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Bala na Cesta

Para o Chicago, o maior reforço não está nos EUA, mas sim na Espanha - é Nikola Mirotić

Fábio Balassiano

03/11/2012 17h45

Recebo constantemente mensagens dos torcedores do Chicago (aqui, no twitter ou no e-mail mesmo) falando da preocupação com a temporada da franquia, embora, é bom dizer, os Bulls abriram o campeonato com duas boas vitórias (a segunda veio ontem, em Cleveland, com muita facilidade).

Alguns chegam ao ponto de dizer que a saída seria trocar Carlos Boozer e Luol Deng por carne mais fresca. Outros vão além e afirmam que, com a volta ainda sem data confirmada de Derrick Rose, o ideal seria "esquecer" do certame de 2012-2013 para, assim, conseguir uma boa posição no Draft-2013 antes de brigar por um título que não vem há 14 anos.

De verdade, não sei se é bem por aí. Tanto Boozer quanto Deng já provaram ser bons coadjuvantes e, se não são estrelas de primeira grandeza, compõem muito bem o elenco de Tom Thibodeau. Sobre "esquecer" a temporada, eu sinceramente não acho que é o caminho. O time é jovem, conta com ótimas peças e já provou que consegue brigar de igual para igual contra Boston e Miami. Se tiver Rose em ponto de bala, as chances de vitória aumentam muito.

O ponto que acho que o torcedor do Chicago deve olhar com carinho é outro e tem nome, sobrenome e potencial de sobra. É Nikola Mirotić, jogador montenegrino naturalizado espanhol que brilha terrivelmente neste começo de temporada pelo Real Madrid. Escolhido pelo Houston e depois repassado para os Bulls no Draft de 2011, ele tem 21 anos, 2,09m e no atual campeonato espanhol tem dobrado as suas médias em relação à temporada passada (saltou de 8,9 pontos, 4,4 rebotes e 11 de eficiência para excelentes 16,4 pontos, 6,8 rebotes e 21,4 de eficiência. Por causa dessas estatísticas, o cara foi eleito o melhor atleta do mês na Liga ACB Espanhola. Na Euroliga, após quatro jogos ele tem 12,5 pontos, cinco rebotes e 12,8 de eficiência).

Mirotić foi eleito o MVP do Europeu Sub-20 realizado ano passado em Bilbao, quando teve 27 pontos e dez rebotes de média e desde então tem evoluído muito. Virou peça fundamental em um Real Madrid que conta com Rudy Fernandez como astro principal e sua capacidade de destruir as partidas tanto dentro quanto fora do garrafão (48% nos tiros longos) tem sido comparada à Toni Kukoc, outro europeu que depois acabaria jogando no Chicago Bulls (naquele timaço tricampeão com Phil Jackson e Michael Jordan pela segunda vez).

Embora ainda não seja possível prever o que será de seu futuro profissional na NBA, já dá pra imaginar que o ala-pivô será um contraponto perfeito a Boozer (ao invés da força bruta do norte-americano, a técnica, a finesse e a leveza de movimentos do espanhol naturalizado, que precisa, para passar de vez pelo crivo de Thibodeau, melhorar um pouco a sua defesa). Ao Chicago Bulls recomenda-se calma, sorte na recuperação de sua maior estrela (Derrick Rose só volta em 2013) e um olhar carinhoso para Mirotić na capital espanhola.

Caso tenha isso tudo terá um time ainda mais perigoso nos próximos anos.

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