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Bala na Cesta

'Metódicos', San Antonio Spurs e Memphis Grizzlies abrem final do Oeste hoje no Texas

Fábio Balassiano

19/05/2013 05h00

Não era a final do Oeste esperada no começo da temporada por nove entre dez analistas da NBA no planeta. Oklahoma, Lakers e Clippers estavam no Hall dos favoritos a disputar, junto com o San Antonio Spurs, a decisão da conferência mais equilibrada (e forte) da melhor liga de basquete do planeta. Os Spurs chegaram lá, mas os outros ficaram pelo caminho para que o Memphis Grizzlies fosse até lá pela primeira vez na história da franquia. E a série final começa hoje, no Texas, a partir das 16h30 envolvendo dois dos times mais "metódicos" do campeonato (a ESPN tem os direitos e exibirá todos os jogos da série).

O San Antonio Spurs chega a sua segunda final de Oeste seguida repetindo o mantra dos últimos dez anos: cercar suas três estrelas (Tim Duncan, Manu Ginóbili e Tony Parker) com os jogadores que mais se adaptam a eles e ao esquema de Gregg Popovich com funções muito bem definidas pelo treinador para cada um deles. Notem que não usei o termo 'os melhores jogadores', mas sim aqueles que mais 'se adaptam'. O Gian, aqui do lado no ótimo Blog Vinte Um, escreveu bastante sobre isso, e acho que o mais interessante é notar que atletas pouco "visados" em Draft ou janelas de transferência se dão muito bem no Spurs e quando saem são um fiasco (tanto é assim que não é raro vermos jogadores escolhidos na posição 50, 55 ou pinçados em times da Europa vingando com gosto por lá).

O motivo é bem óbvio: todos ali são parte de uma engrenagem muito bem azeitada por Pop e RC Buford (Gerente-Geral que por ser na dele, caladão, nerdão, pouco aparece e recebe menos crédito do que merece/deveria – na foto à esquerda). Os jogadores sabem, e isso talvez seja o motivo pelo qual dá muito certo, que valores individuais contam muito menos ali do que em outras franquias (a pressão, portanto, não está em cima deles). Bruce Bowen é o melhor exemplo disso no passado, e Danny Green e Kawhi Leonard, no presente. O San Antonio Spurs, que não está nem entre os dez times com as mais altas folhas salariais da NBA, tem um método de gestão que pouco mudou nos últimos 15 anos (quase sempre com contratos curtos para as não-estrelas), e quer voltar às finais pela primeira vez desde 2007 apresentando um basquete bem mais arejado do que aquele das finais contra o Detroit Pistons. Popovich evoluiu, Manu trouxe o sopro de genialidade a níveis difíceis de se ver por aí e Parker está cada vez melhor. Isso, claro, sem falar em Tim Duncan, um dos melhores alas-pivôs de todos os tempos.

Do outro lado estará o Memphis Grizzlies, que na minha opinião tem a melhor defesa desta temporada na NBA ao lado de Indiana Pacers e Chicago Bulls e que até agora não perdeu em casa nos playoffs (além disso, venceu oito das últimas nove partidas). O time, este sim um mão fechada de dar gosto (tem a sexta melhor folha salarial da liga), tem um método de trabalho bem simples: morder na marcação e soltar a bola para Zach Randolph no ataque. O mais interessante é que o time, para evitar pagar aquela taxa de luxo à liga por altos salários, teve a coragem de limar um de seus melhores jogadores (Rudy Gay) para aliviar o orçamento no meio do campeonato e não deixou a peteca cair (mérito ainda maior para Lionel Hollins, o técnico (foto à direita). A inteligência da nova diretoria agora comandada por John Hollinger (ele era analista da ESPN!) foi trocar um excelente jogador (Gay) por um ótimo (Tayshuan Prince) e alguns médios (Ed Davis, Austin Daye e Keyon Dooling) para aliar a técnica de Conley e Z-Bo ao jogo atlético e defensivo ao cubo de Tony Allen e Marc Gasol.

Aqui, aliás, cabe uma observação interessante sobre o Memphis: todo mundo riu (e riu merecidamente) quando os Grizzlies trocaram Pau Gasol para os Lakers por Kwame Brown, lembram? O que quase todo mundo esquece é que naquele pacote estava o então menino Marc, irmão de Pau e escolhido no Draft de 2007 pelos angelinos. Foi com ele, Marc Gasol, e Conley, também escolhido seis anos atrás, que começou a ser formado este timaço de basquete que hoje é o Memphis. E o mais engraçado é que não dá nem pra olhar pro Draft e dizer um 'ah, mas eles escolheram jovens muito bons e reconstruíram'. Fui dar uma olhada nas últimas escolhas dos caras e chega a ser ridículo que um time que escolheu tão mal tenha se dado tão bem nos últimos três anos na NBA sem grandes contratações assim. A franquia chegou a trocar Kevin Love para ficar com OJ Mayo em 2008, desperdiçou uma segunda posição com Hasheem Thabeet no ano seguinte (James Harden, Ricky Rubio, Stephen Curry e Tyreke Evans vieram depois…) e em 2010 usou sua primeira rodada com Xavier Henry. E mesmo assim o Memphis chegou lá, virou time grande, virou uma das mais temidas forças da NBA. Baseou seu jogo em uma insana e sufocante defesa e nos talentos Zach Randolph e Mike Conley e agora colhe os frutos.

Sinceramente não tenho a menor ideia do que acontecerá nesta decisão do Oeste. Os dois times têm excelentes técnicos (Gregg Popovich e Lionel Hollins), ótimos marcadores no perímetro (Danny Green e Kawhi Leonard de um lado; Tony Allen e Tayshuan Prince do outro), excelentes armadores (Tony Parker e Mike Conley), excepcionais alas-pivôs (Tim Duncan e Zach Randolph) e ótimos pivôs (Marc Gasol). A única certeza é: será uma baita série pra quem curte um basquete pensado, analisado, recheado de ajustes e contra-ajustes dos técnicos.

Quem será que representará o Oeste na final da NBA? Algum palpite? Então é só comentar!

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