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Bala na Cesta

Na contagem regressiva para a NBA, leitor relembra temporada do Boston Celtics de 1987

Fábio Balassiano

19/10/2012 15h40

Falei aqui recentemente sobre a temporada de 1987 na Contagem Regressiva, quando o companheiro Fábio Sormani pediu um vídeo maneiríssimo do Boston Celtics. Pois desta vez Guilherme Vasco decidiu ir fundo naquele campeonato! Conta aí, Guilherme!

 

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A temporada de 87: Larry Bird, o ladrão
Por Guilherme Vasco

O ano de 1987 começou conturbado para o Boston Celtics. A principal aposta dos verdes no Draft daquele ano, Len Bias, havia morrido por uma overdose de cocaína dois dias depois de ter sido escolhido pelos C's. Bias era considerado o sucessor de Bird e McHale como o grande próximo atleta a vestir verde e branco, numa promessa que infelizmente nunca se concretizou.
Apesar de tal nota triste, a temporada 86-87 (que teve um tal de Jordan ganhando o torneio de enterradas, numa das poucas conquistas de uma carreira apagada) foi considerada a era de ouro da NBA – 20 jogadores se tornariam membros do Hall da Fama atuaram ao mesmo tempo.

Mas o Celtics era o Celtics. E ainda tinha Kevin McHale, Dennis Johnson e o extraterrestre Larry Bird. Os três jogadores, com a ajuda de Danny Ainge, Robert Parrish e Bill Walton, levaram a equipe a melhor campanha da conferência Leste com 59 vitórias e 23 derrotas. Depois de surrar o Bulls de Jordan e passar pelo Bucks por 4-3, o grande duelo contra o Detroit Pistons.

O Pistons contava com Bill Laimbeer, que por mais odiado que fosse fora de Detroit, ainda era um jogador competente, além de Rodman, que já despontava como genial reboteiro, e com o próprio Thomas, que tinha médias de 24.1 pontos e 8.7 assistências nos playoffs daquela temporada. Além disso, o Pistons também tinha um time mais balanceado que o Celtics, com 9 jogadores atuando por mais de 15 minutos por partida.

A série começou como a anterior, e os Celtas aproveitaram a vantagem de casa para abrir um importante 2-0 logo de cara. Detroit devolveu os 2-0, vencendo os dois jogos seguintes, sendo o quarto jogo um acachapante 145 a 119. Para além do basquete, uma hostilidade começava a crescer na série, Laimbeer era famoso por usar bem a caixa de ferramentas e havia cometido uma falta flagrante em Larry Bird no jogo 3. Era então o momento do jogo 5. Robert Parish aproveitou a chance e no segundo quarto em um rebote do lado do Pistons em Boston Garden tascou um soco em Laimbeer, lavando a alma de muitos outros jogadores da liga. Mas o jogo prometia ser ainda mais dramático.

Com dez segundos de jogo faltando, Detroit vencia por 107 a 106 e parecia que tudo se encaminhava para que o Pistons levasse a vantagem para definir em casa. Bird tinha a bola e partiu para a bandeja, mas foi bloqueado. Na confusão para recuperar a bola, ela saiu pela lateral e o árbitro assinalou lateral para o Pistons. Faltavam cinco segundos. Os bad-boys de Detroit já comemoravam a vitória fora de casa, que os faria jogar a decisão em Detroit. Isiah Thomas foi repor a bola para Laimbeer quando, vindo de lugar nenhum, Larry Bird roubou a bola. Quase fora da quadra e sem tempo para pensar em uma jogada, Bird passou a bola para Dennis Johnson dentro do garrafão dos Pistons. Johnson fez a bandeja e salvou a franquia de Massachussets (e levou o narrador Johnny Most à uma loucura momentânea).

Boston perderia o jogo 6 em Pontiac e voltaria ao Boston Garden para vencer a sétima partida por 117 a 114 e se classificar para as finais, quando o esgotamento físico e o elenco reduzido do Celtics finalmente cobraram seu preço – os Lakers fizeram 4 a 2 e ficaram com o troféu Larry O'Brien. Para o Celtics, a temporada de 86-87 foi a última antes de um longo jejum e um forte período de vagas magras. Com a morte de Les Bias por overdose e a idade avançada dos principais jogadores da equipe, a franquia de Massachussets só iria alcançar o sucesso novamente com o título conquistado com o Big Three em 2008.

Mas tudo o que veio depois da grande roubada de Bird foi história. Aquele momento, quando o camisa 33 antecipou-se a Bill Laimbeer e salvou uma vitória quando ninguém mais acreditava é o que será eterno. No fim daquela temporada, Bird foi perguntado por um repórter se ainda conseguiria jogar por 42 a 45 minutos toda noite, Bird respondeu "Quando era criança, eu costumava jogar por duas horas. Isso é o que eu faço por diversão". A entrega, o sacrifício, a resistência que aquele ano representou para o Celtics ficou marcado na história. Era bom ver Bird se divertindo.

Roubo de Larry Bird no jogo 5 contra o Pistons



Soco de Parish em Laimbeer

Jogo 6 Boston-Detroit, 35 pontos de Bird

O jogo 5  da final de conferência completo

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