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Bala na Cesta

Confederação marca eleição pra março, e proíbe entrada da imprensa na abertura de contas

Fábio Balassiano

02/02/2013 00h30

Está marcada a eleição presidencial para a Confederação Brasileira de Basketball. De um lado, Carlos Nunes, candidato da situação. Do outro, Gerasime Nicolas Bozikis, ex-mandatário e que agora concorre pela oposição. Com nota oficial divulgada no site da entidade máxima, o pleito ficou agendado para o dia 7 de março de 2013, às 15h, no Hotel Everest, em Ipanema, Rio de Janeiro.

Mas as principais notícias, e que já foram tema de post no blog da referência chamada José Cruz (leia mais aqui), são as duas que estão lá no site da CBB em nota assinada por Carlos Nunes (foto à direita), presidente da Confederação (reproduzo sem edição para vocês verem o tamanho do escárnio em que estamos metidos – chega a ser engraçado que a entidade máxima tenha informado isso tudo no mesmo dia em que coloquei aqui a entrevista com o Secretário Ricardo Leyser, do Ministério do Esporte, hein):

"Os profissionais credenciados da imprensa, do rádio e da televisão, somente terão acesso ao recinto da Assembleia para o momento de apuração de votos no processo eletivo"

"A movimentação econômica, financeira, administrativa e orçamentária constante da documentação fiscal e contábil, estará à disposição dos integrantes da Assembleia no período da manhã da data da AGO, mediante prévio agendamento"

Algumas coisas importantes:

1) Prefiro começar por essa para evitar qualquer tipo de problema, matando, assim, o mal pela raiz. Li no site da CBB que há um Balassiano na chapa de Grego, a da oposição. Apenas para constar: não tenho relação alguma com José Lazaro – seja de parentesco, seja de afinidade. Não sei se todos sabem, mas sou judeu, e aqui no Rio de Janeiro é muito comum o sobrenome Balassiano (principalmente na Tijuca, onde nasci – para que tenham noção, meu pai e minha mãe têm o mesmo sobrenome, e obviamente nenhum parentesco). Já vi José Lazaro na sinagoga que frequento, mas o papo nunca passou de um cordial "Oi, tudo bem?". Nada mais que isso. Esclarecimento feito, vamos continuar então.

2) Tipo, é isso mesmo que eu li ali em cima? Carlos Nunes está proibindo a imprensa de participar da assembleia de aprovação das contas de sua gestão? É isso mesmo? Tipo, sabemos que sua gestão financeira nos últimos quatro anos de CBB foi terrível (e os balanços estão aí para mostrar, é só buscar no menu lateral aqui do blog), mas proibir a imprensa de entrar na Assembleia me parece demais, censura da mais fina estampa. O pessoal da ditadura ficaria orgulhoso de você, Nunes, só tenho isso a dizer. Que tristeza, hein, fechar-se em trincheiras para decidir uma eleição com 27 presidentes de Federação como se isso fosse o suficiente, hein.

3) Outro ponto interessante: quer dizer que os presidentes de Federação que quiserem fiscalizar as contas da atual gestão da CBB só poderão vê-la na manhã do pleito, mediante autorização? Que coisa bacana, espetacular, hein! Será que algum ser, em sã consciência, consegue analisar o balanço financeiro de uma entidade em menos de um dia, dois dias com a calma e a paciência que uma atividade como essa requer? Será que Nunes está fazendo isso para, também, pressionar, coagir, a quem quiser ver as contas da entidade?

4) Será mesmo que, diante de um cenário como este, de absurdo ao cubo de censura, mau uso das atribuições de uma Confederação esportiva e de falta de democracia, alguma entidade maior poderia intervir? Pensei em falar no COB, mas acho melhor nem cogitar isso, né…

5) Não sei se sou eu apenas que estou indignado com o que li na Nota Oficial da entidade máxima, mas em minha humilde opinião chegamos ao fundo do poço em termos de democracia, de decência, de falta de vergonha na cara no basquete brasileiro. Como disse um grandíssimo amigo, o basquete é um microcosmo do país – do país que ontem viu Renan Calheiros assumir a presidência do Senado, é sempre bom lembrar disso. Carlos Nunes proíbe a imprensa de acompanhar a assembleia em que abrirá as contas da Confederação (Confederação que é bancada com dinheiro público, é bom sempre citar isso!), praticamente coloca uma navalha dos presidentes de Federação que desejarem ler o Balanço e nada acontece, ninguém se revolta, ninguém faz nada. É muita passividade, não?

6) Para fechar. Quem acompanha este espaço sabe, mas não custa repetir: o basquete brasileiro estará entregue em péssimas mãos no dia 8 de março, o dia seguinte às eleições da entidade. Grego é ruim, Carlos Nunes também o é. Discutam-se resultados, gestão financeira, possíveis problemas da ordem que você está realmente pensando e a conclusão é simplesmente uma só: o basquete brasileiro, em termos de desenvolvimento, popularização e investimentos bem feitos, está lascado (se você quiser usar aquele palavrão famoso no lugar do 'lascado' ali também pode).

E aí, concorda comigo? Comente!

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