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Bala na Cesta

Candidato da oposição, Grego quer voltar a presidir CBB em 2013 - leia entrevista exclusiva

Fábio Balassiano

07/01/2013 01h03

No dia 4 de maio de 2009, Gerasime Nicolas Bozikis retirou a sua candidatura da eleição da Confederação Brasileira ao ver que perderia o pleito para Carlos Nunes, seu antigo assessor na entidade. Quatro anos se passaram, e Grego quer voltar a comandar a CBB. Dizendo-se mais maduro aos 69 anos, admitindo erros (principalmente o de centralização do poder) e com a experiência de três mandatos (1997-2001, 2001-2005 e 2005-2009) ele é o candidato da oposição a Nunes na eleição que acontece em março deste ano (ainda sem dia definido). Abaixo a entrevista completa que fiz com ele no Rio de Janeiro no final do ano passado. Deixo, aqui, três observações: a) publicarei todas as perguntas que fiz, ficará longa, eu sei, mas considero os temas importantes; b) Carlos Nunes também foi convidado a participar do mesmo tipo de entrevista, mas até agora não aceitou; c) publico o papo hoje porque a candidatura só foi confirmada no final de 2012 (aqui o link). Vamos lá (foram exatas duas horas de papo).

BALA NA CESTA: A primeira pergunta que todos que gostam de basquete se fazem é: por que você está querendo voltar para presidir uma entidade, a CBB, que já comandou por três mandatos?
GREGO: Razões não faltam: paixão pelo basquete, conhecimento internacional da modalidade e principalmente porque depois de três anos fora do dia-a-dia da CBB (não do basquete, mas sim do cotidiano de decisões da Confederação) consigo avaliar o que é preciso para retomar o bom caminho na modalidade. Isso tudo me deu uma visão, de fora, dos erros que cometi, dos acertos, dá outro ângulo de como podem ser feitas as coisas no esporte. Penso que com o conhecimento que eu tenho e com a experiência do que já passei eu posso oferecer alguma coisa a mais. Os próximos anos serão quatro anos dourados. Não de resultados, porque isso não se pode garantir, mas de dinheiro para se investir no basquete, algo que faltava em minha gestão. Quem sabe teremos R$ 50 milhões de orçamento até 2016. Ou seja: poderei colocar em prática tudo aquilo que sempre desejei, mas não tinha recurso. Sabendo trabalhar, com organização, planejamento, transparência, o basquete volta a figurar entre os grandes esportes deste país. Não podemos de jeito algum perder essa chance. É um momento único. O basquete vai continuar, Mundial vai existir sempre, Olimpíada vai ter, mas jamais com essa intensidade dos próximos quatro anos – principalmente a financeira. Bastante coisa que estava pronta, e que não havia dinheiro para colocar em prática, agora poderei fazer. Você sabe que assinei o primeiro contrato com a Eletrobrás, paguei as contas, deixei R$ 2 milhões em caixa e fui embora. Não tive oportunidade de colocar em prática meus projetos para as categorias de base, os centros regionais de basquete, o Centro de Treinamento, a Universidade do Basquete, entre outras coisas. Além disso, tenho quatro Olimpíadas nas costas. A única que não fui chefiando delegação do Brasil foi em Londres, mas sei bem como funcionam as coisas. No final das contas, quem vai organizar a parte técnica é a CBB no Rio-2016. A parte estrutural é com Ministério, COB, CO-Rio e Governo, mas quando tudo estiver pronto a um, dois meses do começo da competição seremos nós, da Confederação, que seremos os donos daquele espaço

BNC: Você falou em erros de quando era presidente da CBB. Quero saber que erros foram estes e qual a sua avaliação sobre a gestão atual, em termos administrativos, técnicos e financeiros.
GREGO: Acho que teve um erro fundamental que foi de falta de informação. Eu acho que pequei, mas não foi em toda a minha gestão. Nos primeiros oito, nove anos eu tinha lua de mel com a imprensa e com a comunidade do basquete. Tudo começou quando os resultados da seleção masculina não vieram, o problema com o Campeonato Nacional (que não terminou em 2006), alguns problemas que surgiram e com Justiça envolvida. E tudo batia em cima de mim, paciência. Desse período em diante houve muita pancadaria em cima de mim. Muitas coisas não eram verdades, mas nós não falávamos, não reagíamos, nos fechamos mesmo. Este é o grande erro da minha gestão anterior. Se a imprensa não deu, você tem o site. Se o site da CBB não deu, o blog vai dar. Hoje em dia não existe informação escondida. Esse é um erro que não vou cometer de novo. Nós estamos planejando, a cada três meses, colocar um balancete financeiro no site da CBB com o que foi feito no período e quanto houve de receita e despesa. Não há o que esconder, e precisa ser feito. Outra coisa é a seguinte: eu precisava aumentar a estrutura da CBB, mas não consegui fazer isso por conta da questão financeira. Tinha 15 funcionários, e achava que precisava no mínimo chegar a 20, 25. Mas a parte de grana não me deixou avançar. Hoje procuro gente gabaritada e gente do basquete. É preciso entrar na Confederação com currículo. Não quero ser conhecido como o presidente que batia corner e cabeceava. Quero ser o presidente que montou uma bela equipe.

