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Bala na Cesta

Com tempo de quadra, Sassá mostra talento e brilha em Santo André

Fábio Balassiano

14/10/2013 15h00

Quando vi Vanessa Gonçalves, a Sassá, então com 17 anos, pela primeira vez na seleção brasileira Sub-19 que conquistou a medalha de bronze no Mundial do Chile em 2011 fiquei intrigado. Aquela menina de sorriso fácil tinha boa técnica, mas certamente lhe faltaria altura (ela tem 1,80m) para brigar no garrafão como ala-pivô fosse em âmbito nacional ou em internacional (principalmente neste).

O tempo passou, e este ano ela foi para seu segundo e último Mundial Sub-19. Já foi vista uma grande evolução, com Sassá atuando mais aberta, na posição 3 (ala), matando arremessos longos (respeitáveis 38,5% de três pontos) e com bom deslocamento lateral para defender e atacar com boas bandejas. Ela terminou a competição da Lituânia com 11,1 pontos, 7,1 rebotes e 43,6% nos tiros de quadra e foi muito bem avaliada por Janeth Arcain, sua técnica e uma das melhores jogadoras que o mundo já viu na posição de ala.

Como prêmio, ela foi treinar com a seleção feminina adulta em São Carlos, chegou a jogar no torneio preparatório, mas foi preterida por Zanon para o grupo que iria a Copa América. Sassá voltaria a seu time, o Santo André, tendo que brigar por espaço na rotação da experiente Laís Elena com as não menos experientes Tati Castro, Carina e Jaqueline na disputa do Campeonato Paulista.

O começo não foi muito animador. Nos três primeiros jogos do campeonato, 14, 16 e 6 minutos e todo mundo ficou com medo de Sassá não ter espaço de seguir em evolução. Mas as coisas mudaram (ainda bem). Desde o começo de outubro seu tempo de quadra aumentou (saltou para 26,5 minutos nas quatro últimas partidas), sua pontuação explodiu (15,5 pontos), sua força nos rebotes mantém-se intacta (sete de média), seus erros pouco são sentidos (cinco nos quatro jogos mais recentes) e seu aproveitamento de arremessos é excelente (63,6%).

No último sábado, contra Presidente Venceslau (vitória por 85-72), Sassá teve sua melhor atuação no Paulista: em 29 minutos de jogo, a ala teve 25 pontos, 5 rebotes, 4 assistências, 3 roubos, 10/13 nos arremessos e NENHUM desperdício de bola.

Parece pouco, mas não é. Em um basquete feminino cada vez mais carente e louco para ficar viciado no museu de grandes novidades em que se encontra há quase uma década, o surgimento de mais uma jovem atleta talentosa merece, sim, ser comemorado, bastante comemorado.

Sassá, que só tem 19 anos (completa 20 em agosto de 2014), está longe de estar com fundamentos formados (pode evoluir em TODOS os aspectos de seu jogo), mas é muito bom ver que, com tempo de quadra, ela tem conseguido corresponder às expectativas, ganhando minutos e a confiança de Laís Elena, que passa a usá-la mais nos próximos jogos do Paulista e (principalmente) para a LBF.

O basquete brasileiro ganha outra opção para suprir uma carência grande (a ala) e o técnico da seleção Zanon pode monitorar outra menina jovem, com potencial e estilo bem diferente do que ele já tem em Tatiane e Patricia. Sassá não tem a leveza de Tati, e seu arremesso de fora ainda não cai tanto quanto o de Patricia, mas até por ter jogado dentro do garrafão até pouco tempo atrás ela traz consigo um jogo mais "pesado", mais intenso, mais forte e com facilidade para jogar de costas pra cesta com boa técnica. Insisto: precisa e pode evoluir em todos os fundamentos do jogo, mas está no caminho certo para se firmar como uma das boas opções da posição 3 para os próximos anos na seleção feminina adulta.

Que ela siga em constante evolução.

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