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Bala na Cesta

Sem Dwight Howard, como será o futuro do Lakers?

Fábio Balassiano

07/07/2013 02h55

Você leu aqui ontem que acabou a novela envolvendo Dwight Howard, né. O pivô conversou, desconversou mas enfim fechou com o Houston Rockets para os próximos anos (insisto no ponto: foi uma decisão sábia e madura de D12). Sem ele, porém, a grande pergunta que fica no ar para o Los Angeles Lakers, time pelo qual o gigante jogou na temporada passada, como fica a situação dos angelinos?

Não dá, agora, para criticar Mitch Kupchak, gerente-geral dos Lakers, por trocar Andrew Bynum pela esperança que Howard ficasse mais que a única temporada que disputou na Califórnia. Era o risco que se corria, e foi na tentativa de pinçá-lo com um anel de campeão que a franquia de Los Angeles pensava na renovação. Não rolou, Mitch colocou um comunicado no site oficial do time desejando o boa sorte habitual e agora precisará seguir a vida com um elenco que se já era fraco, ficou ainda pior.

Se Kupchak não pode ser criticado por isso, ele deveria, no entanto, dar uma escutada na entrevista que Dwight Howard deu a ESPNRadio de Los Angeles no fim da noite de sexta-feira (clique aqui para ler). O pivô disse o seguinte: "Olhei para os dois times (Houston e Lakers) e vi que o Houston estava indo em uma direção interessante – com um elenco jovem (a), com um técnico (Kevin McHale) muito bom (b) e que entende e pode me desenvolver como pivô. Acho que tive bons momentos no Lakers, mas o estilo de jogo dali não me ajudava muito (c). É algo que não vai mudar, sem dúvida alguma", analisou.

Não sei se poderia haver uma análise melhor para a situação do Lakers. O time é velho (a), com um técnico ruim (b) e com a única nota de sistema tático que Mike (NO)D'Antoni sabe fazer em sua vida – contra-ataque, independente do elenco que estiver na mão. Howard não está saindo porque não aguenta Kobe Bryant (foto à esquerda), mas simplesmente porque sabe que com este estilo de jogo e com este elenco o Los Angeles Lakers não irá longe tão cedo.

E o recado é bem claro, com ou sem ele: o elenco de apoio angelino é trágico, horrível, bem ruim mesmo. Cansei de colocar aqui estatísticas que mostravam como o rendimento do time caía quando os titulares saíam de quadra, e a tendência é ficar exatamente igual para a temporada que começa em cinco, seis meses. E a gente sabe bem qual o objetivo de Kobe nos anos que ainda restam em sua carreira – conquistar um último anel de campeão. Para o problema de técnico, não seria tão difícil: é chamar D'Antoni em uma sala com ar condicionado, agradecer a ele pelos (não) serviços prestados e correr atrás de alguém que realmente entenda que o basquete não se resume apenas ao corre-corre.

Mas a grande dúvida, agora para os Lakers, é saber como lidar com um mercado já não tão recheado (Josh Smith fechou ontem com o Detroit, OJ Mayo assinou com o Bucks etc.) e com uma folha salarial de mais de US$ 77mi para 2013/2014 (quase US$ 20mi a mais que prevê o teto salarial da NBA). Existem três caminhos:

1) Partir, tal qual o Boston Celtics fez, para uma renovação radical, trocando Pau Gasol e quem sabe até Kobe Bryant. Não me parece ser o caminho que o time vai seguir – e nem o que eu seguiria, sinceramente.

2) A segunda é a do desespero. É partir com tudo para o que ainda está disponível no mercado e montar o que há de melhor em torno de Bryant, Gasol e Nash para uma tentativa ainda esta temporada. Há bons nomes ainda disponíveis: Andrew Bynum (foto à direita), Andrei Kirilenko, Gary Neal, Stephen Jackson, Corey Brewer e Carlos Delfino. O grande problema é que os Lakers não têm muita para oferecer, não.

3) O que poderia dar mais resultado seria mais ou menos abdicar da próxima temporada. O time aproveitaria que para 2014/2015 apenas Steve Nash estaria na folha salarial (sim, no próximo campeonato os Lakers, agora, têm apenas o canadense sob contrato), teria grana para investir em agentes-livres, uma boa escolha no já decantado Draft de 2014 e chance de, com Kobe por lá, tentar um último suspiro de seu craque no auge. O problema é que isso esbarra justamente no desejo do maior nome da franquia – Kobe Bryant. A gente sabe quão exigente ele é, e falar para um cara tão competitivo quanto ele um "ah, vamos perder, ano que vem tentamos de novo" soa pior do que música ruim tocada infinitas vezes. Isso, lembrando, um cara que vem de lesão grave e cujo rendimento em quadra ainda é impossível prever.

É essa dicotomia que o Los Angeles Lakers precisará lidar rapidamente. Conversar com sua estrela e apontá-la o caminho de uma temporada tortuosa e mirar o futuro ou arriscar tudo no que ainda resta do mercado. O que você faria?

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