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Bala na Cesta

Brasil não joga bem, mas vence Argentina e se classifica pras semifinais

Fábio Balassiano

25/09/2013 00h02

A impressão que eu tenho é que qualquer que sejam os fatores de um Brasil e Argentina no basquete feminino o resultado final será o mesmo – vitória brasileira. E foi assim na noite desta terça-feira. O time de Zanon começou muito bem (abriu 10-3 rapidamente sufocando na defesa, atacando organizadamente e sem afobação), mas depois parou. Fez um jogo abaixo da crítica em todos os quesitos (técnico, tático, psicológico e com comando ruim do próprio treinador), mas sabe-se lá como acabou vencendo e eliminando as hermanas da Copa América (e consequentemente do Mundial de 2014) ao fechar o placar com 69-60.

O resultado garantiu o Brasil nas semifinais e deixou o país a um passo da classificação (são três vagas). Amanhã, pra fechar a primeira fase, o adversário é o México, às 22h30.

Sobre a partida contra a Argentina, eu sinceramente achei um horror. Não obstante as oscilações (momentos bons alternados com momentos tenebrosos em um intervalo de dois minutos), continuo impressionado com o vício do time nas bolas de três pontos. Nesta terça-feira, e contra um adversário que não marcou por zona (desta vez não há esta desculpa), o Brasil chutou 15 bolas (a maioria sem motivo algum) e segue provando que quase não há jogadas desenhadas para as pivôs, que pontuam mais quando apanham rebotes ofensivos (16 ao todo ontem) do que propriamente com bolas armadas pra elas – o que é um absurdo.

Karla, a maior representante do modo "vou chutar porque vou chutar", entrou em quadra, arremessou dez bolas e não se incomodou em 8 delas terem sido de longe (para apenas três conversões). Não é possível que uma atleta tão experiente em um time renovado (deveria ser o lado racional de um time naturalmente inexperiente) jogue, e chute, sem pensar no que está fazendo – e nas consequências de tiros tão fora de contexto. Reforçando: chutes desequilibrados, fora de hora, sem forçar nada da defesa rival. Enquanto essa mentalidade não mudar o Brasil não irá longe em âmbito mundial em competições classe A (e vale lembrar: nesta seleção não há grandíssimas chutadoras como foram Hortência e Paula para ficar insistindo nesta estratagema).

Zanon, por sua vez, não foi bem no comando da equipe (algo raro). Tirou Nádia (10 pontos e 12 rebotes em 20 minutos), a melhor em quadra ao lado de Damiris (14 pontos, 13 rebotes e 3 assistências), insistiu com uma formação baixa (tal qual fez Magnano na seleção masculina com Alex na ala, o técnico da feminina jogou com Adrianinha e Débora/Tainá na dupla de armação e Karla como jogadora da posição 3) e recolheu Tatiane (intensa no começo e física pra marcar) ao banco no segundo tempo inteiro.

Foi uma vitória, e uma vitória merece ser comemorada. Mas o saldo desta terça-feira em Xalapa não foi positivo (bem longe disso). É um time novo, é um time em formação, é um time com meninas ainda com fundamentos a serem lapidados. Eu sei de tudo isso. Mas uma coisa é certa: o Brasil precisa aprender a jogar de forma consciente, com calma, sem loucura no ataque, evitando erros bobos (20 ontem). Como sempre digo quando vejo jogos do NBB, parece que é proibido respirar quando passa-se do meio da quadra rumo ao setor ofensivo. Leitura de jogos, nem todos/todas têm. Paciência pra trocar quatro ou mais passes no ataque, no entanto, é treinamento – e imperativo pra evoluir.

Viu o jogo? Sofreu um bocado, não? Então comente!

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