosamente nos jogos nas Laranjeiras e no Tijuca. Foi aquele time que me fez passar a acompanhar o basquete feminino com mais força, mais entusiasmo. Tinha 15 anos, não entendia quase nada, mas gostava de ver a calma dele no banco, a sobriedade e a alegria quando tudo parecia sair corretamente.

O time do Flu acabou no dia seguinte a conquista do título, Vendramini foi pra Ourinhos, conquistou mais dois Nacionais da CBB e depois deu uma sumida do mapa. Tentou emplacar um projeto em Marília, mas não vingou muito (se não me engano lá foi o primeiro time da cubana Ariadna no país). Encontrei com ele no Mundial de Clubes em Barueri e ele me disse que estava com bons pressentimentos que coisas boas surgiriam.

vendra1E surgiu mesmo. Ontem ele foi anunciado como novo treinador de Americana, certamente um dos melhores times do país. Aos 63 anos, ele volta a comandar a equipe do interior de São Paulo (a dirigiu na década de 90, entre 1995 e 1998) e uma agremiação de ponta exatos 15 anos depois de uma de suas conquistas mais emblemáticas. Terá a missão de transformar um time forte em uma equipe de sucesso, capaz de bater o ótimo Sport, de Recife, e os rivais de São Paulo na LBF e também no Paulista (aí sem as pernambucanas, obviamente).

Independente do resultado, é ótimo tê-lo de volta, é ótimo ver Antonio Carlos Vendramini de volta ao cenário de um basquete feminino que teima em esconder quem tanto fez pela modalidade. Vendramini é um dos mitos do esporte desse país e merecia uma nova chance – nem que esta seja para fechar a sua carreira com a dignidade que merece. Sorte para ele em Americana.

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