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Bala na Cesta

Com show de Robert Day e homenagem a Hélio Rubens e Helinho, Uberlândia vence Franca e estraga a festa

Fábio Balassiano

13/04/2013 14h20

Por Marcella Murari, direto de Franca (SP)

Franca precisava vencer para ficar no G4. Era obrigação após a vitória do Bauru em cima do Minas na noite de ontem em Belo Horizonte. E a obrigação trouxe frustração e surpresa. O time da casa, detentor do "título" de maior defesa do NBB 5, foi derrotado nesta sexta-feira pelo Uberlândia por 75-73. Os destaques foram Lucas Mariano (22 pontos) e Figueroa (6 assistências) pelo Franca, e Robert Day (17 pontos – foto à direita) e Robby Collum (5 assistências) pelo Uberlândia.

Quem pensou que os torcedores cairiam no esquecimento de tudo que Hélio Rubens, ícone do basquete nacional, fez para Franca se enganou. Após 50 anos de sua vida dedicados ao time como jogador e técnico, ele recebeu das mãos do presidente José Guilherme Calil Maia uma placa de agradecimento aos serviços prestados e ficou muito emocionado com a atitude da torcida, que o aplaudiu e o ovacionou. Seu filho Helinho, outro ídolo de Franca, foi merecidamente homenageado no início do jogo com uma faixa das mãos de garotos que sonham, um dia, em jogar basquete também e serem tão bons como ele.

O preparo foi grande e a expectativa maior ainda. A torcida compareceu em peso – cerca de 5500 pessoas assistiram este verdadeiro espetáculo no Pedrocão e participou ativamente do jogo, gritando, vibrando e, logicamente, cornetando –, algo que faz muito bem desde o jogo mais simples até em clássicos como este.

A partida começou movimentada, com direito a uma bela enterrada do capitão francano, Teichmann. E ele não demorou a repetir o feito. Foram três encravadas consecutivas, levando o público ao delírio. Em seguida, Jhonathan fez uma cesta de três pontos, viu o time de Uberlândia tentando reagir e o pivô Lucas Mariano pontuando para Franca. Hélio, em seu estilão "tranquilo", pediu tempo e cobrou uma reação de seus jogadores, que acataram e viram seu companheiro, Robert Day, fazer uma cesta de três também. Mas isso não significou uma reação completa, pois o time estava errando o suficiente para que Franca se distanciasse no placar. O primeiro quarto terminou 23-18.

Para o segundo quarto, o técnico Hélio Rubens, pelo que entendi, chamou a atenção de sua equipe para a intensa marcação de Franca (lembrando que o time tomou menos de 65 pontos do Pinheiros e menos de 55 do São José, comprovando a razão de ser a melhor defesa do campeonato). Mas a defesa não deixava vazar muitas jogadas de seus adversários. A troca de passes, muito bem orquestrada, funcionava e levava à uma generosa diferença entre os times no que diz respeito à pontuação. Não foi à toa que, quando as equipes foram para o intervalo, Franca saiu vencendo com 13 pontos de diferença (44 a 31). Jhonathan torceu o tornozelo durante este período, mas não foi nada alarmante e ele pôde voltar no próximo período para ajudar Lula e companhia.

O terceiro quarto trouxe um jogo mais morno e menos pegado. Hélio pediu tempo novamente (time perdendo por 47 a 35) para corrigir as falhas de sua equipe. E não só o Uberlândia estava errando. Franca também deixou espaços em quadra, mas não o suficiente para que o adversário mostrasse um ataque consistente. Por isso a diferença chegou, em determinado momento, a 19 pontos. Focado em mudar a história do jogo e explorar as falhas francanas, o Uberlândia entrou de verdade em quadra e o quarto terminou 58 a 49.

Restavam poucos minutos para que o time alcançasse seu objetivo depois de tanto trabalho. A renovação da equipe não foi em vão. Foi a melhor atitude que a diretoria teve, e não poderia contratar alguém mais indicado para o cargo de técnico. O trabalho de Lula tem chamado a atenção de muita gente que não acreditava que o Franca faria uma campanha como esta. E quem poderia dizer, meses atrás, que o Franca Basquete possuiria a melhor defesa, com média de 72,2 pontos por jogo? O mérito é da equipe, da comissão técnica, da diretoria e da torcida, que atua como sexto jogador e não desacredita em momento algum e sempre vai ao Pedrocão para incentivar. Mas parece que o cruzar de dedos, apelos e cornetadas não funcionaram. Franca estava errando demais no ataque e a diferença caiu para cinco pontos aos seis minutos do último quarto. Lula percebeu que o time precisava se reencontrar e pediu tempo. Não funcionou porque logo o Uberlândia empatou através de uma boa jogada de Robert Day.

A equipe francana parecia perdida em quadra, algo que não condizia com a atitude de todo um jogo. Com menos de 30 segundos para acabar a partida e o Uberlândia vencendo (70 a 72), Lula pediu tempo outra vez. Não adiantou de novo. O time deixou escapar a vitória de uma maneira que não reconheci. O Franca Basquete foi o Franca Basquete até o começo do terceiro quarto. Depois, deu lugar à uma equipe repleta de erros e que não soube segurar o resultado. Bom para o Uberlândia, time experiente e mais organizado taticamente, que aproveitou os deslizes e derrotou o time da capital do basquete, que ficou em quinto lugar na classificação.

"Faltou tranquilidade. Abrimos uma boa diferença no placar, mas não conseguimos segurar a vantagem nos dois últimos períodos", disse Cauê Borges. Lucas, destaque do time, não escondeu a frustração. "Não importa se o time é novo ou não. A derrota foi dolorida. Vamos levantar a cabeça e treinarmos para voltarmos a vencer".

Na próxima terça-feira, o Franca Basquete volta às quadras. O confronto fora de casa com a Liga Sorocabana dá início à uma nova saga de Lula e seus comandados. Mais emoções vêm por aí.

E aí, o que você achou? Viu o jogo? Comente!

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