Revelação, Breanna Stewart fala sobre carreira e projeta estreia olímpica no Rio de Janeiro
Escrevi aqui há cerca de dez dias sobre Breanna Stewart (fotos da USA Basketball), revelação do basquete norte-americano que está despontando. Aos 18 anos, 1,93m e jogando de ala, a atleta da Universidade de Connecticut acaba de ser escolhida a melhor jogadora do Mundial Sub-19 que terminou na Lituânia, onde assombrou a todos com seu tamanho, habilidade e facilidade para pontuar. "Ela é bem alta, rápida e com uma envergadura incrível. Tinha uma jogada que ela fazia, quicando a bola perto do corpo, que era mortal. Roubar a bola dela era quase impossível", disse a brasileira Isabela Ramona sobre Breanna, que terminou com 16,9 pontos e 50,9% no aproveitamento de arremessos na competição. E o blog entrevistou Breanna Stewart, assídua em Twitter e Instagram (@bre_stewart) com exclusividade. Vamos ao breve papo.
BALA NA CESTA: Você tem 18 anos e ja foi campeã mundial em três oportunidades (pela Sub-17 e duas vezes com a Sub-19). O que podemos esperar de você não só com a seleção, mas também na WNBA, onde você deverá atuar nos próximos anos?
BREANNA STEWART: Difícil prever isso agora. Sou muito nova ainda, mas espero que nos próximos anos as pessoas me vejam crescer dentro e fora das quadras. Sei que preciso melhorar muito, muito, muito ainda pra chegar onde quero, mas espero continuar a jogar por muitos anos com a seleção dos Estados Unidos e quem sabe também na WNBA nos anos que vêm por aí.
BALA NA CESTA: Na Universidade de Connecticut você joga para um dos melhores técnicos do mundo, Geno Auriemma, que também dirige a seleção dos Estados Unidos. Como é seu dia-a-dia com ele por lá? Recentemente eu li que Geno orientou o assistente-técnico Chris Daily a trabalhar em seu arremesso. Como foi isso?
BREANNA STEWART: Jogar para Geno foi uma das melhores decisões que eu fiz em toda a minha vida. Ele é o tipo do técnico que, independente de que estágio você esteja, vai te exigir ao máximo para melhorar, pra seguir evoluindo até o limite. Não é muito fácil, cansa, mas ele só quer o meu melhor. O exemplo que você cita, com Chris, é só um dentre as situações que ele impõe não só pra mim, mas pra todas as atletas. Jogar na Universidade de Connecticut é muito bom, e as expectativas são muito grandes sempre. É uma faculdade imensa, com uma estrutura incrível, e é exatamente essa condição grande que a separa das demais faculdades do país.
BALA NA CESTA: Você é muito alta, joga de ala e tem muita comparação com duas grandes jogadoras da modalidade – Lauren Jackson e Elena Delle Donne, que agora joga na WNBA pelo Chicago Sky. Isso te assusta de alguma maneira?
BREANNA STEWART: Já ouvi essas comparações, sem dúvida alguma. Ser comparada a nomes como Delle Donne e Lauren Jackson não me assusta, não. Me motiva a jogar cada vez melhor e mostra que se eu continuar a treinar duro e for melhor a cada dia eu posso chegar ao nível que elas já atingiram na carreira delas. Mas pra chegar lá eu preciso melhorar em muitos aspectos do meu jogo. Por exemplo: chute, drible, jogadas de costa pra cesta, entre outras situações de jogo. O que eu sei é que preciso continuar a me desenvolver para construir meu jogo completo, que é o que mais gosto de fazer – pegar rebotes, dar passes, defender e atacar. Os técnicos de UConn sabem disso, e quero ser o mais completa que puder ser como atleta e pessoa. Essa é minha meta.
BALA NA CESTA: E qual é a sensação de ganhar um título da NCAA e ser MVP das finais em seu ano de estreia?
BREANNA STEWART: É um sentimento maravilhoso e até difícil de descrever. Foi, como você disse, meu primeiro ano e trabalhei muito duro com os técnicos de Connecticut pra chegar lá. Foi mais do que incrível, mas quando você ganha o título de campeão universitário uma vez você quer mais. Por sorte tenho mais três oportunidades de conseguir isso.
BALA NA CESTA: Talvez seja difícil explicar isso aos brasileiros, mas quem acompanha vocês desde os 15, 16 anos pelas seleções dos Estados Unidos logo verifica o potencial de vocês, projetando o futuro na modalidade. Foi assim com Diana Taurasi, Sue Bird e Maya Moore, que ganharam muito nas categorias de base e agora brilham na WNBA. As três, aliás, jogaram em UConn, onde você atua. Elas são sua maior inspiração?
BREANNA STEWART: Você tem razão quando cita essas três mesmo. Depois de ver o sucesso desse trio fantástico eu passei a ver quão boa era a Faculdade de Connecticut e acabei optando por ela para estudar e me desenvolver. Mas com elas eu aprendi que eu deveria treinar muito, muito, muito forte pra chegar ao patamar que elas já atingiram. Isso é o que mais me motiva pra seguir melhorando meu jogo.
BALA NA CESTA: Neste Mundial da Lituânia você acabou não enfrentando a seleção brasileira, mas no de 2011 os Estados Unidos venceram o Brasil por 82-66 na semifinal daquela competição. Qual a sua impressão do basquete brasileiro, mesmo que de longe?
BREANNA STEWART: Não enfrentamos o Brasil neste Mundial mesmo, mas já joguei algumas vezes e treinei outras contra as jogadoras do seu país. O que posso te dizer é que, sinceramente, elas são jogadoras muito talentosas, e tenho um respeito muito grande pelo nível que é apresentado nas competições das Américas e de nível mundial também. Posso falar de duas jogadoras que estiveram nos dois Mundiais Sub-19 que participei, Isabela Ramona e Sassá. As duas são muito boas e têm um futuro incrível.
BALA NA CESTA: Por fim, a pergunta óbvia. A próxima Olimpíada será no Rio de Janeiro e você terá 21, 22 anos. Imagino que você esteja olhando pra isso com carinho, não? O que você conhece do Brasil?
BREANNA STEWART: Sou fã de Olimpíadas desde criança. A cada quatro anos eu paro pra ver e gosto muito. E sendo no Rio de Janeiro a próxima me deixa ainda mais animada pra estar presente e atuar aí. Mas pra isso eu insisto: preciso treinar demais, melhorar meu jogo. Aí sim realizarei meu sonho de jogar uma Olimpíada com o time dos Estados Unidos. Nunca fui ao Brasil, mas por fotos e vídeos que vejo parece um país lindíssimo e tenho certeza que fará um papel maravilhoso sediando os Jogos.
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