BNC: Desculpe interromper, mas este é um ponto fundamental. Você era muito centralizador, concorda comigo?
GREGO: (Risos) No final, eu diria que sim. Mas preciso colocar uma ressalva: quando você não tem jeito, você acaba assumindo as funções. Aí queria que você separasse as palavras 'centralizador' com 'decisão'. Eu centralizava, sim. Mas quando via que as coisas que eu pedia não estavam sendo feitas, eu mesmo colocava a mão na massa e fazia. Isso é errado, eu sei, mas não é bem centralizador, é mais um perfil de decidir as coisas. Pra você ser qualquer coisa, ainda mais presidente de uma entidade, você tem que ter decisão. Eu decidia. Posso ter errado, mas eu tomava decisão, algo que hoje em dia não é feito no nosso basquete. Centralizar é uma coisa, decidir é outra. Eu decidia.

BNC: Na sua antiga gestão você nunca publicou balanços financeiros…
GREGO: Sim, é verdade, mas nunca houve esse clamor todo por essas publicações. De todo modo, eu sempre coloquei em jornais de grande circulação e avisava que iria sair, sem problema algum, coisa que hoje em dia a gestão atual tenta esconder a todo custo. E tem mais: minhas contas sempre estiveram abertas, prontas para quem quisesse tirar dúvidas. Em reuniões com as Federações, eu falava para todos: "Quem tiver alguma dúvida ou problema com o balanço financeiro, me avise onde está que trataremos do assunto". Nunca tive problema de nada. Sempre fui fiscalizado pelo Comitê Olímpico e jamais deixei de receber dinheiro da Eletrobrás por conta de falta de documentação, coisa que acontece na gestão atual e você está cansado de saber e publicar. Nunca tive um centavo bloqueado de Eletrobrás ou COB, e é preciso mostrar, até porque o dinheiro é público. Mas, como te falei, nos três últimos anos eu realmente me fechei de forma errada e assumo isso.

BNC: E quem estará na sua equipe, caso você seja eleito?
GREGO: O Carlos Fontenelle, formado em Engenharia e com mais de 30 anos de serviços prestados no mundo corporativo, será meu braço direito e esquerdo no novo mandato. Estamos falando do Carlão, que é da UNISUAM e que vai nos ajudar com toda essa questão do ensino a distância para potencializarmos os ensinamentos do basquete no país todo. O Antonio Carlos Barbosa vai trabalhar comigo. Não como treinador mais, mas sim como Coordenador, para clínicas. É um cara experiente e que quero que esteja ao meu lado. Outros nomes vão entrar, mas nesse momento prefiro não revelar. Procuraremos pessoas com ótimos currículos e do basquete. É muito cedo ainda. Existem, sim, alguns pontos básicos do que iremos fazer: recuperar a saúde financeira da entidade, modernizar as federações, voltar a trabalhar com unidades regionais, classificar o país entre os melhores do mundo nas principais categorias, implementar a Universidade do Basquete, voltar a trazer grandes eventos pro Brasil, reformular a gestão nas categorias de base e criar os centros regionais de basquete e a cidade do basquete (aqui no Rio de Janeiro, já estamos vendo terreno inclusive, onde ficará a nova sede e futuramente o museu da modalidade).

BNC: Esse Centro de Treinamento, que você tem o projeto, é algo parecido com o que o vôlei fez em Saquarema, é isso?
GREGO: É isso. Exatamente. Teremos quatro quadras, e tudo será feito por lá. Sub-15, Sub16, Sub-17, Sub-19 e adulta estarão treinando lá. E estará tudo aberto para imprensa e torcedores assistirem. É lógico que não será festa, oba-oba, mas a seleção é o produto que nós temos e precisamos mostrá-lo, vendê-lo. Vamos ter que trabalhar muito nisso, sem dúvida alguma. Falando em seleção, digo desde já: vamos ter que jogar mais vezes no Brasil. Muito mais. A FIBA está criando algumas datas, já, mas independente disso temos divisões de base, times que podemos fazer com atletas do Brasil, tudo isso precisa andar. Faltam jogos, falta rodagem. Na ABASU, entidade que presido hoje, fizemos uma comparação. Um menino que começa a jogar basquete hoje aqui na América do Sul e outro na Europa quando chegarem aos 25 anos, quando afunila, os europeus têm o dobro de partidas internacionais em relação a nós. Isso sem falar na questão técnica, pois há mais times e seleções de alto nível por lá. Isso já falei com as outras Confederações, e vamos fazer.

