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Bala na Cesta

Depois do vice-campeonato, a dúvida: como serão os próximos anos do San Antonio Spurs?

Fábio Balassiano

22/06/2013 08h48

"Disse a todos eles que os amava demais". Foi com essas que Gregg Popovich (foto), técnico do San Antonio Spurs, respondeu a pergunta na entrevista coletiva sobre como foi o papo dele com os atletas texanos depois da derrota por 95-88 no jogo 7 que selou o bicampeonato do Miami Heat e o primeiro vice-campeonato do Spurs. Mais do que o carinho que o rabugento (ao menos para a imprensa) Pop tem pelo seu grupo, peguei-me perguntando como seriam os próximos anos de uma das franquias mais vitoriosas por um período longo de tempo da história da NBA (quatro títulos e TODAS as temporadas com mais de 50 vitórias desde 1998).

E esta não é uma pergunta fácil de responder, não. Do núcleo principal do time, Tony Parker e Tim Duncan (ele garantiu que ainda não é hora de se aposentar, não) têm mais um ano de contrato. Manu Ginóbili, que disse que se sentia um lixo depois de ver o título escorrer pelo ralo de uma maneira tão cruel, é agente-livre e afirmou que considerava a aposentadoria. Mas eu, sinceramente, não creio. Pelo que conversei, vi e li, foi mais uma declaração no impulso, na tristeza daquele momento (foi antes do jogo 5, quando ele realmente não estava jogando nadica de nada). É meio óbvio que seu salário (o mais alto da atual temporada – mais de US$ 14mi) tem que ser revisto, mas eu não consigo imaginar o argentino fora do Texas no próximo campeonato.

Com os três e Popovich por lá, é a hora de RC Buford começar a trabalhar bem como sempre fez. A folha salarial de US$ 69 milhões nem é das mais altas da NBA (é apenas o décimo-segundo que mais gasta), e será reduzida com o novo salário de Manu e a saída de Stephen Jackson (US$ 10,6 mi). Além disso, Kawhi Leonard e Danny Green, dois jovens que foram muitíssimo bem nessa temporada, têm mais um e dois anos de contrato, respectivamente, e ganhando bem pouco.

A questão central é mesmo Tiago Splitter (escreverei especificamente sobre o brasileiro depois). O pivô fez uma boa temporada, é pivô (no mercado a posição é valorizada) e certamente receberá propostas mais tentadoras do que a mínima do Spurs (caso algum time ofereça mais que os US$ 4,9mi/ano dos texanos, a franquia de San Antonio poderá cobrir a oferta). Resta, apenas, saber até que ponto os Spurs estarão dispostos a abrir o cofre por um jogador talentoso, sem dúvida alguma talentoso, mas cujo retorno nunca será excelente, excepcional. Tiago é um ótimo jogador de elenco, de ajuda, mas nunca um definidor – e ninguém cobra isso dele por lá. Outro que está na mesma situação do brasileiro é Gary Neal. O arremessador sai valorizado após um ótimo playoff e despertará interesse de franquias dispostas a pagar mais que os US$ 1,1mi que o Spurs colocam como oferta inicial.

A gente que contratar nunca foi problema para Buford e os Spurs. Os caras têm os melhores olheiros do mundo, sempre conseguem catar um ótimo jogador nos quinhões do Uzbequistão para completar a rotação – e este sempre foi um dos segredos do sucesso financeiro e esportivo do Spurs. Para voltar a ganhar um título, porém, talvez seja necessário um pouco mais. Alguém mais físico no garrafão seria uma boa. Alguém para ajudar Tony Parker na armação, idem. E um ala para pontuar com consistência, também.

De todo modo, a base a gente sabe que estará lá – e certamente o sucesso também. O time é novo (três dos cinco titulares não chegam aos 30 anos ainda), o banco tem ótimas opções e o melhor técnico da NBA dá expediente por lá também. É manter a cabeça no lugar, não fazer loucuras nas renovações e garimpar aqueles reforços que depois os outros times ficam com inveja de não terem visto antes. Se vai dar em título ninguém sabe. Mas desmontar o trabalho agora para recomeçar do nada não faz sentido algum.

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