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Bala na Cesta

Depois de dois anos, já é possível afirmar: Magnano transformou o Brasil em um time

Fábio Balassiano

17/07/2012 11h40

No dia 16 de janeiro de 2010, o argentino Rubén Magnano foi confirmado como técnico da seleção brasileira (ponto pra CBB!). Foi um choque, claro. Não era "só" um gringo, como fora Moncho Monsalve, espanhol que o antecedeu. Era, pô, um, ai, argentino, um cara que ajudou a montar uma das melhores seleções deste século para, ai, o maior rival de um país que ficaria de fora das Olimpíadas por 16 anos. No começo foi uma grita só. Era muita novidade, né.

Dirigentes, técnicos, ex-técnicos e pachecos reclamaram. 'Como pode um argentino?' ou 'O que ele vai nos ensinar?', questionavam. Bem, este post não trará números, porque nem é necessário, mas quem tem acompanhado um pouco da seleção masculina nos últimos dois anos tem visto o que, ai, Magnano tem a nos ensinar. É o mesmo núcleo, a mesma galera que Lula não conseguiu levar às Olimpíadas. A mesma galera que Monsalve não conseguiu levar às Olimpíadas. A mesma galera que passou anos e anos fazendo vergonha, passando vexame em Mundial, em qualquer tipo de competição internacional de nível A que participava.

Faltava técnico, era o óbvio. O Brasil usava um sistema de jogo arcaico, defensivamente era uma piada e faltava comando. De novo: não usarei estatísticas aqui, embora talvez seja importante dizer que nem os EUA de Kobe Bryant, LeBron James e Kevin Durant conseguiu marcar mais de 80 pontos em uma seleção nacional que, sim, marca pra cacete! É um time que defende horrores, que usa o cerébro de Huertas pra tudo (o que é ótimo) e que tem um sistema de jogo claro e seguido nos 40 minutos.

Magnano, como disse bem Sergio Hernandez, pegou a seleção brasileira no seu auge físico e técnico. Resultados precisarão vir, e isso também é importante dizer, porque senão é capaz de a grita toda lá de cima voltar ("Viram só? Quando chegou a competição pra valer ele não ganhou nada"). É um fato. Mas não reconhecer o que este cara tem feito com a equipe, transformando o que há três, cinco anos, era um bando de atletas jogando pra si e por si, em um verdadeiro time de basquete, um time de basquete que dá gosto de ver, é um engano.

Rubén Magnano é chato, chato pacas, está sempre com cara fechada, tem um jeito muito dele de se trabalhar, mas entende muito desse negócio chamado basquete. Insisto sempre no que venho dizendo: não sei se vem medalha, é impossível saber, mas o Brasil está no caminho certo, jogando o verdadeiro grande jogo. E deve isso ao seu técnico.

É bom que a galera que perguntou há dois anos o que ele vinha nos ensinar reveja seus conceitos de basquete. As lições estão aí – e são bem claras.

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