BNC: A sua candidatura é arquitetada pelo Grupo Horizonte, dos basqueteiros Marcelo Pará e Guy Peixoto, é isso? Confirma essa informação?
GREGO: Não é que ela seja arquitetada. Não é bem esse o termo. Eles apoiaram o Carlos Nunes na eleição passada, e tiveram alguns dissabores com a gestão dele. Por isso me procuraram para presidir a entidade. Me ajudam com ideias e com outros tipos de apoio para que a campanha vá adiante. Eles querem mudanças claras no basquete. Eles trabalharam para o Carlos e nada aconteceu, a verdade foi essa. Com todo respeito, mas analisar uma entidade esportiva pelo viés, como vejo muita gente fazendo, de foi ou não foi para a Olimpíada é muito pouco. Lógico que ir é muito melhor do que não ir, mas o que mudou para o basquete brasileiro de quatro anos pra cá? Não fui com os rapazes, mas fui com todas das meninas e tenho uma medalha olímpica (bronze em Sydney-2000). Dessa seleção que foi para a Olimpíada de 2012, nove jogaram em Las Vegas. Esse mito de que tem atleta que não joga comigo é balela, sério mesmo. Nenê jogou cinco competições internacionais comigo, apenas uma na administração atual. O basquete, hoje, foi terceirizado.

BNC: Você falou que "o basquete foi terceirizado". O que você quer dizer com isso?
GREGO: Vou voltar um pouco até chegar lá. Você pode discutir se uma coisa está bonita ou feia, mas há outras incontestáveis e cujos números falam por si só. Saí da CBB com um superávit de R$ 1 milhão. Com a CBB é simples: tudo é planejado. Não é que nem uma loja, você tem problema, sazonalidade, essas coisas. Lá é fácil: entrou receita, saiu em despesa pros 12 meses e pronto. Saí, deixei um contrato com a Eletrobrás, um espaço para a entrada de outro patrocinador, que veio (o Bradesco), Leis de Incentivo aprovadas e mais o apoio do Ministério dos Esportes. Fora isso, deixei R$ 2,5 milhões em caixa. Passam-se três anos e a CBB tem um prejuízo de mais de R$ 6 milhões até o final do ano passado e dívidas com bancos. Em minha gestão eu nunca entrei em banco para pedir dinheiro emprestado. A gestão atual tem mais de R$ 1 milhão de empréstimo financeiro, isso é um absurdo. Sobre a terceirização, você precisa, sim, contratar empresas para trabalhar com você em áreas que você não consegue atuar com maestria. Você contrata uma agência de marketing, por exemplo, mas você comanda, você dá a diretriz. Mas o que foi feito na CBB foi justamente o contrário. Está tudo entregue ao Brunoro e a sua empresa. Ele é uma bela pessoa, trabalhou comigo, mas não é do basquete. Meus amigos do vôlei até brincam dizendo que se ele, Brunoro, fosse bom ele estaria no vôlei trabalhando e sou obrigado a ouvir calado. Isso não funciona. Você conversa com o presidente Carlos Nunes e ele nunca tem resposta pra nada. Outra coisa: não estão passando recursos para as federações, que estão totalmente asfixiadas financeiramente. Estão piores do que quando eu saí da presidência. Nessa gestão, e isso precisa ser dito também, estamos sem ir a Campeonatos Mundiais a cada ano, isso não pode acontecer. Perdemos até do Chile em um Sul-Americano, e nem na Copa América iremos.

