Que dia: hoje faz 25 anos da conquista do Pan-Americano de Indianápolis!
Hoje é um dia especial. Anote aí: 23 de agosto. É uma data que o basquete brasileiro jamais deixará passar em branco. Foi há exatos 25 anos que a seleção brasileira comandada pelo genial Ary Vidal e liderada, em quadra, por Oscar Schmidt e Marcel de Souza bateu os Estados Unidos no Pan-Americano de Indianápolis de 1987 por 120-115, impondo a primeira derrota dos norte-americanos em casa.
Não há muito o que se possa falar sobre aquela partida (tudo já foi dito, creio), mas há uma coisa que, lendo aqui na caixinha de comentários e em alguns cantos, me irrita profundamente. A ideia, equivocada ao meu ver, de que esta vitória (épica, é sempre bom dizer e lembrar), acabou por gerar uma herança maldita às futuras equipes do basquete brasileiro.
Em primeiro lugar, porque o estilo adotado por Ary Vidal para aquele time (e isso está dito com todas as letras na biografia de Ary – "Basquetebol para Vencedores") fazia sentido por alguns motivos: 1) a linha de três pontos fora criada há menos de cinco anos e ainda era um "terreno" novo e pronto para er melhor explorado; 2) havia duas armas fortíssimas naquele elenco que poderiam desequilibrar nos tiros longos (Oscar e Marcel); e 3) o basquete daquela época era ofensivo ao extremo (ao contrário do que é hoje).
Por fim, o principal: não é porque se jogava certo em uma década que o estilo precisava ser "copiado" por gerações e gerações futuras (gerações com jogadores absolutamente diferentes de Oscar e Marcel, ora bolas!). É um erro imenso isso. O jogo muda, o jogo sempre muda, os treinadores e jogadores das demais épocas não perceberam isso e o público culpa a geração de Oscar e Marcel por causa (céus!) de resultados ruins de torneios e partidas que eles nem participaram. Desculpem-me, mas isso é de um reducionismo atroz.
Não há, ao meu ver, relação alguma entre as coisas, principalmente porque não se constrói um time com seres diferentes usando as mesmas táticas. Você não pode ter Derrick Rose ou Russell Westbrook e querer que sua equipe atue da mesma maneira que outra com Jason Kidd ou Rajon Rondo na armação. Ora bolas, não se culpa a geração de 1970 no futebol pela perda da Copa do Mundo de 1982. E se não se deve culpar Gérson, Pelé e Rivelino pelo revés de Zico, Falcão e Cerezo, é de uma sandice (ao meu ver) recriminar Oscar, Marcel e aquele grupo por anos de derrotas das futuras gerações, que, insisto, se prepararam mal, viram o mundo se organizar com suas Confederações e Ligas e não perceberam que o basquete mudou sensivelmente.
Abaixo deixo pra vocês um belíssimo texto de Marcel de Souza na voz do Juca Kfouri e uma lembrança do Oscar em entrevista. Parabéns a atletas, comissão técnica e demais integrantes daquela imensa conquista! Hoje é 23 de agosto, o dia que o basquete brasileiro jamais esquecerá.
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