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Bala na Cesta

Em busca de constância e 'poder de decisão', ala Betinho fala sobre o Minas e sua carreira

Fábio Balassiano

18/12/2012 11h30

O ala José Roberto Nardi Duarte, o Betinho, fez parte da última geração que foi bem longe em mundiais de base pela seleção brasileira. Uma das principais peças do time que foi quarto colocado do Mundial Sub19 em 2007 com a seleção brasileira de José Neto (14,3 pontos e 2,9 assistências na competição), ele viveu na pele algo que todo atleta da base no país vive – a dificuldade na transição para a categoria adulta. Teve pouco tempo de quadra em Limeira, sua cidade natal, o NBB1 e foi buscar espaço no Paulistano, onde passou as últimas três temporadas, antes de se transferir para o Minas, onde é a estrela da equipe neste NBB com as médias de 18,1 pontos. Conversei com o jogador de 24 anos na semana passada sobre o começo do time de Raul Togni, as expectativas para a temporada e seus próximos passos na carreira.

BALA NA CESTA: A última vez que a gente conversou foi na arquibancada do Tijuca, depois de vocês terem perdido para o Flamengo na abertura do NBB4 mesmo tendo jogado muito bem. Queria entender o seu movimento de carreira quando você sai do Paulistano e vem para o Minas.
BETINHO DUARTE: Cara, isso aí foi uma coisa meio estranho. Tudo o que aconteceu foi meio estranho. Quando acabou o campeonato, eles renovaram com a maioria dos atletas e deixaram o Felipe Ribeiro (hoje no Ceará) e eu por último. Mantive contato com o Felipe, e ele sempre me dizia que também não havia renovado. Chegou em um momento que precisava tomar uma decisão. Não tinha empresário, nada, e decidi dar uma guinada na carreira. Acertei com um (Vinicius), ele começou a ver, tive algumas propostas e decidi acertar com o Minas. Não foi a melhor proposta, financeiramente falando, mas por ter o Renato aqui, o Mark (armador), o Raul, com quem meu pai jogou, senti que ficaria em casa também. E tem algo importante: aqui tenho a responsabilidade de decidir os jogos.

BNC: Você ficou magoado?
BD: Cara, um pouco. Faz parte também. É opção deles. Até hoje não sei direito o que aconteceu. Depois de ter acertado com o Minas me ligaram, mas já estava acertado. Mas, sei lá, viu (ele coça a cabeça). Nunca me falaram o que queriam comigo, se queriam me dispensar, nada. Foi bem estranho. Pode ser que eles tenham optado por segurar um pouco para tentar algum patrocínio, alguma coisa, mas tenho muita coisa a agradecer ao clube também. Eles é que me projetaram para o status que estou hoje no basquete. Tenho muito mais agradecimento do que mágoa, principalmente com o técnico Gustavo de Conti, que me ajudou demais a evoluir.

BNC: E como está sendo esse seu começo aqui no Minas?
BD: Aqui eles me passam muita confiança, e eles esperam que eu decida os jogos. Às vezes eles me puxam para eu realmente tomar as ações de ataque, é bem bacana. É importante demais que eu esteja pronto para isso. Estou me sentindo muito bem mesmo. O Raul me passa muita confiança, a estrutura de treinos, você viu, é indiscutível e estou me sentindo muito bem. Ainda temos muito a evoluir, a marcação vai ficar mais pesada, daqui pra frente vai ser cada vez mais complicado, mas estou preparado para o desafio.

BNC: E até onde esse time do Minas pode chegar, você faz alguma ideia?
BD: Cara, eu acho que ainda não sabemos onde podemos chegar. Em nosso time cada um veio de um lugar. Tirando o Renato e eu, que já havíamos jogado juntos, ninguém se conhecia, ninguém sequer tinha treinado junto. É difícil fazer qualquer projeção assim. Sabemos que do primeiro jogo pra cá já evoluímos muito defensiva e ofensivamente. Podemos produzir mais na marcação, principalmente na defesa por zona, mas acertando esses detalhes somos um time que podemos ganhar de qualquer um aí. Estamos confiantes que podemos chegar longe, mas vamos com calma também.

BNC: E você, o que está pensando pra sua carreira?
BD: Europa é uma ideia que estou amadurecendo há algum tempo. Tive proposta da Espanha esse ano, mas não era coisa boa porque não tenho o passaporte europeu ainda. Fica difícil ir pra lá assim. Estou querendo pensar nessa temporada primeiro. Quero fazer um grande NBB para ser, digamos assim, taxado como um dos atletas de elite do país. Ainda não tenho esse status, estou um pouco longe disso, mas trabalhando firme, com a estrutura que o Minas me dá, eu posso chegar lá.

BNC: Você está bem mais forte fisicamente, ou é impressão minha?
BD: Quando subi para o profissional de Limeira, há menos de quatro anos, tinha 75kg. Hoje, depois de muita musculação, estou para 94kg. Ano passado, 90kg. Percentual de gordura baixo, isso é muito importante.  Sempre precisei disso, e agora estou me desenvolvendo nesse sentido. É importante para o jogo físico, principalmente o internacional.

BNC: Você teve muitos contatos com seleção brasileira, principalmente na base. Vejo que sua meta é se tornar um jogador diferenciado no país, mas isso acaba te levando à seleção, não?
BD: Sim, é exatamente isso. Passa por aí mesmo. Eu tenho um grande sonho de jogar Olimpíada, e sendo aqui no Brasil a próxima então, melhor ainda. Tenho essa meta na minha cabeça de representar o país, sim. Preciso melhorar muito é na minha defesa, que já melhorou um pouco, e na constância durante os jogos. Quando eu começo o jogo bem, depois eu caio. Quando vou mal, me abato muito. É algo que preciso melhorar, preciso estar mais consciente. Quando as coisas começam a sair errado, tendo a sair um pouco do jogo.

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