BNC: Sobre essa parte financeira, como você vai pegar esse capeta de frente, uma dívida que deve estar superior aos R$ 7, 8 milhões, e sanear as contas da entidade?
GREGO: Vamos ter que negociar, isso é um fato e é bem simples. As dívidas são com o Bradesco e com o Banco Itaú. Bradesco, veja só você, que é patrocinador da entidade (um absurdo). Claro que não vamos chegar lá, bater na mesa e pagar tudo de uma vez. Mas com credibilidade, criatividade e competência teremos que sanar isso rapidamente. Outra coisa: a CBB hoje possui 45 funcionários de carteira assinada – fora os jurídicos. Isso terá que ser enxugado. Não dá pra ficar assim. O número ideal é de 25 pessoas. É preciso buscar, também, um dinheiro novo para ajustar isso tudo também. Mas o principal, Balassiano, é o seguinte: é acertar as contas com a Eletrobras, porque o dinheiro da principal patrocinadora da entidade não tem entrado por conta de falta de documentação correta e necessária enviada da CBB para a estatal. Outra coisa: muitos projetos, hoje, são incentivados para projetos específicos. Antes não se podia fazer isso. Hoje é possível. Antes eu fazia tudo com R$ 10 milhões, e hoje os caras não estão conseguindo fazer com mais do que o dobro. Eu não era mágico. Eu era planejado. Vou usar uma frase do Alberto Garcia, Secretário Geral da FIBA Américas: "Grego, você está falando de quanto para orçamento da CBB? R$ 25, 30 milhões? Daria US$ 12, 15 milhões. Você sabe qual o orçamento da Argentina? Menos de US$ 6 milhões. Então arregaça as mangas e vai trabalhar". Ninguém tem esse dinheiro nas Américas, com exceção dos Estados Unidos. Isso me dá coragem pra voltar.

BNC: Você falou em competições internacionais no Brasil. Desde 2006 não vemos uma competição de alto nível por aqui…
GREGO: (Interrompendo) Olha, isso me envergonha, como presidente da ABASU. Perder as competições todas que estou vendo aí com tanto de dinheiro que temos é uma vergonha. Eu que estou do outro lado, como presidente da ABASU, me sinto mal como brasileiro. Perdemos a nossa credibilidade. Você vai a reuniões com presidentes de outras Confederaçõese perdemos completamente o nosso respeito perante a eles. Jogamos um Mundial Feminino sob minha gestão em São Paulo, em 2006, e outro Juvenil, em Natal, também feminino. Quero trazer mais competições para cá em pouco tempo.

BNC: Acabo batendo muito no blog sobre os brasileiros de base, da CBB. Não é um modelo antigo, arcaico? Não seria melhor criar um brasileiro de clubes, incentivando as agremiações do país a jogar o ano todo?
GREGO: Não vou acabar com nada sem ter algo melhor para colocar no lugar. Os Brasileiros de Base com as Federações vão continuar, isso é um fato. Não há sistema ruim. É preciso aprimorá-lo, simples. Mas acho que precisamos fazer o de clubes também e isso está no nosso planejamento. E isso podemos fazer via projetos incentivados, regionalizados. Precisamos dar mais jogos nas categorias de base em todas as idades. Você estimula o clube a jogar, a ter mais exposição ao patrocinador, tudo. Se a gente não começar com isso, não vai mudar nunca. Quando falo em clubes, falo também em escolas que também fazem isso no Nordeste e Norte do país principalmente.

BNC: Sobre a terceirização que você citou acima, uma das grandes críticas que há hoje em dia é sobre a falta de uma comunicação/marketing mais agressiva em relação ao basquete para popularização da modalidade. Cito o exemplo da volta da seleção às Olimpíadas, e nada foi feito em relação a campanha de jornal, revista, nada. Venda de camisas, um suplício pra conseguir. Como você pretende mudar isso?
GREGO: Olha, se eu disser que pretendo montar um departamento imenso de marketing na CBB é mentira. Não conseguiremos contratar o número de pessoas, em quatro anos, que o basquete exige e merece. Trazer uma empresa competente de fora está, sim, em nosso planejamento, mas de forma diferente do que existe atualmente. Se essa empresa de fato vier, ela trabalhará conosco, acoplada ao planejamento da Confederação, e será cobrada por mim diariamente. Não ficará trabalhando como se fosse pra si, não.

BNC: Da gestão atual, quem permanece? Magnano, Vanderlei, Hortência.
GREGO: Olha, é difícil falar disso agora, mas o técnico Rubén Magnano foi um dos poucos acertos dessa gestão. E se não me engano já tem contrato firmado até 2016. Esse fica e é competente. Tenho conversado com o Vanderlei mas de forma informal, porque sou presidente da ABASU apenas. Foi meu jogador, é um líder, e gosto do trabalho dele. Ele reclama que hoje não tem dinheiro pra trabalhar, que não tem dinheiro pra treinar. Sobre a Hortência, vamos lá e preciso ser sincero com você: ela, ao lado da Paula, foi a melhor jogadora que eu vi atuar. Mudou o basquete feminino daqui e tem meu respeito. Mas infelizmente nem todo grande jogador vira ótimo dirigente. É o caso dela, mas analisaremos depois tudo isso com calma. Respeito muito a Hortência, e caso ganhe conversarei com ela pessoalmente pra saber como seguirmos – ou não. Agora, uma coisa é certa: não existe isso de trocar de técnico a cada ano. Não há como seguir assim.

