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Bala na Cesta

Após primeiro tempo tenebroso, seleção feminina vence e enfrenta Argentina na final do Sul-Americano

Fábio Balassiano

04/08/2013 00h58

Sem medo de errar, eu posso dizer: foi uma das piores atuações que eu vi uma seleção brasileira feminina fazer. Não é exatamente o sonho de ninguém começar um texto assim, mas foi exatamente o que aconteceu no primeiro tempo da semifinal do Sul-Americano Feminino que está sendo disputado em Mendoza, Argentina. Jogando contra a fraquíssima Venezuela, o time de Zanon fez absolutamente tudo, tudo, tudo errado e foi pro intervalo perdendo de 28-26. Estava, naquela altura dos acontecimentos, totalmente atordoado e sem saber o que pensar.

Na segunda etapa a defesa melhorou, forçou erros, tornou os ataques mais fáceis (principalmente com os pontos – 19 – que vieram através dos erros rivais), levou apenas 13 pontos em 20 minutos e fez o Brasil vencer a (faço questão de repetir) fraquíssima seleção da Venezuela por 76-41. Neste domingo, às 22h, a seleção nacional enfrenta a Argentina, que bateu o Chile há instantes, na final da competição (o Sportv exibe). Alguns pontos sobre o jogo deste sábado:

1) No primeiro tempo, a (repito de novo) Venezuela marcou por zona, a fim de evitar o jogo de garrafão brasileiro (mais precisamente Damiris (foto à direita), que, embora errática nos arremessos com 6/18, se salvou com 16 pontos, 10 rebotes e 4 passes). E o que fez a seleção? Chutou de fora como se não houvesse amanhã. E errou quase tudo de longe! Foram 17 desperdícios em 23 tentativas, um absurdo. Mostra bastante a falta de leitura de jogo da equipe. Não se fura defesa por zona só com arremesso de longe. A diferença no placar abriu, além do fator defesa mencionado acima, quando Damiris e Fernanda Bibiano, que entrou muito bem e anotou 16 pontos em 13 minutos), se posicionaram exatamente na linha do lance-livre e começaram a arremessar e fintar suas rivais. Contra a Venezuela deu pra se recuperar. Contra um time mediano, tipo a Argentina, o equívoco seria fatal.

2) A defesa, uma das marcar registradas de Zanon em seu bom trabalho por Americana, esteve lá no segundo tempo, mas estou absolutamente pasmo com o sistema ofensivo da seleção. Além do vício de se atacar contra a defesa por zona rival apenas com bolas de três (e o pior: sem nenhuma chutadora de mão cheia por lá), o que se viu foi um ataque estéril com apenas uma jogada – a cantada e decantada high-low, que prevê passe de uma pivô pra outra. Achei que veria um pouco mais de evolução neste sentido.

3) Outro ponto sobre o ataque. Eu há muito tempo um setor ofensivo tão estático, parado, passivo mesmo, sem agredir a defesa venezuelana em momento algum da primeira etapa. Se as alas não participarem melhor, o futuro será sombrio. Patricia (por que o arremesso dela está saindo tão de baixo assim?), Joice, Tatiane e Jaqueline somaram apenas 13 pontos em 5/24 nos chutes e foram responsáveis por 7 dos 18 erros brasileiros.

Neste domingo o rival será um time argentino que treina junto há mais de 90 dias e que venceu o Brasil em amistoso logo antes do Sul-Americano. Haverá o nervosismo, a gente já sabe, o fator casa a favor das hermanas, mas não é isso que mais preocupa. Jogar do jeito que jogou neste sábado contra a Venezuela não levará somente a uma derrota, mas a um ponto de interrogação sobre todo o projeto de renovação que vem sendo tocado por Zanon e pela Confederação.

Que as meninas entrem com a cabeça no lugar pra tão necessária renovação não parar devido a um resultado negativo que pode, sim, vir nesta noite. Sorte pra elas.

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