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Bala na Cesta

Após 'enterro', Boston pode confirmar renascimento contra o Knicks e empatar a série

Fábio Balassiano

03/05/2013 01h36

Na noite de quarta-feira, os jogadores do New York Knicks foram para o Madison Square Garden vestidos de preto. Haviam combinado, acharam "sensacional" e cumpriram. Era uma referência ao "enterro" simbólico que eles fariam do Boston Celtics na partida que seria jogada em instantes. Bem, e vocês sabem o que aconteceu na quadra, certo? O Boston jogou demais, venceu por 92-86 e reabriu uma série que, depois de os nova-iorquinos abrirem 3-0 com amplo domínio, está mais… viva do que nunca apesar de ainda ser liderada pelos Knicks por 3-2.

Noves fora o gosto da brincadeira, que não é tão nova assim na NBA (outros times já combinaram de se vestir de preto antes de playoffs), é de imbecilidade absurda fazê-la isso contra um time como o Boston – este Boston que tem uma alma e um coração do tamanho do mundo. Celtics, só pra lembrar, que tem um animal como Kevin Garnett – na foto com a camisa 5 – suando como um louco no garrafão e vencendo dores, adversários e a idade para apanhar qualquer mísero rebote como se fosse o último.

Como o próprio técnico do Knicks disse ontem à tarde no treino aos meios de comunicação dos EUA, o foco saiu do jogo, da quadra, para as vestimentas de seus jogadores. O que me deixa mais assustado, além do que já falei, é: o NYK não vence uma série há mais de uma década. Vai tirar onda com o quê, gente? Deveria ter entrado em quadra pra jogar bola, jogar basquete e, depois, caso ganhasse, falar horrores. Preferiu a provocação antecipada, perdeu o jogo e depois teve que ouvir gracinhas dos jogadores do Boston ainda na quadra (teria feito o mesmo, diga-se de passagem).

Woodson reprovou a atitude, disse que falou isso aos seus atletas, mas o fato é que hoje às 20h o Boston Celtics abre seu ginásio para tentar empatar uma série que (repito) estava perdida, perdida (o jogo 4, o que evitou a varrida, só foi vencido na prorrogação, num sufoco danado). Kevin Garnett renasceu, Paul Pierce lembrou o velho Paul Pierce, Jason Terry acordou e Jeff Green está estupendo nos dois últimos jogos. Isso tudo com sete jogadores fazendo a rotação, sem Rajon Rondo, sem Leandrinho, sem um elenco numeroso. Repito o que disse no Twitter na noite de quarta-feira: torça ou não para os Celtics (eu não torço), é impossível não admirar a doação desses caras em quadra, em qualquer jogo, em qualquer situação (independente do que aconteça logo mais, que isso fique claro). Todo torcedor sonha não em ter um time vencedor, um time genial, um time recheado de craques. Torcedor gosta de entrega, de jogador se matando a cada lance. É justamente isso que os Celtics fazem a cada noite há seis temporadas, desde que o núcleo formado por Pierce, Garnett, Rondo e Allen se juntou.

Rudy Tomjanovich (foto à direita), técnico bicampeão pelo Houston na década de 90, disse certa vez uma frase que ficou marcada para quem gosta de NBA (bom, pelo menos pra mim ficou – relembre aqui): "Nunca duvide do coração de um campeão". O Knicks, pelo visto, parece ter esquecido do coração do rival. Ele ainda batia. E foram os nova-iorquinos, trajados de preto, que fizeram batê-lo novamente. Esse Boston tem o coração de campeão com Garnett, Pierce e com o técnico Doc Rivers, que faz brilhante trabalho nesta temporada de modo geral e nesta série em especial (ele conseguiu manter o foco do time mesmo com lesões em sequência).

Agora é esperar pra saber se o morto-vivo renasce de vez para um alucinante jogo 7 ou apenas suspira pra cair diante de seus torcedores. O que vocês acham que acontece logo mais em Boston? Comente!

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