Raio-X do Basquete Feminino: o começo da série com a principal responsável pela queda - a CBB
Conforme prometido durante o mico olímpico que foi a participação da seleção brasileira feminina, começa hoje aqui no blog uma série de posts para tentar dissecar a quantas anda o lado feminino do basquete deste país.
Dividi a série em oito capítulos, que serão divulgados de hoje até a próxima segunda-feira (27/8):
a) CBB (hoje)
b) Hortência (21/08/2012)
c) LBF (22/08/2012)
d) Clubes (23/08/2012)
e) Técnicos (24/08/2012)
f) Jogadoras (25/08/2012)
g) Iziane (26/08/2012)
h) Minha proposta de mudança (27/08/2012)
Então vamos começar. E pra começar, é óbvio que tenho que falar do mal maior, da principal responsável por esta derrocada do basquete feminino brasileiro. É a Confederação Brasileira de Basketball, que desde os tempos de Grego absurdamente abandona, esquece as meninas deste país. E aí não há milagre. Vejamos os resultados internacionais em torneios classe A de 2007 pra cá:
COMPETIÇÃO | COLOCAÇÃO |
Mundial Adulto de 2010 | Nono lugar |
Olimpíadas de 2012 | Nono lugar |
Olimpíadas de 2008 | Décimo-primeiro lugar |
Mundial Sub-21 de 2007 | Oitavo lugar |
Mundial Sub-19 de 2011 | Terceiro lugar |
Mundial Sub-19 de 2009 | Nono lugar |
Mundial Sub-19 de 2007 | Décimo lugar |
Mundial Sub-17 de 2012 | Ainda disputando (ficará de nono pra baixo) |
Mundial Sub-17 de 2010 | Não participou |
–
Ou seja: com exceção do terceiro lugar conquistado pelo time de Damiris e Tássia no Mundial de 2011, o "patamar" que está reservado ao basquete feminino brasileiro hoje é o do nono, oitavo, décimo lugar. Muito triste para quem viu, no final do século passado, times brigando pelas primeiríssimas colocações das principais colocações. Mas, insisto, não surpreende.
Se Grego foi o grande responsável pelo começo do sucateamento das divisões de base das meninas, Carlos Nunes tem sido o grande responsável por terminar o "grande" trabalho de seu antigo companheiro de gestão. Nunes não tinha plano algum para o basquete feminino (não sei se tem para o basquete como um todo, para ser sincero), trouxe Hortência para uma função que está provada não ser a mais recomendada (ela é esforçada, mas não consegue montar um planejamento de longo prazo com coragem para "bancar" resultados ruins que possam vir no começo) e sequer se pronuncia para dizer quais medidas serão adotadas para que o caos, instalado há mais de cinco anos, mude.
Falar em gestão, em planejamento, em desenvolvimento técnico no basquete feminino atualmente beira o devaneio, e o resultado prático disso tudo é que, em sã consciência, nenhuma menina que começa em um esporte de quadra prefira o basquete ao vôlei na atualidade. É bem básico: as gigantinhas que surgem olham para um clube de vôlei e outro de basquete, para um campeonato nacional de vôlei e outro de basquete, para uma Olimpíada de vôlei e outra de basquete. Responda rápido: o que vocês acham que elas escolhem? Pois é.
E se da quantidade se obtém a qualidade, é bom o basquete tentar começar a mudar o rumo das coisas. As escolinhas de basquete feminino andam vazias, os clubes estão falindo ano após ano e as jogadoras que ainda insistem em tentar a sorte na modalidade chegam na categoria adulta em péssimo estado físico, com fundamentos terrivelmente treinados e sem perspectiva de carreira alguma.
E o que a CBB faz para mudar isso? Nada, absolutamente nada. A entidade acredita bizarramente que as seleções permanentes são a última novidade para transformar o basquete do país, quando, sabemos, ela é muito mais um paliativo do que qualquer coisa. Ou começa a se pensar na modalidade desde a formação (que tal tentar explorar as escolas?), dando força, luz, caminhos, métodos e meios e federações e clubes, ou o basquete feminino continuará neste pálido estado em que encontra.
Sem a famosa reserva técnica de gênios que surgiram no século passado (Janeth, Hortência e Paula), um trabalho sério, consistente e com metas estabelecidas é o mínimo que se esperava para reerguer a modalidade por aqui. Mas não é este o panorama que se apresenta. Sem ligar muito, a CBB deixa o barco das meninas à deriva, solto no mar e pronto para uma derrocada que pode culminar com resultados e micos ainda maiores.
Fica a pergunta: se os resultados dos últimos cinco anos têm sido bizarros, por que diabos a Confederação Brasileira insiste em usar os MESMOS métodos?
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