As notícias boas da seleção Sub-17 que terminou hoje o Mundial da Holanda em penúltimo lugar
Terminou de forma triste, porém não surpreendente, o Mundial Sub-17 da Holanda para a seleção brasileira feminina. As meninas venceram apenas dois jogos (ambos contra a Turquia), terminaram em penúltimo lugar e certamente estão voltando tristes pra casa. É evidente que a vergonha é grande (menos para a turma da CBB, que enalteceu atuações pífias em seu site, evidentemente), mas há notícias boas do time de Janeth Arcain, sim.
Kawanni é uma ala de 1,84m que tem estilo parecido com o de Joice e Isabela Ramona, atletas que se destacaram no Mundial Sub-19 do Chile do ano passado por causa do potencial físico e da boa defesa. É alta, forte e NÃO pode jogar na posição quatro – que seja, portanto, treinada em seu time, o Osasco, na 3, a ala. Kananda, a caçula do grupo (16 anos), já atuou até na LBF por Ourinhos, tem 1,78m e pode aprender. Outra jovem valiosa é Monique Teresa (de Americana), que completou 16 anos durante o Mundial (21 de agosto) e não sentiu tanto a pressão. Terminou com sete pontos e 9,9 rebotes de média, além do bom aproveitamento de 46,2% nos arremessos
Mas o nome que mais chama a atenção é o de Izabella Sangalli (foto à esquerda). Falei sobre ela aqui ano passado depois da Copa América, e fui duro demais com uma menina de 16 anos. O desempenho dela evidentemente não foi bom (apesar dos 11,4 pontos e 5,1 rebotes, foram apenas 23% de conversão nos arremessos e 4,4 erros por partida), mas deve ser relativizado.
Melhor jogadora da Copa América em 2011, ela começou o Mundial deste ano com tudo (23 pontos e cinco rebotes contra o Japão), e se já era o nome a ser marcado no Brasil, passou a ser ainda mais. Aí entra a comissão técnica da seleção. Sabia-se que Izabella seria vigiada, marcadíssima, e nenhuma alternância de movimentos foi feita. Ela continou por muito tempo em quadra e com a mesmíssima responsabilidade de decidir. Muita coisa, não? Deu no que deu. Izabella é talentosíssima, se cobra horrores (o que é bom!) e já tem treinado com o time adulto de Americana. Se for bem trabalhada, certamente renderá frutos. Tem mais de 1,80m e pode, sim, ser uma das boas alas a serem observadas neste próximo ciclo olímpico.
Outra menina que deve ser lembrada é a armadora Carla Lucchini (foto à direita). Atuando em uma posição carente no basquete brasileiro atual (Hortência quer naturalizar uma gringa para conduzir o jogo da seleção adulta, lembram?), ela terminou com 10,1 pontos (foi a única, além de Izabella, a somar mais de dez pontos, diga-se) e 5,1 rebotes.
Atuando em Jundiaí, terá tempo de quadra nas divisões de base (talvez até na categoria juvenil), mas já precisa pensar no próximo passo. Como seu clube não atua na LBF e não tem equipe adulta, temo que seu desenvolvimento seja desacelerado por isso. É bom a CBB e a própria atleta monitorarem isso com carinho. Carla é talentosíssima, não tem medo de enfrentar adversárias mais altas e fortes e pode também ser olhada para integrar a equipe nacional adulta mais pra frente.
Acharei lamentável e uma pena caso a Confederação Brasileira não invista mais nestas meninas. Há ótimos valores por ali, meninas altas, fortes, talentosas e a seleção adulta e os campeonatos internos precisam muito de caras novas. Izabella e Carla são os dois maiores exemplos, expoentes, de uma geração que terminou muitíssimo mal o Mundial Sub-17 que participou, isso é fato. O outro é que no meio de resultados tão ruins ainda é possível extrair coisas boas.
Que a CBB não durma mais uma vez no ponto.
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