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Bala na Cesta

Seleção Feminina joga pra menos de 200 pessoas - será que a CBB está preocupada?

Fábio Balassiano

19/08/2013 15h20

Quando ontem começou a transmissão da final do Super 4 de São Carlos no Sportv eu confesso que levei um susto. A imagem, aberta, mostrava o ginásio Milton Olaio Filho absurdamente vazio (veja na foto à esquerda como estavam as arquibancadas do setor superior). Com boa vontade, havia ali 200 torcedores que foram ver uma seleção brasileira feminina adulta atuar em um horário terrível, 13h de domingo (quem foi o alucinado que propôs isso? quem foi o alucinado que aceitou isso?).

Mas isso não é surpresa, né. Na semana passada, em Anápolis (Goiás), a seleção masculina de Rubén Magnano (foto à direita) participou de um torneio e a entidade máxima teve o disparate de cobrar até R$ 140 reais pelo ingresso. O resultado: ginásio vazio, bem vazio, até mesmo na final, que, aliás, foi disputada em um domingo às 21h30 (repito aqui então: quem foi o alucinado que propôs isso? quem foi o alucinado que aceitou isso?).

havia escrito sobre o absurdo do preço dos ingressos em Anápolis, mas ontem em São Carlos não havia valor para as entradas no ginásio (era troca por alimento). A constatação é bem clara: quase ninguém mais se interessa por basquete, se interessa por seleção brasileira de basquete (e por motivos óbvios, visto que a modalidade parou no tempo há 30, 40 anos). E como a Confederação tem agido em relação a isso? Fazendo ações de comunicação nas cidades que irão receber os jogos, visitando as escolas, promovendo entrevistas em rádios e jornais locais, criando peças de publicidade? A resposta pouco surpreendente é: nada, a CBB não faz absolutamente nada.

É uma vergonha que seleções brasileiras adultas, que já atuam tão pouco no país devido ao calendário do basquete, joguem para tão pouca gente quando entram em quadra em território nacional. É inadmissível que jogadores do quilate de Damiris e Marcelinho Huertas, para citar apenas dois e sem falar em um campeão olímpico como é Rubén Magnano, sejam ilustres desconhecidos no Brasil, mas isso sinceramente não chega a espantar.

A verdade é a seguinte: desde que me entendo por gente a área de comunicação/marketing da Confederação Brasileira é horrível, quase inexistente, tenebrosa mesmo (é só lembrar que, mesmo quando a seleção masculina voltou para as Olimpíadas em 2012, não havia camisa pra se comprar e nem uma peça publicitária foi feita – e na época ainda havia a "saudosa" Brunoro Sports Business como agência da entidade).

Se juntarmos a leseira destas duas áreas aos problemas financeiros já conhecidos (dívida de R$ 8,8 milhões até dezembro de 2012 e um processo do Itaú pra pagar), o cenário fica ainda mais assustador e a sequência é bem conhecida: sem divulgação, os ginásios seguirão vazios, jogadores continuarão a ser desconhecidos, patrocinadores fugirão do basquete (o ano de 2013 está a três meses de terminar e não há patrocinador máster…), pouca gente vai querer praticar a modalidade e o esporte que já foi o segundo mais popular do país se manterá longe de ser um dos mais procurados por jovens – para assistir ou pra jogar.

O que a CBB fará em relação a isso a menos de três anos da Olimpíada do Rio de Janeiro? Antes que vocês respondam, eu mesmo vos digo: nada.

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