Topo

Bala na Cesta

O delicado momento de Augusto Lima

Fábio Balassiano

21/07/2013 11h19

Aos 21 anos, Augusto Cesar Lima vive um momento delicado em sua curta porém meteórica carreira. Formado no Centro Esportivo do Miécimo da Silva (Rio de Janeiro) aos 15 anos, logo migrou para as divisões de base do Fluminense, passou por Franca e depois foi pinçado pelo Málaga, tradicional clube espanhol responsável por desenvolver e apostar em jovens (alguns inclusive brasileiros como Rafael Luz, Paulão Prestes etc.).

Chegou lá aos 17 anos em 2009, foi puxado pro time de cima imediatamente por Aíto Garcia Reneses, técnico que havia conquistado a medalha de prata com a Espanha na Olímpiada de Pequim no ano anterior, e recebeu o apelido de jóia por todos que olhavam aquele gigante de 2,08m alucinar pivôs experientes sem nem ter completado 18 anos. Era um diamante bruto, que precisava e seria lapidado com todo carinho, diziam na época.

Mas os anos seguintes não foram tão maravilhosos assim. Emprestado pelo Málaga pra ganhar experiência (algo comum), rodou por Granada, cidade vizinha ali na belíssima Andaluzía, retornou, foi titular em alguns jogos da temporada passada mas não brilhou em quase nenhum deles. Augusto chegou a participar de dois Eurocamps da Adidas (em 2012 foi MVP), evento que reúne a nata das revelações do basquete mundial (com exceção dos norte-americanos). Em ambos foi absurdamente bem avaliado por olheiros da NBA, que admiravam o potencial técnico incrível ao corpo bem trabalhado.

O Draft de 2013 veio, e Augusto não foi escolhido. Ao lado dos elogios a técnica vinha, nas análises dos Scouts da NBA, a ressalva que algo não andava bem em sua coluna. Cogitava-se uma hérnia de disco, mas ninguém cravava nada. Ele acabou não sendo escolhido, sua tristeza era bem nítida em fotos com seu agente Aylton Tesch e os amigos (que acabaram selecionados) Raulzinho e Lucas Bebê, e a incerteza só aumentou.

Veio a seleção brasileira, e Augusto acabou cortado por lesão. A justificativa, lá no site da CBB pra quem quiser ver, é bem clara: "Infelizmente o Augusto chegou com um problema de hérnia de disco acentuada e sua saída foi por uma decisão médica", comentou o técnico Rubén Magnano".

O próprio Augusto pareceu resignado no portal da entidade máxima ao dizer: "Realmente fico muito triste em deixar a Seleção Brasileira. Gostaria de continuar, mas preciso cuidar da lesão que vem me atrapalhando há dois anos".

É, sem dúvida, um momento delicadíssimo para Augusto Lima, menino bom, tranquilo, pra cima, sempre animado e sonhando com os objetivos planejados pra sua carreira. Quando o entrevistei, dois anos atrás, ele tinha planos, e o maior deles era jogar na NBA.

No momento, o mais certo é que ele cuide de sua coluna e de um problema que o machuca – em termos físicos e mentais. Talento, ninguém tem a menor dúvida que ele tenha. A grande questão é saber se ele consegue aliar a sua brilhante e refinada técnica a um físico capaz de trombar contra o melhores da Europa ou da NBA por muitos anos (e o principal: sem danos a sua saúde).

Não é uma pergunta fácil de ser respondida, e o momento é mesmo de reflexão e tratamento. Que ele logo se recupere, que ele logo volte a jogar com regularidade e tranquilidade. É o mais importante agora.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.