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Bala na Cesta

Flamengo supera primeiro tempo desastroso, vence Paulistano e abre 2 a 0 na série

Fábio Balassiano

03/05/2013 10h19

Por Fernando Hawad Lopes, direto do Rio de Janeiro (RJ)

Após vencer a primeira partida da série de quartas-de-final em São Paulo, o Flamengo reencontrou sua torcida nesta quinta para o segundo duelo diante do Paulistano. E se o triunfo rubro-negro na capital paulista veio com bastante suor, a vitória de ontem foi ainda mais difícil. O líder da fase de classificação precisou do apoio da massa, que lotou o ginásio do Tijuca, para reverter uma desvantagem que chegou a ser de 19 pontos no primeiro tempo. Com a pontaria afiada na etapa final, o Flamengo superou o aguerrido time de Gustavo de Conti por 80-76 e abriu dois a zero na série. Uma nova vitória no sábado (21h30), também no Tijuca, garante o time de José Neto nas semifinais.

Cada time dominou um tempo no jogo desta quinta. Os dois primeiros quartos foram do Paulistano. Com uma defesa impecável e muita precisão nos tiros de fora, a equipe visitante abriu de cara 11-2, forçando o técnico José Neto a pedir tempo. Mas nem a parada serviu para o Flamengo reagir. Marquinhos, cestinha do primeiro duelo, foi completamente neutralizado pela forte marcação dos paulistas. As outras principais armas ofensivas do time carioca, como Olivinha e Benite, também não se encontravam em quadra. O ala Eddy estava em boa noite e os habilidosos armadores André (Manteguinha) e Elinho contribuíram para os visitantes fecharem o primeiro período com vantagem de oito pontos: 21-13. A segunda parcial foi terrível para o Flamengo. Se os titulares já não estavam em boa noite, os que vieram do banco erraram ainda mais. Nos primeiros cinco anotaram apenas dois pontos, enquanto o Paulistano fez dez. A defesa dos comandados de Gustavinho manteve a pegada, não deixando o ataque rubro-negro respirar. Com isso, abriram 19 pontos (36-17). Com uma bola de três do paraguaio Bruno Zanotti nos segundos finais, o Flamengo cortou a diferença para 16 e a primeira metade terminou 38-22 para os visitantes.

Na volta do intervalo, a postura da equipe de José Neto mudou radicalmente. O time passou a defender com muita consistência e o ataque, que tem média de 90,8 pontos por jogo na competição, voltou a fluir. Marquinhos, que tinha anotado apenas cinco pontos no primeiro tempo, acordou no terceiro quarto, acertando três bolas de três seguidas e incendiando a torcida. Os cariocas foram encostando no placar e o Paulistano claramente saiu de seu sistema de jogo. No entanto, o Flamengo perdeu Caio Torres ainda no terceiro período. Após cometer sua quarta falta num lance de ataque, o pivô foi tirar satisfação com a arbitragem, levou uma técnica e foi eliminado da partida. Inconformado, Caio ainda discutiu asperamente com o auxiliar técnico do Flamengo, Diego Falcão, no banco de reservas. Mesmo assim o time não perdeu o foco e numa bola de três de Benite faltando 15 segundos para o fim o rubro-negro passou a frente pela primeira vez (53 a 52). Ainda deu tempo para Zanotti converter outra bola de três, no estouro do cronômetro, levando o ginásio à loucura.

Quando tudo indicava que o embalado Flamengo abriria vantagem no marcador, o Paulistano não se abateu com o terceiro quarto ruim e manteve o equilíbrio no último período. Cinco jogadores do time paulista terminaram a partida com mais de 10 pontos. Eddy e Toyloy tiveram 16 e 13 pontos, respectivamente. Elinho anotou 12. André e Alex contribuíram com 11. No Flamengo, destaque novamente para Marquinhos, que superou o fraco primeiro tempo e foi o cestinha da partida com 19 pontos. Benite e Kojo anotaram 12 cada um e Shilton, que jogou bastante tempo devido à exclusão de Caio, apesar de errar muito, fez 11 pontos. Aliás, o pivô reserva do Flamengo foi personagem de uma polêmica no fim do jogo. Faltando cerca de dois minutos, os mandantes venciam por cinco quando o Paulistano, provavelmente inspirado nos adversários dos Lakers na NBA, que adoram mandar Dwight Howard para a linha do lance-livre, sua inimiga número um, inventou um "hack-a-Shilton", estratégia que desagrada muita gente. Confesso que não curto muito, mas não há nada na regra que impeça um time de agir dessa forma. Portanto, pode ser feio, mas não ilegal. E a tática deu certo, pois assim como o pivô dos Lakers Shilton teve aproveitamento pífio na linha (3/11 no jogo), errando quatro lances seguidos nos últimos minutos. Os visitantes cortaram a diferença para apenas um pontinho (77 a 76). Faltando 15 segundos, José Neto tirou Shilton da quadra porque sabia que o pivô seria alvo de mais uma falta do adversário. Os lances-livres caíram na mão de Olivinha. Ele acertou o primeiro e errou o segundo, mas apareceu Duda para pegar o rebote decisivo, passando a bola rapidamente para Olivinha, que foi cobrar mais dois lances. Desta vez, ele converteu ambos, garantindo a vitória do rubro-negra.

O ala Marquinhos exaltou a força da torcida, segundo ele, fundamental para a vitória. "Fomos muito mal no primeiro tempo, forçando as jogadas e com baixo aproveitamento, mas no segundo tempo as coisas se encaixaram. A torcida foi muito importante. A gente sabe que depende muito dela para chegar ao título e força que ela nos dá é fundamental para as vitórias", afirmou o cestinha do NBB. Já o técnico Neto, também exaltou a reação da equipe e disse não condenar a postura do Paulistano no fim do jogo. "No primeiro tempo não jogamos de acordo com o estilo da equipe do Paulistano. Era como se estivéssemos sambando num show de rock. Depois a equipe se acertou e demonstrou muita força para reagir. A estratégia de fazer faltas no Shilton eu considero normal, faz parte do jogo e até deu certo para eles. Só acho que quando isso acontece com o jogador fora da bola, deveria ser marcada a falta anti-desportiva, como foi na primeira, mas teve outra que também deveria ter sido", disse o comandante rubro-negro.

Pelo lado dos paulistas, o técnico Gustavo de Conti lamentou a queda de produção defensiva do time. O jovem treinador também pediu mais critério da arbitragem. "A arbitragem hoje foi boa, não interferiu no resultado. Mas eu espero que no próximo jogo os três árbitros que forem apitar marquem as mesmas faltas que marcam sobre o Marquinhos e o Benite, especialmente esses dois, no Elinho e no André, que são jogadores tão agressivos (procuram a cesta, partem para cima) quanto o Marquinhos e o Benite e os árbitros muitas vezes não marcam neles as mesmas faltas que marcam nos dois do Flamengo", afirmou Gustavo.

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