As lições da França, campeã europeia masculina pela primeira vez
Depois da Olimpíada de Londres, escrevi aqui duas vezes sobre a evolução do basquete francês feminino (leia mais aqui e aqui). As meninas francesas conquistaram a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2012 e um ouro, uma prata e um bronze nos três últimos europeus (2009, 2011 e 2013). A Confederação local melhorou a liga local (serão 14 clubes para a temporada 2013/2014), manteve a espinha dorsal da geração-1983 (vice-campeãs mundiais Sub-21 em 2003, Godin, Gomis, Dumerc, Ndongue e Lepron até hoje jogam no time nacional) e investiu nas comissões técnicas, que passam meses fazendo clínicas nos Estados Unidos.
O sucesso francês não parou no feminino. Demorou um pouco, mas os rapazes chegaram lá no fim de semana passado na Esvolênia, quando conquistaram o inédito título europeu com exibições de gala de Tony Parker (foto à direita) e Nicolas Batum (os dois, que jogam na NBA, não titubearam mais uma vez e foram lá representar o país – só dizendo…). O time já havia batido na trave em 2005 (bronze), no de 2011 (prata) e até mesmo na Olimpíada de Londres, quando fazia brilhante campanha até tombar pra Espanha, carrasco de muitos anos que foi abatida no Eurobasket esloveno.
É, sem dúvida, a prova de que o trabalho do ótimo técnico Vincent Collet tinha consistência, fundamentação, mas principalmente que a plantação da Confederação Francesa foi muito bem feita. Do time que ganhou na Eslovênia, quatro atletas jogam na NBA, a melhor liga de basquete do mundo (Parker, Batum, Diaw e Nando de Colo), e no elenco há espaço para três gerações misturadas (a de Parker, a de Batum e a de Diot, armador que foi uma das gratas surpresas da competição), prova que o planejamento vem sendo executado à risca há mais de uma década.
A França é um país de 65 milhões de habitantes (um terço do Brasil, praticamente), mas que dá algumas grandes lições ao se colocar entre os grandes países de basquete no mundo (atualmente não é exagero dizer que, depois dos Estados Unidos, temos Espanha e França devido aos últimos resultados internacionais). Foi competente e séria ao plantar, persistente pra esperar a colheita e inteligente ao desenvolver gerações que pareciam fadadas ao fracasso.
Não que a Confederação Brasileira vá aprender esta lição (não vai), mas que é uma bela história de planejamento e persistência, isso é.
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