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Bala na Cesta

Presidente da Liga de Basquete Feminino desconhece, mas aprova rifa de Catanduva

Fábio Balassiano

25/10/2012 11h45

"Não tenho conhecimento disso, mas acho salutar que busquem ajuda e se reestruturem para disputar a LBF. (…) A Liga não tem nenhum plano de ajudar as equipes em dificuldade. Senão teríamos que ajudar a todos os afiliados que apresentassem algum problema financeiro. A Liga de Basquete Feminino funciona como fornecedora de estrutura para os clubes, organiza a LBF e dá condições para que os clubes tenham alguma facilidade", afirmou Cattaruzzi. "O momento do basquete feminino em termos de formação de equipe é muito bom. Há a entrada do Sport e ainda teremos Maranhão, Ourinhos, Americana e São José reforçados, com times muito fortes".

A declaração acima é de Márcio Cattaruzzi, presidente da Liga de Basquete Feminino, em entrevista ao ótimo repórter Daniel Neves, aqui do UOL (aqui a matéria completa). Na boa, eu não sei mais o que falar em relação ao basquete feminino (cansa muito, sinceramente).

Em primeiro lugar, Márcio afirma desconhecer a situação lamentável de Catanduva, que promover a venda de rifas para saldar dívidas com atletas e comissão técnica (leia mais aqui). Peca, portanto, pela falta de informação, mas isso não é o pior, não. A parte que mais choca é a que ele fala sobre a situação dos clubes.

É absolutamente lamentável que o gestor máximo da Liga profira a seguinte frase: "A Liga não tem nenhum plano de ajudar as equipes em dificuldade. Senão teríamos que ajudar a todos os afiliados que apresentassem algum problema financeiro". Ora bolas, as agremiações não estão pedindo dinheiro porque querem, mas sim porque o basquete feminino, hoje, é uma modalidade que não dá retorno e cujas administrações são amadoras. Qual seria a função da liga? Não meter a mão no bolso (situação mais fácil e provavelmente a única que Márcio pensou), mas sim promover mecanismos para os clubes conseguirem sair da situação falimentar em que se encontram – palestras, cursos, consultoria de marketing (das boas, e não das que LBF e CBB têm usado…), criação de lojas virtuais para gerar novo fluxo de receita etc.

O que faz, ao contrário do que manda o bom figurino? Nada, absolutamente nada. Márcio Cattaruzzi simplesmente fecha os olhos, e as portas, para cidades tradicionais como Catanduva, Araçatuba, Joinville e até mesmo o Rio de Janeiro, que perdeu o time da Mangueira e do Botafogo nos nacionais femininos. Seria apenas triste se o panorama do basquete das meninas não fosse agônico, pavoroso.

Ao invés de fazer de tudo para manter polos que ainda teimam em investir no basquete feminino adulto vivos, acesos, Márcio, a LBF e a própria Confederação  se calam (sem surpresa, claro). O resultado disso? Cada vez menos meninas praticando o esporte, times com mão-de-obra de qualidade ruim e, consequência óbvia, seleção brasileira com nível técnico tenebroso.

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