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Bala na Cesta

A formação do novo Detroit Pistons - vai dar certo?

Fábio Balassiano

08/07/2013 11h40

Quem começou a acompanhar NBA no século XXI se acostumou a ver o Detroit Pistons indo longe em todos os playoffs. Entre 2002 e 2009 o time foi a pós-temporada em todos os anos, campeão em 2004 naquela final memorável contra o Lakers, vice no ano seguinte em outro duelo inesquecível (perdendo em sete pro Spurs, no Texas) e de 2003 a 2008 esteve nas finais do Leste. Foi um trabalho brilhante de Joe Dumars (e todos ainda se lembrarão que, em 2003, ele escolheu Darko Milicic em segundo no Draft) fora de quadra e de Rick Carlisle, Larry Brown e Flip Saunders como comandantes de um dos elencos mais fortes que a liga já conheceu.

O tempo passou, e o Detroit foi com força para a reconstrução a partir de 2010 (o 'Rebuild' que os norte-americanos tanto falam). Fez algumas loucuras (a maior foi ter oferecido um contrato imenso a Ben Gordon, algo corrigido anos depois), mas embarcou naquela série de temporadas ruins que acabam garantindo posições boas no Draft seguinte limpando a folha salarial sempre que podia (talvez o mais importante). Nas últimas quatro temporadas, em nenhuma houve mais que 30 vitórias (111 nos quatro campeonatos mais recentes, pra ser mais exato – o Miami teve 112 nos últimos dois, mesmo com a de 2012 mais curta). Com isso, a franquia de Michigan teve quatro escolhas no Top-10 da primeira rodada desde 2010. E até que aproveitou bem. Escolheu o ótimo ala-pivô Greg Monroe em 2010 (7), o armador-ala Brandon Knight no ano seguinte (8), o pivô Andre Drummond em 2012 (9) e agora pinçou o ala Kentavious Caldwell-Pope (9), além de, na segunda rodada, os úteis Tony Mitchell (ala/ala-pivô) e o espevitado Peyton Siva (armador de Louisville).

Daria, até, pra dar mais uma temporada de derrotas para esse elenco amadurecer mais e o Detroit conseguir mais um pick alto no Draft de 2014 (este que todos falam ser a oitava maravilha do mundo), mas Joe Dumars (gerente-geral da franquia) parece que cansou de perder. Craque como jogador e ótimo como dirigente, ele viu a folha absurdamente vazia para esta temporada (está em US$ 34mi, mais de US$ 20mi abaixo do teto salarial da NBA) e decidiu que era hora de voltar a ser grande. Contratou o bom Maurice Cheeks (na foto à esquerda) para ser técnico (Mo estava como assistente de outro time que fez uma excelente reconstrução, o Oklahoma, e sabe bem como é lidar com essa galera jovem em busca de brilho e espaço) e no sábado decidiu abrir a carteira (algo não muito comum nos Pistons).

Com o mercado inteiro a disposição e grana pra investir, Dumars mirou esforços em Josh Smith, e fechou contrato com o explosivo ala, ex-Atlanta, de quatro anos e US$ 56 milhões (são US$ 14mi/ano, bastante coisa, sem dúvida alguma). É a primeira contratação grande do time em muitos anos (talvez desde aquela troca que trouxe Rasheed Wallace em 2004) e que mesmo assim não sangra os cofres da franquia. Para este ano, como mencionei acima, os Pistons agora ficarão abaixo do teto salarial caso não contratem mais ninguém. Na próxima temporada, apenas US$ 25 milhões estão garantidos (acredito que o time renove com Brandon Knight e Andre Drummond). Para 2015/2016, nada, nada mesmo.

E o que isso tudo quer dizer? Que a reconstrução do Detroit ainda não acabou (longe disso), mas que o caminho está sendo muito, muito bem pavimentado. Muita gente diz que Josh vem para jogar de ala, deixando o quinteto titular com Knight, Pope, J-Smith, Monroe e Drummond (com Siva, Mithcell, Jonas Jerekbo, Rodney Stuckey e Kyle Singler pra rodar no banco), algo bem bom para o Leste (talvez dê até pra pensar em playoff nesta temporada), que não atrapalha o desenvolvimento dos jovens e que mantém os Pistons abaixo do teto salarial da NBA (uma das exigências do alto escalão da franquia). Se quiser se arriscar com ainda mais força no mercado no ano que vem, os Pistons terão um elenco jovem e talentoso, além de muita grana, para oferecer.

Joe Dumars, aquele armador genial e paciente que foi bicampeão como jogador, mais uma vez deu show de paciência para remontar uma franquia que foi tão vitoriosa no começo deste século. Ainda não chegou lá, os Pistons ainda não estão prontos, mas são peças certas e escolhidas calmamente, sem loucuras, sem alarde e barulho. Como sempre foi Dumars como atleta, aliás.

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