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Bala na Cesta

Que os erros na preparação da Sub-17 sejam aprendidos para o Mundial Sub-19 de 2013

Fábio Balassiano

27/08/2012 15h11

Como você já sabe, terminou no sábado para a seleção brasileira feminina o Mundial Sub-17 da Holanda. E terminou mal, muito mal, com a péssima penúltima colocação (os EUA ganharam o ouro ao vencer a Espanha por 75-62, e o Canadá ficou com o bronze ao bater o Japão por 84-77).

As meninas brasileiras devem chorar as mágoas, Janeth deve repensar muita coisa em sua carreira, mas a Confederação Brasileira precisa começar a planejar o Mundial Sub-19 da Lituânia do próximo ano desde já. E correndo, para que os erros de preparação de 2012 não se repitam.

Em primeiro lugar, não há a menor condição de um time de basquete (esporte coletivo, entrosamento, unidade) se reunir, depois de um ano jogando em clube, 30 dias antes da competição. Com ou sem grana da Eletrobras é um absurdo. A Confederação Brasileira é uma entidade com orçamento de mais de R$ 20 milhões/ano, e deveria planejar e organizar suas equipes nacionais (a única coisa que ainda lhe resta, já que a LNB é independente e a LBF, teoricamente também).

Apenas para reflexão de como períodos longos de treinamento e organização fazem a diferença. Em 2011, o Brasil venceu o Canadá por incríveis 56-35 na Copa América Sub-17 do México (aqui os números). Um ano depois, as canadenses, que treinaram por dois meses, terminaram com o bronze no Mundial da Holanda. O Brasil, que não teve 30 dias de treinamento, em penúltimo. O panorama também se repetiu na categoria adulta, aliás. No Pré-Olímpico da Colômbia em 2011, vitória por 56-39. Na Olimpíada, 12 meses depois, derrota por 79-73 (ou seja, evolução de 23 pontos para as rivais). A propósito, na Copa América Sub-18 que terminou há uma semana em Porto Rico, a seleção de Julio Patrício fez 56-46, venceu as canadenses e terminou com o vice-campeonato (números aqui). Serve de parâmetro para o Mundial de 2013, não?

Em segundo lugar, o mesmo cenário de ter uma jogadora como a grande destaque do time parece se repetir. Isabela Ramona e Izabella Sangalli tiveram participações brilhantes nas competições que levaram o Brasil aos Mundiais. Ramona (foto à direita) terminou com 14 pontos e mais de cinco rebotes por partida. Seu volume de arremessos e percentual de acerto, porém, inspiram cuidados. Ela terminou a competição em Porto Rico com 36% de aproveitamento nos chutes, quase quatro erros por partida e certamente será marcadíssima em 2013. Só lembrando: ela já jogou muito bem no Mundial Sub-19 de 2011 e foi ótima em 2012 na Copa América Sub-18. Ou seja: é O destaque da seleção, e todo mundo sabe disso e os adversários tomarão suas devidas atitudes. Que Julio Patricio ou o técnico que Hortência decidir colocar lá esteja ciente disso.

Como se vê, as meninas que estiveram na Holanda não têm culpa alguma pelo resultado obtido. O demérito deve ser dividido igualmente entre Hortência, Carlos Nunes e Janeth Arcain, a técnica, que por seu currículo e "moral" poderia ter batido mais o pé por um período de treinos decente e mais longo. Eu torço para que a lição do mico do Mundial Sub-17 tenha sido aprendida. Ir para a Lituânia no ano que vem com o mesmo tempo de preparação é certeza de outro vexame histórico. A geração é boa, pode ter até quatro nomes do time que foi bronze no Mundial Sub-19 do Chile em 2011 (Ramona, Vanessa, Thamara e até Izabella Sangalli) e precisa estar muitíssimo bem preparado para o grande desafio.

Será que a entidade máxima tomará alguma providência para que a vergonha não se repita? Espero que sim!

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