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Bala na Cesta

Após segundo título seguido, a pergunta: estamos vendo a dinastia do Miami Heat na NBA?

Fábio Balassiano

21/06/2013 15h30

No dia 9 de junho de 2012, escrevi aqui que depois de conquistar o Oeste pela primeira vez o Oklahoma City Thunder poderia começar uma dinastia na NBA. Foi um elogio ao trabalho de reconstrução feito por lá, mas eu acabei não enxergando o óbvio: o outro finalista da temporada 2011-2012, o Miami Heat que chegaria a sua segunda final seguida, também estava na mesma toada.

Um ano se passou, Russell Westbrook se machucou e o Thunder ficou pelo caminho, mas o Miami se manteve firme, ficou ainda mais forte e chegou à decisão de novo. No terceiro ano do Big 3 (Chris Bosh, LeBron James e Dwyane Wade), três finais seguidas e dois títulos. O MVP é LeBron, claro, mas o mérito disso tudo, também, é de Pat Riley, que acabou montando a equipe que poderá se tornar uma das mais vitoriosas da história da NBA.

Li que ontem na transmissão da ESPN Anderson Varejão (muito bem comentando!) falou sobre como Pat Riley (na foto com o técnico Erik Spoelstra) fisgou James no verão norte-americano de três anos atrás (mostrando todos os anéis de campeão que havia conquistado em sua carreira de jogador e técnico), mas não foi bem assim. O grande mérito da gomalina mais famosa da NBA foi ter mostrado a LeBron que ali, na Flórida, ele teria a seu lado os melhores jogadores de composição de elenco (role players) do mundo e que sua comparação não deveria ser com Michael Jordan, mas sim com Magic Johnson, jogador que havia sido comandado por Riley anos antes em Los Angeles. Seu papel seria não só o de definidor (algo que Magic também fazia), mas principalmente o de facilitador, o de condutor, o de organizador de todas as ações ofensivas de seu time (por isso disse ontem na Twitcam que engana-se quem pensa que o armador do Miami é Mario Chalmers e não LBJ…).

Pat Riley sabia estava trazendo o melhor jogador do mundo para jogar ao lado de Dwyane Wade, um baita jogador, e de Chris Bosh, outro ala-pivô fenomenal. Aproveitou para, no primeiro ano, cercar o trio com ótimos jogadores. Melhorou no segundo, e foi campeão. Neste, trouxe Ray Allen, Chris Andersen e Rashard Lewis para formar um dos melhores elencos que a NBA já viu, deixando LeBron ainda mais tranquilo para armar e decidir quando preciso. A "graça" do Heat nesta temporada era justamente essa: mesmo com o melhor jogador do mundo em quadra, todo mundo ali podia decidir a partida com um arremesso (Battier, Allen, Cole, Miller, Chalmers etc.), toco (Andersen, Bosh ou Haslem) ou roubo de bola.

E é com este núcleo fortíssimo, e bem caro (com US$ 83 milhões, o time foi o quarto que mais gastou neste campeonato) que o Miami seguirá em busca de novos recordes (ninguém desde o Los Angeles Lakers do começo de século conseguiu um tricampeonato seguido na NBA). LeBron, Wade e Bosh têm contrato garantido até a próxima temporada, mas duvido que algum deles opte por sair ao final do próximo campeonato. Além deles, Cole, Haslem, Chalmers, Miller, Anthony e Battier estão garantidos para 2013/2014. Ray Allen, Rashard Lewis e James Jones podem optar por sair, mas tampouco acredito que aconteça. A folha, que já é alta, ficará ainda maior (no mínimo US$ 85 milhões – se vierem reforços, isso pode aumentar).

Ou seja: tirando Chris Andersen, que assinou contrato no meio da temporada, o núcleo que conquistou o bicampeonato da NBA ontem estará todo lá para defender o caneco e tentar o tricampeonato. Na apresentação do Big 3, LeBron James disse a seguinte frase: "Vim para cá pra ganhar títulos. Não um. Não dois. Não três…". Parecia arrogante três anos atrás, não? Hoje não parece tão irreal assim…

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