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Bala na Cesta

Sobre a aposentadoria de Marcelinho Machado da seleção brasileira masculina

Fábio Balassiano

23/08/2012 11h46

"Tenho uma história na seleção brasileira, são 15 anos, uma vida, olho para tudo o que passei com a camisa do Brasil e me sinto orgulhoso. Sempre me doei ao máximo, me entreguei ao máximo para defender o meu país, nunca recusei uma convocação, vivi muitos momentos bons, passei por uma fase ruim do nosso basquete e fico feliz de estar me despedindo da seleção vendo o nosso basquete forte novamente. Meu ciclo com a Seleção Brasileira acabou, há outros jogadores vindo, que vão representar bem o Brasil e ocupar o meu lugar, e fico feliz que tenham sido 15 anos de muitas alegrias e boas lembranças"

A declaração, divulgada ontem por sua assessoria de imprensa, é de Marcelinho Machado, ala que defendeu a seleção brasileira por 15 anos. Ele anunciou a aposentadoria da equipe nacional, pela qual conquistou três Pan-Americanos e passa a se dedicar exclusivamente ao seu clube, o Flamengo.

Muita gente me pediu, na caixinha de comentários de ontem, para falar sobre a aposentadoria de Marcelinho. Teria todos os motivos do mundo para criticá-lo, e vocês sabem bem que o estilo de jogo dele nunca me agradou (havia dito aqui que nem o convocaria para a Olimpíada de Londres e não retiro), mas não vejo motivo e nem seria bacana, sinceramente. O cara representou a seleção por mais de uma década, jamais falou um 'ai' para qualquer coisa e fez o seu melhor.

Se o seu (dele) melhor não era o que todos esperavam (e eu me incluo aí), é bom ampliarmos o olhar e vermos quais foram seus técnicos, quais as orientações que passaram para ele ("chuta, chuta" provavelmente, não?) e por que motivo o jogo que ele "emprestou" ao time nacional não condizia mais com o basquete que se joga atualmente.

Marcelinho é um cara com uma baita técnica de arremesso, mas cujas instruções que recebeu em grande parte de sua carreira (por quase todos os técnicos que o dirigiram) acabaram por limitar, definhar, todo o seu arsenal ofensivo. Se há um pouco de falta de visão do próprio atleta (isso é muito óbvio), não convém fechar os olhos para quem também contribuiu para que o ala que agora se despede da seleção fosse um dos mais criticados atletas de sua geração justamente por personificar quase tudo o que a grande maioria dos torcedores e jornalistas não queríamos ver em termos táticos, técnicos e de filosofia de jogo na seleção.

Só pra lembrar: em torneios de base, Marcelinho e sua geração GANHAVAM da Argentina de Manu Ginóbili até os 16, 17 anos. Os brasileiros pararam no tempo. Os argentinos foram campeões olímpicos na base do treinamento apropriado, da "indignação produtiva" de seus jogadores e da capacidade de seus técnicos, que conseguiram entender o panorama tático mundial para extrair o melhor de seus atletas.

Darwin explica isso tudo, certo?

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