BNC: Mudando um pouco de assunto, queria saber o que você fará em relação às duas Ligas Nacionais que há hoje no Brasil – LNB/NBB e LBF. Continuarão independentes, ou o senhor tentará mudar isso?
GREGO: No feminino teremos que fazer um trabalho de choque, de mudança drástica e radical de forma rápida. Isso é um fato, e teremos que repatriar as que estão fora ainda. Trazer, também, umas 15, 20 jogadoras de fora para melhorar o nível da competição interna. Já fizemos isso antes e a CBB bancaria isso. Está muito claro que como está não pode ficar. Hoje há projetos que você faz e pode buscar recursos assim. A CBB tem que assumir nesse começo isso. Infeliz ou felizmente o basquete feminino não decolou no mundo todo, e na Espanha, Argentina e França, por exemplo, as ligas nacionais ainda estão com as Confederações. Temos que ter um calendário adequado, campeonato mais longos e jogadoras de mais qualidade. Ou seja, teremos que ter mais ingerência sobre a LBF. O Feminino ainda é imaturo para eu soltar, ainda não atingiu a maturidade necessária. Começamos o Nacional em 1998 na minha gestão, ginásios cheio, o Fluminense campeão e você deve lembrar bem. A Liga Feminina já existe, está criada, mas precisa ser tratada com o suporte da CBB, dentro da CBB, procurando ajudá-la não só financeiramente, mas principalmente em relação a estrutura e organização do campeonato. No feminino há muito espaço para crescimento.

BNC: E no masculino?
GREGO: Vamos separar um pouco as coisas. No dia de lançamento da Liga no Pinheiros, eu disse: "Estou passando aos clubes a Liga Nacional no momento certo, de uma forma adequada e para as pessoas certas". Se o Oscar tivesse o apoio dos clubes/pessoas, teria passado pra ele. Mas ele não tinha e não ia adiantar de nada. Hoje temos um NBB estruturado, com tudo andando direitinho e com tudo certo. Não há o que mexer na Liga Nacional. Só acho que as duas entidades, LNB e CBB, vendem o mesmo produto – basquete. Podemos e devemos trabalhar em alguns momentos em conjunto, com mais diálogo. Mas uma Liga forte é bom para a seleção brasileira – e vice-versa.

BNC: Pra fechar, queria que você falasse sobre os bastidores da eleição. Sabemos que é um jogo não muito limpo, e queria saber quem já está com você. Um nome eu vou perguntar: Toni Chakmati (foto), da Federação Paulista, está mesmo com você, certo?
GREGO: Sim, estamos juntos, Toni e eu. Sobre a eleição, eu não gosto de falar em números. Eu digo que vou chegar a 17 votos, e o Carlos Nunes afirma que vai chegar a 20. A Dilma deve estar sancionando alguma lei para a criação de novos Estados e não estou sabendo. Brincadeiras à parte, vamos lá. Nós já visitamos 18 Estados e vamos visitar todos para mostrar o trabalho aos presidentes e tudo mais. A eleição é em março, faltam dois, três meses, e dizer, hoje, que você tem um número X de votos é um pouco cedo. Você pode ter assinaturas chancelando a sua candidatura, mas não votos. Na última eu tinha até do Carlos Nunes, veja só você. O cara foi meu rival de urna e assinou. Muito trabalho pela frente ainda. Eu diria a você: nós vamos chegar lá. Hoje temos um número razoável, mas prefiro não falar em números pra você.

BNC: Pra fechar mesmo: você teve algum contato com o presidente Carlos Nunes? Há alguma mágoa?
GREGO: Tivemos contato, sim, porque sou o presidente da ABASU. O Carlinhos, como é chamado, era meu assessor. Trouxe-o do Rio Grande do Sul para me ajudar nessa parte de relacionamento com os presidentes de Federação. Fez muito bem esses contatos. Tão bem que me vendeu na eleição passada (risos). Não existe animosidade com ele, de verdade. Qualquer um pode ser presidente da CBB, pode se candidatar. Mas precisa ser de frente, na cara, na lata. Ficou 15 anos comigo e só veio falar comigo três meses antes. Isso não é correto, né. Isso deixou uma distância, paciência.

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